AS TRÊS PERGUNTAS DOS BEDUÍNOS

Resultado de imagem para rapaz rezandoUma caravana européia arrasta-se extenuada pelo areal intérmino do deserto do Saara. Seus componentes a custo conseguem manter-se em pé. Eis que, de repente surge como saído da terra, de trás dum cômoro, um bando de beduínos salteadores, e se atravessa no caminho da caravana. Seu chefe grita estas três perguntas: “Quem sois? Donde vindes? Para onde vos dirigis?”

Eu não saberia dirigir-te perguntas mais sérias, ao iniciares a jornada pelo grande deserto da vida. Quem és? Donde vens? Para onde vais? Perguntas decisivas! Caro jovem, medita seriamente sobre elas. Da resposta que deres depende tua felicidade terrena, e a sorte eterna de tua vida de além-túmulo.

Eia, pois: “Quem és?”

“Quem sou? — N. N., aluno do ginásio tal, em …” Oh!, não! Não é isso que eu quero saber. Quem és, como rebento da árvore milenar da humanidade? Quem és, como existência humana em evolução, posta na vida presente por alguns anos?

Donde venho?” Onde estive eu há cem anos? Esta casa, esta sala em que leio este livro, talvez nem existissem ainda? Onde estava eu? “Para onde vou?” Onde estarei daqui a cem anos? Esta sala talvez, quiçá outro aluno lerá um livro, mas já não serei eu. Onde estarei então?

Vês, meu caro, quão sérias são estas perguntas! Não existe outra resposta tranquilizadora, fora da religião. Onde estavas há cem anos? Somente no pensamento de Deus. Onde estarás daqui a cem anos? És digno de estar em face de Deus?

As ciências naturais nos ensinam que a terra foi outrora um globo incandescente. Não podia existir nela ser vivo nenhum. Donde veio o primeiro ser vivente para a terra, quando já se tinha arrefecido? É possível que de seres sem vida possam surgir seres animados? As ciências naturais respondem que é impossível. Teria a primeira célula viva provindo de outro astro para a terra? Isso se chama buscar evasivas, pois como teria ela chegado àquele outro astro?

“Homem, donde vens?” clama imperiosamente a pergunta. E não há outra resposta senão a da religião: “Eu venho de Deus!” Foi Ele quem criou diretamente o primeiro ser vivo sobre a terra.

Mas se foi Ele quem me criou, se Dele venho, devo também, voltar a Ele? A essência da alma indica-me claramente este fim: o bom, o belo, o verdadeiro atrai minha alma, ela o deseja e procura; e em parte alguma encontrará sua plena realização senão em Deus. “Para Vós nos criastes”’, escreve tão maravilhosamente S. Agostinho, “inquieto está nosso coração, até que descanse em Vós”.

Não é apenas um sonho fagueiro, Ou pensar de alma louca surgido;

Dentro em mim eu o sinto e o afirmo: — Para coisa melhor sou nascido!

Não ilude, esse canto sutil, Minha doce esperança gentil!

(SCHILLER)

Tenho uma alma e esta é imortal! Mas tenho uma só alma, e portanto devo, custe o que custar, salvar essa minha única alma. Salvar de que? Do pecado. Para que? Para a vida eterna.

Em recipiente frágil, por ínvias trilhas perigosas, por entre mil tentações e inimigos que me espreitam, conduzo a preciosa jóia, a mim confiada por Deus: minha alma.

Religião e Juventude – Mons – Mons. Tihamer Toth