A CARIDADE PROÍBE A INVEJA

O que é a inveja?

O que a caracteriza é um amor-próprio violento que aspira a ter tudo em detrimento dos outros; um egoísmo que não quer repartir com ninguém ; um desejo ardente de ser amado de maneira exclusiva; um sofrimento secreto à vista da felicidade de outrem, ou uma alegria maligna com as suas desditas, enfim uma paixão imoderada das distinções, das preferências e das atenções.

Um crítico pretendeu que todas as mulheres são mais ou menos invejosas. Sem dúvida é exagerado. Porém, mesmo assim, cumpre tomar cuidado com certos movimentos instintivos que poderiam surdir das profundezas da má natureza. Parecem bastante raras as almas femininas que não trazem em si o germe odioso deste vício. Um grande coração deve elevar-se acima das vilanias de uma paixão tão mesquinha e tão degradante.

Para conceber mais vivo horror dela, examinai as devastações que ela causa, assim na alma que ela tiraniza como mas outras a quem persegue.

Suas devastações

– A invejosa não tem mais nem alegria nem prazer: dir-se-ia que um véu fúnebre a circunda; ela sofre com a sua própria desgraça e com a felicidade dos outros.

– A invejosa julga sempre ver ironia no olhar das pessoas, a quem detesta; escuta incessantemente, para surpreender palavras malévolas nos lábios de outrem. Vigia as amigas para ver se o afeto delas é sincero; não tolera provas de benevolência cuja melhor parte não seja para ela. Continuar lendo

A FIGURA DA IGREJA NO NOVO TESTAMENTO, PELO CARDEAL LOUIS BILLOT

Fonte: Verbum Fidelis

Um dos lugares mais comuns que os autores sagrados usam para representar os tempos presentes é a forma de um vasto e tempestuoso mar, no qual o gênero humano foi mergulhado desde que, pelo pecado de Adão, se viu precipitado nas trevas e no abismo da perdição. É por isso que o Verbo de Deus, vindo a esta terra para nos resgatar do abismo e nos reconduzir à terra dos vivos, quis respeitar este símbolo, escolhendo entre os pescadores do mar da Galileia os apóstolos a quem confiaria a missão de perpetuar a sua obra. Ele disse-lhes: “Segui-me e eu vos farei pescadores de homens”[1]. Quis também representar a sua Igreja, a qual estabeleceria como meio universal de salvação, sob a forma de um barco de pescador, do qual se servia constantemente, e no qual queria instalar-se, por assim dizer, quando, para pregar o Evangelho, percorria as aldeias e cidades das margens do lago de Genesaré.

“Um dia, comprimindo-se as multidões em volta dele para ouvir a palavra de Deus, Jesus estava junto do lago de Genesaré. Viu duas barcas que estacionavam à borda do lago; os pescadores tinham saído, e lavavam as redes. Entrando numa destas barcas, que era a de Simão, rogou-lhe que se afastasse um pouco da terra. Depois, estando sentado, ensinava o povo da barca. Quando acabou de falar, disse a Simão: ‘Faz-te ao largo, e lançai as vossas redes para pescar’. Respondeu Simão: ‘Mestre, tendo trabalhado toda a noite, não apanhamos nada; porém, sobre a tua palavra, lançarei a rede’. Tendo feito isto, apanharam tão grande quantidade de peixes, que a sua rede rompia-se. Então fizeram sinal aos companheiros, que estavam na outra barca, para que os viessem ajudar. Vieram, e encheram tanto ambas as barcas, que quase se afundavam. Simão Pedro, vendo isto, lançou-se aos pés de Jesus, dizendo: ‘Retira-te de mim, Senhor, pois eu sou um homem pecador’. Porque tanto ele como todos os que se encontravam com ele ficaram possuídos de espanto, por causa da pesca que tinham feito. O mesmo tinha acontecido a Tiago e a João, filhos de Zebedeu, que eram companheiros de Simão. Jesus disse a Simão: ‘Não tenhas medo; desta hora em diante serás pescador de homens’”[2]. Em outras palavras: assim como hoje, por este milagre extraordinário, enchestes as vossas redes com uma tal abundância de peixes, assim também usareis o mesmo poder para realizar um milagre maior, tirando as almas das profundezas do abismo deste mundo, trazendo-as para a vossa barca e conduzindo-as daí para a margem do descanso eterno. Foi assim que Nosso Senhor quis explicar esse grande mistério da pesca milagrosa e mostrar-nos, através do desenrolar desse episódio, o que a Igreja iria realizar até o fim dos tempos. Continuar lendo

