CATECISMO ANTICOMUNISTA – PARTE 2

COMUNA REVOLUÇÃO E A CRISTANDADE

33 Qual é para o comunismo o critério supremo da verdade, da moral e do direito?

            O critério supremo da verdade, da moral e do direito é para o comunismo a ação revolucionária.

           Assim como para o católico o fim supremo é a vida eterna, para o comunista o fim supremo da vida é a Revolução. 

34 Que e a Revolução?

            Revolução, com maiúscula, é a rejeição de Deus, de Cristo, da Igreja, e de tudo o que deles provém, é a organização da vida humana somente segundo a razão humana e as paixões humanas. Seu ideal é a Cidade do homem sem Deus, oposta à Cristandade e à ordem natural, que é a Cidade de Deus.

35 Que é a Cristandade?

            Cristandade é a sociedade temporal organizada segundo Deus, isto é, de acordo com o direito natural e a palavra de Deus, revelada por Jesus Cristo, transmitida, interpretada e aplicada à vida pela Igreja Católica. 

36 Quais são os fundamentos da Cristandade?

            Os fundamentos da Cristandade são dois: o direito natural e a Revelação, trazida por Jesus Cristo e transmitida pela Igreja Católica.

 VIRTUDES QUE FUNDAMENTAM A CRISTANDADE E PAIXÕES QUE MOVEM A REVOLUÇÃO

37 Sobre que virtudes se baseia a Cris tandade?

            A Cristandade se baseia principalmente sobre as seguintes virtudes: a fé, a castidade e a humildade. 

38 Que paixões desordenadas são a mola da Revolução?

           O orgulho, que rejeita a fé; a sensualidade que rejeita a castidade; a soberba, que rejeita a humildade, são as molas principais da Revolução. 

39 Quais são as conseqüências destas paixões?

            Do orgulho, que rejeita a fé, nasce a negação da vida eterna como fim da existência terrena, bem como a negação de Deus, e de Cristo como Senhor do homem.

           Da sensualidade, que rejeita a castidade, nas ce o desejo de gozar esta vida de todas as formas, e em conseqüência ela conduz ao desprezo e a dissolução da família.

           E da soberba, que rejeita a humildade, nasce a revolta  contra a autoridade divina e humana, e contra todas as limitações que o homem pode sofrer. De modo especial ela conduz ao igualitarismo, isto é, ao ideal comunista de uma sociedade sem classes. 

40 Que se entende ai por classe social?

           Classe social e um conjunto de pessoas — e suas respectivas famílias — cujas funções na sociedade são diversas, porém iguais em dignidade. Exemplo: advogados,  médicos, engenheiros, fazen deiros, oficiais das Forças Armadas, apesar da diversidade de suas funções, constituem com suas famílias uma mesma classe social. — Todas as classes sociais são dignas, mas não iguais em dignidade. Por exemplo: o trabalho manual é digno e foi até exercido pelo Verbo Encarnado; todavia, a dignidade do trabalho intelectual é intrinsecamente maior: o espírito é mais do que a matéria.

41 A que titulo a família faz parte da classe social?

            De acordo com a lei natural e a doutrina da Igreja, a família participa de algum modo, não só do patrimônio, como da dignidade, honra e consideração de seu chefe, com o qual forma um só todo e a cuja classe social pertence. Sendo inerente à família a transmissão aos filhos, não só do patrimônio dos pais, como também, de certo modo, da honra e consideração que se prende ao nome paterno, a presença da família na classe so cial dá a esta um certo caráter de continuidade hereditária. 

42 Então uma pessoa não pode passar pare uma classe a que não pertence a sua família?

           Pode. Não se deve confundir classe so cial com casta. No regime pagão das castas existe entre estas uma barreira intransponível. Cada pes soa pertence necessariamente, por toda a vida, à casta em que nasceu. Isto, quaisquer que sejam suas ações, boas ou más. Na civilização cristã, não há castas impermeáveis, mas classes sociais permeáveis. Ou seja, a pessoa pertence à classe em  que nasceu, mas pode elevar-se a outra se tiver um mérito saliente. Bem como pode decair, em razão de seu mau procedimento. Assim, o princípio da hereditariedade se harmoniza com o postulado da justiça.

           O comunismo, ao invés, quer uma sociedade sem classes, em que todos sejam iguais, no que contraria o princípio natural da hereditariedade e as exigências da justiça.

O PROLETÁRIO É O ÚNICO HOMEM IDEAL, SEGUNDO O COMUNISMO 

43 Se não há Direito, como pode, segun do os comunistas, existir a sociedade?

            A sociedade, segundo os comunistas, exis tirá sem Direito: existirá pela força. 

