Fonte: Corrispondenza Romana – Tradução: Dominus Est
“Se esse vício absolutamente vergonhoso e abominável não for imediatamente interrompido com um punho de ferro, a espada da ira divina cairá sobre nós, levando muitos à ruína”, diz São Pedro Damião no Liber Gomorrhianus,referindo-se a sodomia difundida entre o clero de seu tempo. Estas palavras têm uma atualidade impressionante tendo em conta as declarações feitas, às vésperas do Sínodo, ao “Corriere della Sera” por D. Krzysztof Charamsa, oficial da Congregação para a Doutrina da Fé e secretário adjunto da Comissão Teológica Internacional do Vaticano, bem como professor na Pontifícia Universidade Gregoriana e do Ateneu Pontifício Regina Apostolorum.
O prelado polonês declarou entre outras coisas: “Quero que a Igreja e minha comunidade saibam quem sou: um padre homossexual, feliz e orgulhoso de sua identidade. Estou pronto a pagar as conseqüências, mas é tempo da Igreja abrir seus olhos para os crentes gays e entender que a solução que lhes oferece: a abstinência total da vida de amor, é desumana.” A sodomia, infelizmente, foi praticada ao longo dos séculos, mas nenhum sacerdote da Cúria Romana chegou a gabar-se publicamente e nenhuma assembléia de bispos estabeleceu na ordem do dia de seu trabalho a compreensão e a “misericórdia” para os “casais” homossexuais.
E esta é uma boa razão para relerem as páginas do ardente Liber Gomorrhianus, ( Editora Fiducia (Roma 2015, euro 10,) com uma introdução de Roberto de Mattei.
Em seu “coming out” (saída do armário/revelação) o teólogo vaticano dirige-se explicitamente aos Padres Sinodais, convidando-os a reverem as suas posições em confronto a grande comunidade LGBT: “(…) Gostaria de dizer ao Sínodo que o amor homossexual é um amor familiar, que precisa da família . Cada pessoa, até mesmo os gays, lésbicas ou transexuais, levam em seu coração um desejo de amor e familiaridade. Toda pessoa tem direito ao amor e que o amor deve ser protegido pela sociedade, pelas leis. Mas, acima de tudo, deve ser cuidado pela Igreja “.
Charamsa justifica a legitimidade do comportamento homossexual, alegando a existência de uma suposta natureza homossexual: “(…) um casal de lésbicas ou homossexuais devem poder dizer à sua Igreja: nós amamos de acordo com a nossa natureza (…). A Bíblia nunca fala da homossexualidade. Ao invés disso fala dos atos que eu chamaria de “homogenital”. Também podem ser feitas por pessoas heterossexuais, como acontece em muitas prisões. Desta forma, ele poderia ser um momento de infidelidade à sua natureza e, portanto, um pecado. Esses mesmos atos cometidos por uma pessoa homossexual expressam, ao invés disso, a sua natureza. A sodomia bíblica não tem nada a ver com dois homossexuais que hoje na Itália se amam e querem se casar. “
Nesta perspectiva, de acordo com o teólogo vaticano, não há uma natureza humana objetiva, mas existem tantas naturezas quanto às subjetivas tendências sexuais e, neste sentido, deformam ao próprio gosto o ensinamento católico, onde o pecado não consiste em trair a suprema lei natural, mas trair sua natureza pessoal.
Charamsa depois, como se nada tivesse acontecido, anunciou que “ter um companheiro que o ajuda a transformar os últimos temores na força do amor”, conclui sua entrevista, sublinhando que “sobre estas questões a Igreja está atrasada em relação ao conhecimento atingido pela humanidade. E já aconteceu no passado: mas se você está atrasado em relação à astronomia as consequências não são tão pesadas como quando o atraso é sobre algo que toca o mais íntimo das pessoas. A Igreja precisa saber que não está acompanhando o desafio dos tempos “.
No entanto, se a sociedade mudou sua opinião e atitude em relação à homossexualidade ao longo dos séculos, o mesmo não aconteceu com a Igreja Católica porque ela sempre se manteve fiel ao seu imutável magistério doutrinal. Neste sentido, a Igreja tem ensinado incessantemente que a prática da homossexualidade é um vício abominável contra a natureza, que provoca não só a corrupção espiritual e condenação eterna dos indivíduos, mas também a ruína moral da sociedade, atingida por um germe mortal que envenena as próprias raízes da vida civilizada. Ao longo dos séculos, tal ensinamento foi transmitido e confirmado ininterruptamente pelas Sagradas Escrituras, pelos Padres da Igreja, os Santos Doutores e pelos Pontífices.