OS FALSOS DEVOTOS E AS FALSAS DEVOÇÕES À SANTÍSSIMA VIRGEM

Resultado de imagem para nossa senhora servosConheço sete espécies de falsos devotos e falsas devoções, a saber:

1. Os devotos críticos;

2. Os devotos escrupulosos;

3. Os devotos exteriores;

4. Os devotos presunçosos;

5. Os devotos inconstantes;

6. Os devotos hipócritas;

7. Os devotos interesseiros.

Os devotos críticos

Os devotos críticos são, ordinariamente, sábios orgulhosos, espíritos fortes e que se bastam a si mesmos. No fundo têm alguma devoção à Santíssima Virgem Maria, mas criticam quase todas as práticas de devoção que as almas simples tributam singela e santamente a esta boa Mãe, porque não condizem com a sua fantasia. Põem em dúvida todos os milagres e narrações referidas por autores dignos de crédito ou tiradas das crônicas de ordens religiosas, e que testemunham as misericórdias e o poder da Santíssima Virgem.

Vêem com desgosto pessoas simples e humildes ajoelhadas diante dum altar ou imagem da Virgem, talvez no recanto duma rua, para aí rezar a Deus. Acusam-nas até mesmo de idolatria, como se estivessem a adorar madeira ou pedra. Dizem que, quanto a si, não gostam dessas devoções exteriores, e que não são tão fracos de espírito que vão acreditar em tantos contos e historietas que correm a respeito da Santíssima Virgem. Quando lhes referem os louvores admiráveis que os Santos Padres tecem a Nossa Senhora, ou respondem que isso é exagero, ou explicam erradamente as suas palavras.

Esta espécie de falsos devotos e de gente orgulhosa e mundana é muito para temer, e causam imenso mal à Devoção a Nossa Senhora, afastando eficazmente dela o povo, sob o pretexto de destruir abusos. Continuar lendo

O SAGRADO CORAÇÃO, RESERVATÓRIO DE GRAÇAS

FUNDAMENTOS E PREFIGURAÇÕES DO CULTO AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS NO ANTIGO  TESTAMENTO | DOMINUS EST

Haurietis aquas in gaudio de fontibus Salvatoris – “Tirareis com alegria águas das fontes do Salvador” (Is 12, 3)

Sumário. O Coração de Jesus é verdadeiramente o reservatório de todos os favores divinos. Podemos considerar quatro fontes no Coração de Jesus: a primeira de misericórdia; a segunda de paz e consolação; a terceira de devoção; e a quarta de amor. Aquele que vai haurir nestas felizes fontes que temos no Coração de Jesus terá sempre águas de alegria e de salvação. Se não recebeste, até agora, graças mais copiosas, é porque te descuidaste de vir tomá-las no Coração de Jesus.

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Achamos no Coração de Jesus todos os bens e socorros que podemos desejar. Nele, diz São Paulo, sois ricos em toda a sorte de bens; de modo que não vos pode faltar graça alguma (1). Este Coração é, pois, verdadeiramente o reservatório de todos os favores divinos; deste Coração generoso é que correm esses rios inexauríveis de graças de que fala o profeta Isaías: Vos tirareis com alegria aguas das fontes do Salvador.