44 Em mãos de quem ficará a força na sociedade?

            Aqueles que representam o homem mais perfeito hão de ter em suas mãos a força na sociedade. 

45 Quem representa o homem mais per feito, de acordo com o comunismo?

           Segundo o comunismo, os proletários não tem nenhuma raiz que os prenda ao passado ou a sociedade presente, e portanto são os homens mais livres de limitações; são eles que, unidos, constituem a maior força revolucionaria. Para a seita comunista o proletário é, pois, o homem mais perfeito. De fato, em sua mentalidade não existem os “entraves” e as “degenerescências” que ligam as outras classes à ordem social vigente.

           Por isso mesmo, a seita o considera como o instru mento ideal da Revolução. 

46 Que devem fazer os proletários, de acordo com o comunismo?

            De acordo com o comunismo, os proletários devem mover guerra às outras classes, e im plantar a ditadura do proletariado, que pela violência extermine a Igreja, o Clero, os nobres, os ricos, os proprietários, os que se realçam pela inteligência, todos os homens independentes, e assim destrua tudo o que se opõe á Revolução.

A LUTA DE CLASSES 

47 Como se chama esta oposição entre os proletários e os demais cidadãos?

            Esta oposição se chama luta de classes. 

48 Esta luta durará muito?

            Para os comunistas, esta luta não termi nará senão quando no mundo inteiro só houver a classe dos proletários, isto é, dos trabalhadores que não têm nada de próprio.

A PROPRIEDADE, A VIDA HUMANA E A ESCRAVIDÃO DO OPERARIADO

49 O indivíduo, no regime comunista, não pode possuir nada?

            No regime comunista o indivíduo não é dono de nada. Tudo é do Estado. 

50 O comunismo não admite por vezes o direito de propriedade?

            Quando está no poder, o comunismo às vezes concede o uso de algum imóvel a um ou outro trabalhador. Mas não reconhece o direito de propriedade, pois pode tomar tudo a todos, quando quiser. O homem, no regime comunista, não tem sequer direito ao fruto do seu trabalho. 

51 No regime comunista ninguém é, en tão, dono de nada?

            No regime comunista ninguém é dono de nada: nem do dinheiro, nem da fábrica, nem do campo, nem da casa, nem da profissão, nem de si mesmo. Tudo é do Estado, tudo depende do Estado. 

52 Então o regime comunista é de escravidão?

           O regime comunista estabelece a mais completa escravidão, pois não reconhece ao homem nenhum direito. 

53 O comunismo respeita a vida humana?

            Não. Uma vez que o homem não passa de animal, o comunismo trata a vida humana como nós tratamos a dos bois. Se fôr preciso, mata-se. Assim, para dominar a Rússia foi preciso assassi nar cerca de 20 milhões de russos, ou fuzilando-os, ou deixando-os morrer de fome. Nos campos de concentração da União Soviética, ao tempo de Stalin, calcula-se que havia 16 milhões de homens e mulheres de todas as categorias, padres, intelectuais, operários, que trabalhavam como escravos e acabaram morrendo de miséria. Para conquistar o poder, os comunistas chineses assassi naram vários milhões de pessoas. Para dominar os católicos da Espanha, as milícias bolchevistas mataram onze Bispos e 16.852 Sacerdotes e Religiosos, bem como muitos milhares de pais  de família. 

54 No regime comunista, o operário pode se queixar, fazer greve, trocar de serviço?

            Não. O Partido marca onde o operário deve trabalhar. Neste trabalho ele deve produ zir o máximo. Não pode reclamar, e nem é bom pensar em greve, porque quem pensar vai para o degredo na Sibéria, para um campo de concentra ção ou para a forca. No regime comunista o operário não tem direito algum. 

55 Os comunistas mantêm sempre os operários na miséria?

            Até hoje a situação material dos operários em todos os países comunistas é em geral miserável. Todavia, a Rússia promete que no ano 2000 os trabalhadores russos terão a mesma situa ção que têm atualmente os seus colegas ocidentais. O comunismo não se interessa pelo bem-estar dos operários senão enquanto ele é útil para a Revolução, por isso, se os operários, obtido o bem-estar, começam a desobedecer, volta de novo a miséria. O comunismo trata os trabalhadores como reses, ou como escravos. O senhor de es cravos dava-lhes comida porque lhe interessava que eles fossem fortes e sadios, para poderem trabalhar. Mas, se em dado momento parecer ne cessário às autoridades comunistas reduzir gravemente o padrão de vida da classe trabalhadora, em favor do desenvolvimento das industrias do Estado ou do seu poderio militar, fá-lo-ão sem hesitação, pois para elas o operário é escravo e o escravo não tem direito. 

