Autoridades anunciaram a descoberta de um antigo mosteiro cristão, que provavelmente data de antes da propagação do Islã na Península Arábica, em uma ilha na costa dos Emirados Árabes Unidos (EAU).
Fonte: DICI – Tradução: Dominus Est
O mosteiro, na ilha de Siniyah, que faz parte do emirado de Umm al-Quwain, lança uma nova luz sobre a história do cristianismo primitivo nas margens do Golfo Pérsico. Trata-se do segundo mosteiro desse tipo descoberto nos Emirados, que remonta a 1.400 anos atrás.
Ambos os mosteiros se perderam nas areias da história, com estudiosos acreditando que os cristãos lentamente se converteram ao islamismo à medida que a religião se espalhava pela região. Para Timothy Power, professor associado de arqueologia da Universidade dos Emirados Árabes Unidos, que participou da pesquisa, os EAU são hoje um “caldeirão de nações”.
O mosteiro está localizado na ilha de Siniyah em Umm al-Quwain, um emirado a cerca de 50 quilômetros a nordeste de Dubai, ao longo da costa do Golfo Pérsico. A ilha, cujo nome significa “luzes piscantes“, possui uma série de bancos de areia que se destacam. Foi numa delas, no nordeste da ilha, que os arqueólogos descobriram o mosteiro.
A datação por carbono das amostras encontradas nas fundações do mosteiro está entre 534 e 656. No entanto, Maomé nasceu por volta de 570 e morreu em 632. O mosteiro, portanto, é anterior ao Islã.
O plano do Mosteiro da Ilha Siniyah sugere que os primeiros fiéis cristãos rezavam em uma igreja de corredor único. As salas internas parecem conter pias batismais, bem como um forno para assar pão ou hóstias para ritos de comunhão. Uma nave, provavelmente, também abrigava um altar e uma instalação para o vinho da comunhão.
Ao lado do mosteiro há um segundo edifício de quatro cômodos, provavelmente em torno de um pátio – possivelmente a casa de um abade ou mesmo de um bispo. A algumas centenas de metros da igreja, encontra-se um conjunto de edifícios que, segundo os arqueólogos, pertencem a uma aldeia pré-islâmica.
A ilha ainda faz parte da propriedade da família reinante, que protegeu a terra por anos para permitir a descoberta de locais históricos enquanto a maior parte dos EAU se desenvolveu rapidamente.
Segundo os historiadores, as primeiras igrejas e mosteiros se espalharam ao longo do Golfo Pérsico até as costas da atual Omã e até a Índia. Os arqueólogos encontraram outras igrejas e mosteiros semelhantes no Bahrein, Iraque, Irã, Kuwait e Arábia Saudita.
No início da década de 1990, os arqueólogos descobriram o primeiro mosteiro cristão dos EAU, na ilha Sir Bani Yas, hoje uma reserva natural e local de hotéis de luxo em Abu Dhabi, perto da fronteira saudita. Ela data do mesmo período que o descoberto em Umm al-Quwain.
Segundo o Sr. Power, foi este projeto que deu início aos trabalhos arqueológicos que levaram à descoberta do mosteiro. Este e outros locais serão fechados e protegidos, disse, embora ainda não se saiba que outros segredos do passado permanecem escondidos sob uma fina camada de areia na ilha.
“É uma descoberta realmente fascinante porque, de certa forma, é uma história oculta – não é algo amplamente conhecido”, disse Power.