BOLETIM DO PRIORADO PADRE ANCHIETA (SÃO PAULO/SP) E MENSAGEM DO PRIOR – SETEMBRO/22

A atitude pessoal de São Pio X para com os modernistas. – Fratres In UnumCaríssimos fiéis,

Dom Lefebvre inscreveu voluntariamente o apostolado de nossa Fraternidade no espírito de São Pio X, pois o escolheu como seu santo padroeiro. Portanto, contemplando a vida de São Pio X, entenderemos melhor o que nosso fundador queria para nós.

I. São Pio X como reformador

Seu pontificado foi relativamente curto, de 1903 a 1914, mas foi impulsionado por uma vontade enérgica. As muitas reformas realizadas pelo Papa são testemunho disso: reforma da música sacra, reforma da Cúria, reforma do Código de Direito Canônico, reforma do catecismo, introdução da comunhão frequente e das crianças, etc. Em todas estas áreas, São Pio X realizou uma autêntica reforma, ou seja, uma recentralização. Ele mesmo expressou bem este espírito: “Omnia instaure in Christo”. “Restaurar tudo em Cristo”.

 Assim, São Pio X foi um papa reformador, o que não significa um papa inovador, mas um papa restaurador. Por suas iniciativas, ele puxou o tapete dos modernistas, falsos reformadores, que não procuraram recentralizar-se no essencial, mas modificar os fundamentos. Assim, São Pio X estabeleceu os princípios de uma verdadeira renovação. Como restaurador, Dom Lefebvre só tinha que apoiar-se sobre o trabalho do santo Papa. É por isso que ele o escolheu como patrono.

II. São Pio X, reformador através do sacerdócio

Em 4 de agosto de 1908, em sua exortação Haerent animo por ocasião do 50º aniversário de seu sacerdócio, São Pio X fez a seguinte observação: “Quando o espírito da vocação sacerdotal for renovado e aumentado em todos os membros do clero, nossos outros projetos de reforma, sejam eles quais forem, serão, com a ajuda de Deus, muito mais eficazes. De todas as nossas preocupações a principal é esta: que os homens honrados com o sacerdócio sejam absolutamente tais como o compromisso de seu cargo exige. Estamos, de fato, convencidos de que é a partir daí que devemos esperar o bom estado e o progresso da religião”.

Nomeado bispo de Mântua em 1884, sua primeira preocupação foi cuidar do seminário.

Como não sublinhar a semelhança de Dom Lefebvre com a do Papa, que ele escolheu como seu patrono? Dom Lefebvre não queria apenas fundar uma fraternidade, ele queria fundar uma fraternidade sacerdotal. O objetivo deste novo instituto religioso manifesta-se em seu título: formar sacerdotes. Dom Lefebvre estava convencido de que a restauração da Igreja não aconteceria sem a restauração do sacerdócio.

III. São Pio X reformador através de um sacerdócio santo

O papa santo não estava preocupado apenas com a santidade do próprio sacerdócio, mas com a santidade dos sacerdotes. Ele exortou os bispos a formar Cristo naqueles que, em virtude de seu ofício, devem formar Cristo nos outros. Ele declarou: “Na verdade, há apenas uma coisa que une o homem a Deus, apenas uma coisa que o torna agradável a Deus e o torna um ministro não indigno da sua misericórdia: é a santidade de vida e dos costumes. Se esta santidade, que consiste sobretudo no conhecimento supremo de Jesus Cristo, lhe faltar, tudo lhe falta”.

Santidade, portanto, significa estar mais próximo de Cristo. Os sacerdotes desempenham as funções sacerdotais em nome de Cristo, portanto, o sacerdote não pode ser bom ou mau para si mesmo. Ele é o trabalhador a quem Cristo veio louvar por trabalhar na sua vinha.

“Que imenso tesouro é um verdadeiro bom sacerdote onde quer que esteja”, exclamou São Pio X.

Não há santidade sem uma vida interior. Esta vida interior é garantida ao sacerdote pela vida de oração, meditação, leitura espiritual, etc. Todas estas coisas Dom Lefebvre previu nos estatutos da Fraternidade. Além disso, existe outro meio para manter esta vida interior: a vida comum, que nos dá apoio mútuo e a regularidade em nosso dever de estado.

Estas considerações nos fazem perceber como Dom Lefebvre entrou fielmente no espírito do único papa tradicional do século XX que foi canonizado. Entendemos que os estatutos de nossa Fraternidade não são uma compilação arbitrária de elementos dispersos. Para Dom Lefebvre, tratava-se sobretudo de garantir a santidade do sacerdote, fundamento da santidade dos fiéis confiados a seu cuidado. Entremos, portanto, com alegria e generosidade neste plano para preservar a Igreja.

Padre Jean-François Mouroux, Prior

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