56 Nos países não comunistas, o comu nismo quer melhorar a situação dos operários?

            Não. Nos países não comunistas o comunismo quer que os operários fiquem tão miseráveis, que cheguem ao desespero, e assim provoquem greves e desordens, as quais os comunistas apro veitarão para derrubar o governo legítimo e im plantar a sua ditadura. 

57 Nos países dominados pelos comunis tas não há diferenças de riqueza e de classe social?

            O comunismo promete abolir as diferenças de riqueza e de classe. Mas isto é contra a natu reza humana. Destruindo a moral e o direito, o comunismo favorece um grupo de dirigentes e de membros do Partido, que dispõem de grandes ri quezas e vivem com fartura e luxo em casas sun tuosas, enquanto o operário em geral passa privações, e obrigado a trabalhar onde o Partido manda, tem para morar somente um quarto, onde se amon toam os pais, os filhos e todos os membros da família, sem cozinha, nem banheiro próprios. A diferença entre os que mandam e os outros é mui to maior que entre os capitalistas e os operários. 

O PAPEL DE SATANÁS

58 Quem inventou este regime?

           Quem inventou este regime foi Satanás, que sabe que o melhor meio de levar os homens à perdição eterna e fazê-los rebelarem-se contra a ordem constituída por Deus. 

59 Como que Satanás consegue adeptos para este regime?

            Prometendo aos homens o paraíso na terra se eles renunciarem a Deus e ao Céu, Satanás con segue enganá-los como o fez a nossos primeiros pais, e o resultado é o inferno na terra e na eternidade.

A VIOLÊNCIA E A LIBERDADE

60 Como se implanta o regime comunista?

            O regime comunista é implantado, em ge ral, pela violência. Os comunistas procuram che gar ao poder de qualquer modo: por eleições, por pressão de tropas estrangeiras, por golpes arma dos. Uma vez no poder, destroem toda oposição, e implantam a ditadura, em nome do proletariado.           

61 Então são os operários que passam a mandar?

            Não. Os operários não mandam. Eles passam a situação de escravos, trabalham onde o governo os manda trabalhar, não podem se afastar dali; recebem o salário que o governo quer e, se reclamam, podem até ser fuzilados. 

62 O comunismo admite direito, à greve?

           Nos países que quer dominar, o comunis mo exige que a lei estabeleça o direito de greve; e organiza paredes para desmantelar a economia nacional. Mas, uma vez dominado o país, não to lera a greve em nenhuma hipótese, e sujeita o operário à mais tirânica escravidão 

63 É somente pela violência que o comunismo é implantado?

           Em geral o comunismo é implantado pela violência; mas ele é preparado por muitas atitudes dos cristãos.

O MATERIALISMO DO OCIDENTE PREPARA O CAMINHO DO COMUNISMO 

64 Que atitudes dos cristãos preparam a vitória do comunismo?

           Como o comunismo nasce do materialismo, da sensualidade e do orgulho, o materialismo prático dos cristãos que vivem como se não houvesse a eternidade cria o caldo de cultura em que o bacilo comunista prolifera.

65 Dê alguns exemplos destes materialistas práticos.

            Posso dar os seguintes exemplos: quem só se preocupa com ganhar dinheiro; quem pro cura gozar dos prazeres da vida, embora lícitos, sem se interessar pela prática da oração e da peni tência; quem se entrega ao jogo; quem freqüenta lugares suspeitos; quem se veste com sensualidade, sem modéstia; quem dança as danças modernas; quem lê revistas obscenas ou sensuais; os freqüen tadores do cinema e da televisão imorais; quem se desinteressa pela graça santificante, pecando como se não houvesse pecado. 

A IGREJA E OS OPERARIOS 

66 Que tem feito a Igreja pelos pobres e operários?

            A Igreja, ao longo da Historia, aboliu a escravatura, defendeu os fracos e pobres, ensinou os ricos e poderosos a amparar os humildes, difun diu a justiça e a caridade. Organizou os trabalha dores em grandes sociedades chamadas corporações, que cuidavam de sua formação técnica, de sua prosperidade material, do bem espiritual deles e de sua família, lhes davam assistência na doença e cuidavam dos seus filhos em caso de morte. Estas associações sofreram um golpe de morte com a Revolução Francesa, mas duraram em muitos países até as agitações do ano de 1848; na Alemanha elas ainda existem. 

67 Depois de 1848 a Igreja não fez mais fada pelos operários?

            O individualismo introduzido pela Revolução Francesa destruiu as corporações católicas e deixou os operários entregues à própria sorte. Então a Igreja empreendeu um grande trabalho em favor deles, simultaneamente em três pontos. 

