SERÁ O CANTO GREGORIANO EM BREVE A REGRA EM VEZ DA EXCEÇÃO?

Em artigo publicado neste Natal por Crux, a tendência orgânica para a atração dos jovens católicos pela beleza do canto gregoriano foi enaltecida com otimismo.

Fonte: SSPX -USA (Agradecemos ao nosso amigo Sr. Adolfo J. G. Correa pela tradução)

O artigo menciona o experimento realizado em St. John the Beloved Catholic Church, localizada em McLean, Virginia, onde o Canto Gregoriano tornou-se uma genuína atração. A princípio, o retorno ao canto gregoriano foi perturbador para alguns dos paroquianos. Mas, recentemente, começou a atrair mais e mais fiéis e provoca a curiosidade por parte dos recém-chegados.

Para o diretor musical de St. John the Beloved, James Senson, a principal razão da crescente popularidade do canto gregoriano consiste no fato de que ele “é uma parte da Igreja. É o texto da Igreja”.

O artigo publicado em Crux cita ainda o seminarista do Colégio Teológico, Gabe Bouck, dizendo que «a liturgia deve falar para a glória de Deus» e:

“…a liturgia é o ápice de qualquer tipo de experiência de adoração que jamais encontraremos deste lado da eternidade. Então, se eu sei que não há nada maior nessa terra que eu possa fazer do que adorar a Deus, então tudo o que se passa naquela liturgia precisa ser o melhor e o mais belo do que pudermos transmitir“.

Com as mudanças litúrgicas, muitos jovens adultos e recém conversos ao Catolicismo têm testemunhado a ausência do sagrado nas Missas Novus Ordo. A música tem uma conexão especial e quase primitiva com nossas almas e psiques.

As origens do canto gregoriano

Originária no século IX, esta forma de música sacra espalhou-se rapidamente pela Igreja ocidental, usada de forma generalizada em igrejas, paróquias e casas religiosas de todas as ordens.

Com o tempo ocorreram mudanças, modificações e uma confusa mistura de formas radicaram-se em várias áreas geográficas.

Somente com o Motu Proprio, “Tra Le Sollecitudinni” publicado pelo Papa São Pio X em 1903, esses desvios foram reduzidos e claramente definidas as normas musicais para a Igreja Universal.

Nestes termos o Canto Gregoriano sempre foi considerado como o supremo modelo para a música sacra, de modo que é corretamente legítimo estabelecer a seguinte regra: quanto mais próxima é uma composição à forma gregoriana para as abordagens da Igreja em seu movimento, inspiração e sabor, mais sagrada e litúrgica ela se torna; e quanto mais fora de harmonia essa abordagem se apresenta em relação a esse supremo modelo, menos digna ela é do templo.

O antigo Canto Gregoriano tradicional deve, portanto, ser restaurado em grande medida para as funções de culto público, e o fato que deve ser reconhecido é que uma função eclesiástica de modo algum perde algo de sua solenidade, quando acompanhada exclusivamente por essa música.

Esforços especiais devem ser feitos para restaurar o uso do Canto Gregoriano para as pessoas, para que os fiéis possam novamente assumir uma parte mais ativa nos ofícios eclesiásticos, como foi o caso em tempos remotos.

Apoio para o Canto Gregoriano posterior ao século XX

Confrontando a perda do sagrado na liturgia, em 1985, o cardeal Ratzinger publicou um documento intitulado «Liturgia e Música Sacra». Seu esforço parece atrair os bispos e as paróquias das novidades espalhadas por todo o mundo, com a aprovação dos bispos.

Alguns apontamentos relevantes do Cardeal Ratzinger:

“Desde os seus primórdios, a liturgia e a música estão intimamente relacionadas. Meras palavras não bastam quando o homem louva a Deus. O falar com Deus ultrapassa os limites da linguagem humana. Assim, por sua própria natureza, a liturgia em todos os lugares evocou o auxílio da música, do canto e das vozes da criação nos sons dos instrumentos. O louvor de Deus, afinal, não envolve apenas o homem. Adorar a Deus significa unir-se àquilo que todas as criaturas falam”.

O renascimento de hoje

Seguindo o exemplo do Papa São Pio X, o Canto Gregoriano desempenha um papel fundamental na liturgia realizada pelos sacerdotes da Fraternidade São Pio X. O fundador da FSSPX, o Arcebispo Marcel Lefebvre, queria que seus sacerdotes liderassem uma vida litúrgica. Isso não significa viver uma vida espiritual junto com alguma liturgia; significa a liturgia alimentando a vida dos membros da Fraternidade.

Em particular, as Matinas de Natal e o Tenebrae do Triduum Pascal, cantado em canto gregoriano, deleitaram a mente do fundador; ele queria a mesma graça para os seus filhos:

“Os membros da Fraternidade nutrirão sua espiritualidade nas fontes da água viva que a Igreja lhes oferece na sagrada liturgia, uma fonte incomparável de sabedoria, fé, graças, de vida ascética e mística. Cultivarão seu amor pelas cerimônias, pelo canto, o canto gregoriano, não negligenciarão nada da beleza do lugar de culto, dos objetos destinados à adoração, [eles cuidarão] da sacristia e de tudo o que é ligado à administração dos sacramentos”.