02 DE OUTUBRO – DIA DOS SANTOS ANJOS DA GUARDA

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Clique aqui para ler a Meditação de Santo Afonso sobre os Anjos da Guarda.

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Para um bom entendimento sobre questões referentes aos anjos colocamos abaixo alguns links sobre o assunto:

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SANTO TOMÁS PROPÕE A VINGANÇA COMO VIRTUDE. MAS, VINGANÇA NÃO É ALGO RUIM?

A criação, a cosmologia e o pensamento de São Tomás de Aquino

Pe. Juan Carlos Iscara, FSSPX

Entre as virtudes sociais, isto é, aquelas que facilitam a vida dos homens na sociedade, Santo Tomás enumera a vindicta – que deveria ser traduzida como “punição justa” para evitar o sentido pejorativo que a palavra “vingança” tem. É uma virtude ligada à virtude cardeal da justiça, que consiste em punir o malfeitor pelo crime cometido.

Infelizmente, quando se trata de punir criminosos, o mundo moderno parece oscilar entre dois extremos: rigor desproporcionado e leniência exagerada. Portanto, é necessário esclarecer o que entendemos como “vingança”, punição justa.

Não há duvida de que restaurar a ordem perturbada por uma ação má é uma obra boa e virtuosa, exigida pela justiça em si e pela necessidade de manter a ordem social. Porém, em razão de nossa natureza decaída, quando se aplica uma punição, é muito fácil se deixar levar por motivos pecaminosos (raiva desordenada, ódio do criminoso, etc), o que faria a punição perder sua justiça, seu caráter virtuoso, tornando-a um verdadeiro pecado.

Santo Tomás explica: Continuar lendo

06 DE AGOSTO: TRANSFIGURAÇÃO DE NOSSO SENHOR

Transfiguração de Nosso Senhor Jesus Cristo - Arsenal Católico

Hoje comemoramos a Transfiguração de Nosso Senhor.

Tratando desse assunto, Santo Tomás discorre 4 artigos:

Uma Meditação de Santo Afonso de Ligório em relação ao tema pode ser lida clicando aqui.

06 DE AGOSTO: TRANSFIGURAÇÃO DE NOSSO SENHOR

Transfiguração de Nosso Senhor Jesus Cristo - Arsenal Católico

Hoje comemoramos a Transfiguração de Nosso Senhor.

Tratando desse assunto, Santo Tomás discorre 4 artigos:

Uma Meditação de Santo Afonso de Ligório em relação ao tema pode ser lida clicando aqui.

AS 7 DORES DE SANTO TOMÁS DE AQUINO

Por vezes, acredita-se que a vida de Santo Tomás de Aquino foi de uma doce contemplação. Mas fora exatamente o oposto.

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

Por vezes, acredita-se que a vida de Santo Tomás foi de uma contínua e doce contemplação, que ele conheceu apenas alegrias espirituais e consolações intelectuais e que morreu cercado pelo afeto dos seus. Mas a verdade é exatamente oposta.

1 – Aos 20 anos, em 1244, quando era noviço dominicano, foi sequestrado por seus irmãos. Sua família queria que ele se tornasse um beneditino, a fim de que pudesse se tornar abade de Monte Cassino, uma posição de prestígio. Mas ele foi chamado a servir a Deus em uma Ordem mendicante. Teve, por conseguinte, que enfrentar a oposição de sua mãe e de seus irmãos. Levado de volta manu militari ao castelo da família, ficou trancado lá por cerca de um ano. Um ano preenchido pela oração e leitura dos Padres da Igreja, mas um ano vivido no sofrimento de não poder continuar seu noviciado em condições normais.

2 – Em 1252, Frei Tomás foi nomeado em Paris para ensinar como bacharel sentenciado. Tinha 27 anos. Foi nessa época que surgiu uma animada disputa entre os seculares e os regulares. Guillaume de Saint-Amour perseguiu os mendicantes para impedi-los de ensinar. Os dominicanos e os franciscanos são expulsos da corporação universitária. O Papa Inocêncio IV pronunciou-se a favor dos seculares. Do ponto de vista acadêmico, a situação dos mendicantes era desesperadora. A perseguição foi até mesmo física, de tal modo que, em janeiro de 1256, o rei São Luís teve que enviar guardas para proteger os conventos parisienses contra ataques. Os frades pregadores estavam dispostos a sofrer o martírio nas mãos dos infiéis, mas não esperavam suportá-lo da parte de seus irmãos católicos.

Finalmente, o novo papa, Alexandre IV, anulou as disposições de seu antecessor. O Frei Tomas, portanto, sofreu perseguição desde o início de sua vida religiosa. Como disse São Paulo, quem quiser viver piedosamente em Cristo Jesus sofrerá perseguição(1).

Por vezes imaginamos Santo Tomás estimado por todos os teólogos, ouvido pelos intelectuais de seu tempo, admirado por seus alunos, louvado pelos papas, honrado pelos cardeais, consultado por todos os grandes deste mundo. Esta visão é parcial e muito incompleta. Como Nosso Senhor durante sua vida pública, Frei Tomas foi odiado por muitos de seus contemporâneos, e sua sensibilidade aguçada sofria com isso. Alguns pequenos intelectuais católicos viram em sua doutrina um perigo mortal para a fé católica. Continuar lendo

06 DE AGOSTO: TRANSFIGURAÇÃO DE NOSSO SENHOR

Transfiguração de Nosso Senhor Jesus Cristo - Arsenal Católico

Hoje comemoramos a Transfiguração de Nosso Senhor.

