D. ATHANASIUS SCHNEIDER: “ESTAMOS AGORA TESTEMUNHANDO A CULMINAÇÃO DO DESASTRE ESPIRITUAL NA VIDA DA IGREJA QUE O ARCEBISPO LEFEBVRE JÁ HAVIA APONTADO COM TANTA VIGOR HÁ 40 ANOS.”

Fonte: Corrispondenza Romana – Tradução: Dominus Est

[…] O período após o Concílio nos deu a impressão de que um de seus principais frutos foi a burocratização. Essa burocratização mundana nas décadas seguintes ao Concílio frequentemente paralisou o fervor espiritual e sobrenatural em uma medida considerável e, ao invés da primavera anunciada, chegou uma época de inverno espiritual. Bem conhecidas e inesquecíveis permanecem as palavras com as quais Paulo VI honestamente diagnosticou o estado da saúde espiritual da Igreja após o Concílio: “Acreditava-se que, depois do Concílio, viria um dia se sol na história da Igreja. Mas ao invés do sol, vieram as nuvens, a tempestade, a escuridão, a busca, a incerteza. Pregamos o ecumenismo e nos distanciamos cada vez mais dos outros. Buscamos cavar abismos ao invés de preenchê-los. ”(Homilia de 29 de junho de 1972).

Nesse contexto, foi Arcebispo Marcel Lefebvre, em particular (embora não tenha sido o único a fazer), quem  iniciou em uma escala mais ampla e com franqueza similar à de alguns dos grandes Padres da Igreja, a protestar contra o enfraquecimento e a diluição da fé católica, particularmente no que diz respeito ao caráter sacrifical e sublime do rito da Santa Missa, que se espalhava na Igreja, sustentado ou ao menos tolerado também pelas autoridades de alto escalão da Santa Sé. Em uma carta dirigida ao Papa João Paulo II, no início de seu pontificado, o Arcebispo Lefebvre descreve de maneira realista e apropriada, em um breve resumo, a verdadeira magnitude da crise na Igreja. Impressiona a perspicácia e o caráter profético da seguinte afirmação: “O dilúvio de novidades na Igreja, aceito e encorajado pelo Episcopado, um dilúvio que arrasa tudo em seu caminho: fé, moral, Igreja, instituição: não podiam tolerar a presença de um obstáculo, de uma resistência. Tivemos então a oportunidade de nos deixar levar pela corrente devastadora e nos unirmos ao desastre, ou resistir ao vento e às ondas para proteger nossa fé católica e o sacerdócio católico. Não podemos duvidar. Não podíamos hesitar. As ruínas da Igreja estão aumentando: ateísmo, abandono de igrejas, desaparecimento de vocações religiosas e sacerdotais são de tal magnitude que os Bispos começam a despertar” (Carta de 24 de dezembro de 1978). Estamos agora testemunhando a culminação do desastre espiritual na vida da Igreja que o Arcebispo Lefebvre já havia apontado com tanta vigor há 40 anos. […]

Trecho da entrevista de D. Schneider ao site Corrispondenza Romana.

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Nota do Blog: Assim como uma outra entrevista de D. Schneider publicada tempos atrás, sabemos que temos de tomar estas palavras com contrapeso e medida. É positivo que um prelado tenha esta posição em relação à D. Lefebvre, mas há outras coisas com o qual não poderemos concordar.

Mons. Viganó, de forma impressionante, tem se mostrado muito mais firme em relação ao Vaticano II e a crise da Igreja. Vejam esses dois posts recentes:

Rezemos para que os prelados conservadores tenham também o exemplo de Dom Salvador Lazo, que pode ser lida nesse post: DOM SALVADOR LAZO, BISPO EMÉRITO DE SÃO FERNANDO DA UNIÃO (FILIPINAS) – DA TRADIÇÃO CATÓLICA À TRADIÇÃO CATÓLICA