A primeira é uma fonte de misericórdia, na qual nos podemos purificar de todas as manchas dos nossos pecados. Esta fonte foi formada para nós com as lágrimas e o sangue do nosso divino Redentor. Dilexit nos, et lavit nos a peccatis nostris in sanguine suo — “Ele nos amou e lavou os nossos pecados com o seu sangue” (2) Eis ai até onde chegou o amor de Jesus para conosco. A segunda é uma fonte de paz e consolação nas nossas penas. Se alguém tem sede das verdadeiras consolações, ainda nesta vida, diz Jesus Cristo, venha ao meu Coração, e receberá o que deseja (3). Aquele que prova das águas do meu amor, desprezará para sempre as delícias passageiras do mundo, e será plenamente satisfeito, quando entrar na morada dos eleitos; porque a água da minha graça o fará subir da terra para o céu (4). A paz que o Senhor dá às almas de que Ele é amado, não é a alegria que o mundo promete nos prazeres sensuais, os quais deixam após si mais amargura do que felicidade; a paz que Deus dá, excede todos os prazeres dos sentidos (5). Bem-aventurados aqueles que tem sede dessa fonte divina (6). A terceira é uma fonte de devoção. Oh! Como se torna piedoso e pronto a obedecer a Deus, como se cresce sem cessar de virtudes em virtudes, quando se medita muitas vezes o que o Coração de Jesus fez por amor de nós. Aquele que segue esta prática, tornar-se-á semelhante a uma arvore plantada junto da corrente das águas (7). Continuar lendo

A INEXCEDÍVEL FORMOSURA DE MARIA, SENHORA NOSSA

Beata Virgo Maria - Wiktionary

Pe. Manuel Bernardes

Escreve o Padre Euzébio de Nieremberg, referindo-se a outros autores, o seguinte caso admirável.

Um clérigo, devotíssimo de Nossa Senhora, considerando quanta seria a formosura daquela soberana Virgem, que excede incomparavelmente a todas as formosuras que Deus criou no Céu e na terra, se ascendeu em fervorosos desejos de a ver. E como os que nascem do amor santo e sincero tem seus atrevimentos e confianças pias, fez instante e continuada petição à mesma Senhora que o deixasse ver sua formosura, para mais a venerar e estimar.

Foi-lhe revelado por um anjo, que não se podia ver tão grande Majestade sem que perdesse a vista, por quanto não era decente que olhos que viram a Senhora se empregassem em outros objetos da terra. O clérigo respondeu, como animoso e namorado, que não importava que ficasse cego, contanto que lograsse tal excessiva dita. Mas, advertindo depois que, perdendo a vista, ficava reduzido a pedir esmola de porta em porta para sustento da vida, lhe pareceu que seria conveniente abrir um só dos olhos, para lograr o favor e reservar outro para a sua necessidade.

Assim se fez quando a Senhora se dignou aparecer-lhe: e vendo, ainda que só por um relâmpago, tanta graça e tão aprazível beleza; quis mui depressa abrir ambos os olhos, para melhor lográ-la. E já no mesmo instante, tinha a Virgem desaparecido. E o seu devoto, ainda que se achasse meio cego, dizia consigo, com grande mágoa e sentimento: Que teria importado se eu perdesse mil olhos, se mil tivesse? Ó, se durasse mais aquele favor! Assim vos ausentastes, ó Mãe amabilíssima; vi-vos, e não vos vi, ó beleza incrível: com este pinguinho de orvalho me acendestes mais a sede. Ó, já que não ceguei totalmente de ver, cegue eu agora de chorar! Mas vós, ó Sacratíssima Virgem, mais piedosa sois do que eu posso imaginar. Ora, Senhora, vinde ainda outra vez; vinde, ó formosíssima: eu de boa vontade quero cegar de todo; antes o terei por grande interesse.

Estes, e outros semelhantes requerimentos fazia aquele devoto: e é tão pia e benigna a Senhora, que admitiu a petição, e a despachou melhoradamente. Porque a mesma luz excessiva, que no primeiro relâmpago o deslumbrou, e lhe cegou um dos olhos, no segundo lhe deixou a vista restituída e clara.

(De “Tratados Diversos“, pág. 397-398)

O COMBATE DO GETSÊMANI

Meditemos um pouco sobre a agonia de Nosso Senhor no Horto das Oliveiras onde, “triste até a morte”, aceitou o cálice de sua Paixão para a salvação de nossas almas.

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

A nossa redenção dependeu de dois fiat: o de Maria, na Anunciação, quando aceitou tornar-se mãe do Salvador, e o de Nosso Senhor no Horto das Oliveiras, quando a sua vontade humana se submeteu à vontade do Pai. “Não a minha vontade, mas a sua (1)”. Por três vezes repetiu esta oração em um lugar que nunca mereceu tanto o nome de Getsêmani”, o “lagar” de olivas. Alí, a alma do Salvador sofreu uma agonia (αγωνία, combate em grego), uma tristeza, uma angústia tão extrema que, segundo suas próprias palavras, poderia ter causado sua morte. São Lucas nos dá uma ideia da violência desta luta, dessa luta, ao descrever o suor de sangue que provocou(2). O Coração de Jesus foi prensado, esmagado como uma oliva para que nossas almas pudessem ser ungidas com o óleo da graça.