68 Qual foi a primeira frente que a Igreja atacou?

            A Igreja Católica procurou, de início, principalmente minorar a miséria das pessoas. Para este fim multiplicou as Santas Casas, os orfanatos, asilos para velhos, Oratórios festivos, creches, e obras de assistência social. Assim é que, para dar um exemplo, no Estado de São Paulo, atualmente, de cada cem instituições de caridade ou de assistência, oitenta são mantidas pela Igreja Católica. Os comunistas não mantêm nenhuma. As vinte restantes pertencem a outras igrejas, às organizações leigas e ao Poder público. Nos outros Estados do Brasil, a proporção de obras mantidas pela Igreja é ainda maior. E note-se que as instituições de caridade e assistência mantidas e dirigidas pela Igreja funcionam admiravelmente. Basta ver um hospital dirigido por Religiosas. 

69 Qual foi a segunda frente que a Igreja atacou?

            Enquanto fundava e organizava instituições de caridade e de assistência, a Igreja lutava para corrigir os defeitos da sociedade que geravam tanta miséria. Desde o Papa Pio IX, e principalmente no pontificado de Leão XIII, Ela insistiu com os ricos, os patrões, o Estado e os trabalhadores para que se lembrassem da ordem social que Deus quer e Jesus Cristo fundou, e se aplicassem a melhorar as condições de vida do operário. Os Papas ensinaram que o trabalho não é mercadoria, e que o homem que trabalha tem direito a um salário nas seguintes condições: a) que lhe permita viver com dignidade; b) que dê para criar e educar os filhos; c) que possibilite ao trabalhador diligente e econômico formar um pecúlio que melhore a sua situação e lhe garanta o futuro. 

70 Os ensinamentos dos Papas tiveram resultado?

           Os ensinamentos dos Papas já modificaram completamente, em muitos países, a mentalidade dos patrões e dos operários, e melhoraram felizmente as condições destes últimos. Mas a Igreja continua a insistir, e o atual Pontífice, Sua Santidade o Papa João XXIII, publicou há pouco a Encíclica “Mater et Magistra”, em que ensina mais uma vez como os patrões devem tratar os trabalhadores, para que haja justiça, caridade e paz. 

71 Qual foi a terceira frente em que a Igreja empreendeu o grande trabalho em favor dos operários?

           A Igreja, enquanto atendia as misérias mais gritantes e imediatas, e ensinava aos patrões e operários como devia ser as suas relações de acordo com a justiça e a caridade, promovia a organização destes e daqueles em associações, que se chamam corporações, círculos operários, etc. Estas organizações formam nos vários países grandes confederações, como na França a Confederação dos Trabalhadores Cristãos, na Itália a Asso ciação Católica dos Trabalhadores Italianos, no Brasil a Confederação dos Círculos Operários, etc. 

72 Em que mais os Papas insistiram?

            Os Papas insistiram em que os operários se unam, para juntos defenderem os seus direitos, respeitando, porém, os direitos dos patrões. Os Papas aconselham a estes que, na medida do possível, melhorem o salário e as condições dos trabalhadores, dando-lhes mais do que o estritamente justo. 

73 Quais os Papas que mais se salientaram , na ação em favor dos  direitos do operário, e da justiça e harmonia entre as classes sociais?

            Todos os Papas se têm desvelado pela melhora da dura situação que começou para os operários com a Revolução Francesa. De um modo especial devem-se mencionar os seguintes Pontífi ces: Leão XIII, autor da Encíclica “Rerum Novarum”; Pio XI, autor da Encíclica “Quadragesimo Anno”; João XXIII, autor da Encíclica “Mater et Magistra”. 

74 Que Papas se salientaram na luta contra o comunismo?

            Todos os Papas, de Pio IX a João XXIII, tem condenado o comunismo. A Encíclica “Divini Redemptoris” de Pio XI trata especialmente do assunto, com grande, clareza e vigor. Durante o pontificado de Pio XII, a Suprema Sagrada Congregação do Santo Ofício fulminou com a pena de excomunhão quem pertence ao Partido Comu nista ou colabora com ele. 

75 Quais as conseqüências práticas desta excomunhão?

            Os membros do Partido Comunista e os que com ele colaboram não podem receber os Sacramentos nem ser padrinhos de batismo, confir mação e casamento, ficam privados de enterro reli gioso e sepultura eclesiástica, e não se pode cele brar em público: missa em sufrágio de suas almas. 

76 Os comunistas têm direito de divulgar suas doutrinas, de viva voz, ou pela imprensa, rádio e outros meios de propaganda?

           Não. Segundo a doutrina católica o erro não tem direito de ser difundido. Cumpre ao Poder Público proibir-lhe a propaganda.

Catecismo anticomunista – D. Geraldo de Proença Sigaud