Fonte: Capela Santo Agostinho
A ordem de Deus, o beneplácito de Deus, a vontade de Deus, a ação de Deus, a graça, tudo isto, é uma única e mesma coisa nesta vida. É Deus trabalhando para tornar a alma semelhante a si mesmo. A perfeição não é outra coisa senão a cooperação fiel da alma a um trabalho de Deus. A graça produz-se em nossas almas, cresce, aumenta e tem a sua consumação em segredo e sem que a alma se dê conta.
A teologia está cheia de conceitos e expressões que explicam as maravilhas da graça, em cada alma, em toda a sua extensão. Pode conhecer-se tudo o que esta especulação ensina, falar dela admiravelmente, escrever, instruir, dirigir as almas. Porém o espírito não pode se deixar estagnar somente no conhecimento teórico.
A ordem de Deus, a sua divina vontade, recebida com simplicidade por uma alma fiel, realiza nela esse efeito divino sem que ela o conheça, como um remédio tomado com submissão opera a saúde num doente que não sabe nem tem que se preocupar de saber medicina. Assim como o fogo é que produz o calor e não a filosofia nem o conhecimento deste elemento e dos seus efeitos, assim também é a ordem de Deus. É a Sua santíssima vontade que opera a santidade nas nossas almas, e não a especulação curiosa deste princípio e deste objetivo.
Quando temos sede, para nos saciarmos o que devemos fazer é deixar os livros que explicam estas coisas, e beber. A curiosidade de saber não é capaz de nos saciar. Assim quando a alma tem sede de santidade, a curiosidade de saber não é capaz senão de a afastar. Deve-se deixar de lado a especulação, e beber com simplicidade tudo o que a ordem de Deus nos apresenta de ações e sofrimentos. O que nos sucede em cada momento, por ordem de Deus, é o que há de mais santo, de melhor, e de mais divino para nós.
“O abandono à Providência Divina” (adap.)- Pe. Jean Pierre de Caussade