Nunca Nosso Senhor pareceu tão humano, pedindo a Pedro para vigiar, mesmo que por apenas uma hora, com Ele(3) e implorando a seu Pai que removesse este cálice de tão horrível amargura. Qual é a natureza deste cálice? Quais são os sofrimentos apresentados a Jesus? Continuar lendo

MEDITAÇÕES DE SANTO AFONSO PARA A SEMANA SANTA

Incrível oração a Jesus Nosso Senhor pedindo a contrição dos pecados

Domingo de Ramos

Jesus faz a sua entrada triunfal em Jerusalém

Segunda-feira

Meditação para a manhã: Jesus é levado a Pilatos e a Herodes, e posposto a Barrabás

Meditação para a tarde do mesmo dia: Jesus preso à coluna e flagelado

Terça-feira

Meditação para a manhã: Jesus é coroado de espinhos e apresentado ao povo

Meditação para a tarde do mesmo dia: Jesus é condenado e vai ao Calvário

Quarta-feira

Meditação para a manhã: Quarta Dor de Maria Santíssima – Encontro com Jesus, que carrega a cruz

Meditação para a tarde do mesmo dia: Jesus é crucificado entre dois ladrões

Quinta-feira

Meditação para a manhã: O dia do Amor

Meditação para a tarde do mesmo dia: Quinta Dor de Maria Santíssima – Morte de Jesus

Sexta-feira

Meditação para a manhã: Morte de Jesus

Meditação para a tarde do mesmo dia: Sexta Dor de Maria Santíssima – Jesus é descido da cruz

Sábado Santo

Meditação para a manhã: Sétima Dor de Maria Santíssima – Sepultura de Jesus

Meditação para a tarde do mesmo dia: Soledade de Maria Santíssima depois da sepultura de Jesus

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VISÕES E APARIÇÕES

Aparição de nossa senhora dia 29-01-12.(video).3gp - YouTube

Tradução de Gederson Falcometa

Vivemos em um tempo, em que se fala facilmente de aparições e visões, de comunicações e revelações divinas feitas a almas privilegiadas. Aqui e ali sussurram-se com uma frequência incomum de taumaturgos, profetas e visionários, que se dizem dotados de carismas especiais, que prenunciam da parte de Deus e da Virgem Santíssima, acontecimentos ora felizes e belíssimos, ora funestos e horríveis, que se apresentam com a função de alguma missão celestial extraordinária.

Diante desses fatos, sentimentos e juízos seguem as mais opostas direções. Aqui temos uma credulidade excessiva, precipitada, pouco esclarecida, favorecida pelas circunstâncias dolorosas em que nos encontramos. O cansaço, os medos, as ansiedades, o desejo de alívio e de paz excitam fortemente a alma e aquecem a fantasia. O homem nas suas dores, nas suas necessidades e perigos, invoca apaixonadamente a ajuda e a proteção do Céu, e na expectativa febril, no fervor e no entusiasmo, é levado a transformar o mais pequeno acontecimento, e torna-se facilmente vítima de sugestões e alucinações. Basta um nada para fazê-lo acreditar que vê e ouve o que não existe. Lá se nota, ao invés, uma incerteza meticulosa, temos almas desconfiadas, de temperamento bastante cético, que certamente acreditam no sobrenatural, mas sempre temem comprometer a religião dando fé a alguns desses fatos extraordinários, divulgados entre a multidão, almas que às vezes se deixam levar pela zombaria e ao ridículo fora de lugar. Em outros lugares, encontramos a descrença aberta e sistemática daqueles que, negando a priori qualquer forma de sobrenatural, consideram logicamente todas as visões e revelações divinas como impossíveis e, portanto, chamam de iludidos ou mentirosos aqueles que afirmam serem seus protagonistas. Continuar lendo

OUTRA MEDITAÇÃO PARA O QUARTO DOMINGO DA QUARESMA: TERNA COMPAIXÃO DE JESUS CRISTO PARA COM OS PECADORES

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