Tratando desse assunto, Santo Tomás discorre 4 artigos:

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A SUBORDINAÇÃO DA ORDEM TEMPORAL À ESPIRITUAL SEGUNDO SÃO TOMÁS

Resultado de imagem para alvaro calderónRev. Pe. Álvaro Calderón, FSSPX

A relação dos poderes espiritual e temporal na Igreja pode ilustrar-se mediante a analogia:

O espiritual está para o temporal na Igreja como a alma está para o corpo no homem

A analogia com a alma e o corpo

Quando São Tomás tem que explicar a intervenção do poder espiritual nos assuntos temporais, recorre à analogia da alma e do corpo. À objeção que diz: “a potestade espiritual é distinta da temporal, mas, às vezes, os prelados, que têm potestade espiritual, se intrometem nas coisas que pertencem ao poder temporal”; responde: “a potestade secular se submete à espiritual como o corpo à alma; e por isto não há juízo usurpado se um prelado espiritual se intromete nas coisas temporais com respeito àqueles assuntos nos quais a potestade secular lhe está submetida, ou que a potestade secular deixa a seu cuidado”[1].

As coisas análogas certamente não são iguais em tudo, mas todas as analogias acima consideradas não são metafóricas, senão próprias, pelo que valem naquilo que têm de mais caraterístico. Ao comparar a constituição do espiritual e do temporal na Igreja com a alma e o corpo no homem, quer-se afirmar, primeiro e principalmente, que:

  • Não são duas realidades completas na sua ordem, senão dois co-princípios que constituem um todo único. Assim como o corpo e a alma não são duas substâncias que existem de modo separado, senão que são dois princípios que se complementam para que exista a única substância composta que é o homem, assim também a ordem espiritual e a temporal não são duas sociedades que possam existir de modo separado como realidades completas, senão que são dois elementos complementares da única e mesma realidade social: A Igreja.
  • À objeção que diz que a Igreja e o Estado são duas sociedades perfeitas responde-se que são sociedades perfeitas no aspecto jurídico, no sentido em que ambas as potestades são supremas na sua ordem, mas ambos ordenamentos jurídicos têm por sujeitos os mesmos homens e ambos são necessários para alcançar o mesmo e único fim último sobrenatural.
  • No segundo lugar, afirma-se que são princípios realmente distintos, com origem distinta e capazes de se separarem: Assim como a alma tem sua origem em Deus e o corpo nos pais, e depois de unidos poderiam separar-se, deixando a alma a sua condição de temporal e passando o corpo a cadáver, assim também o poder espiritual vem de cima e o poder temporal tem suas raízes na história pátria e poderiam separar-se, ficando no Céu a Igreja triunfante e na terra cadáveres de cidades. Mas, assim como a separação total do corpo e da alma implica a morte do homem, também a separação completa do poder espiritual de toda sociedade temporal implicaria a morte da Igreja militante, o que Cristo prometeu que não iria acontecer.

Não é fácil compreender este duplo aspecto aparentemente contraditório pelo qual se tem uma realidade única mas ao mesmo tempo uma distinção real, e só o gênio de Aristóteles pode expressá-lo com as noções de matéria e forma (potência e ato). Para compreender melhor de que modo podem constituir uma mesma coisa, temos que considerar como estes dois princípios se abraçam em mútua causalidade. Temos então que: Continuar lendo

02 DE OUTUBRO – DIA DOS SANTOS ANJOS DA GUARDA

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Para um bom entendimento sobre questões referentes aos anjos colocamos abaixo alguns links sobre o assunto:

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06 DE AGOSTO: TRANSFIGURAÇÃO DE NOSSO SENHOR

Transfiguração de Nosso Senhor Jesus Cristo - Arsenal Católico

Hoje comemoramos a Transfiguração de Nosso Senhor.

Tratando desse assunto, Santo Tomás discorre 4 artigos:

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EM QUE MOMENTO A PESSOA PASSA A TER SEU ANJO DA GUARDA?

O Anjo da Guarda (1690) de Luca Giordano | Tela para Quadro na ...O quinto [artigo] discute-se assim — Parece, que o anjo não é delegado, para guardar o homem desde o nascimento deste.

  1. — Pois, os anjos são mandados em ministério, a favor daqueles que hão de receber a herança da salvação, como diz o Apóstolo. Ora, os homens começam a receber a herança da salvação, quando batizados. Logo, o anjo é delegado para guardar o homem, desde o tempo do batismo e não desde o nascimento.
  2. Demais. — Os homens são guardados pelos anjos, enquanto estes os iluminam pela doutrina. Ora, os recém-nascidos não são capazes de doutrina por não terem o uso da razão. Logo, não lhes são delegados anjos da guarda.
  3. Demais. — As crianças no ventre materno têm, depois de certo tempo, alma racional, bem como a têm depois da natividade. Ora, enquanto no ventre materno, não lhes são delegados anjos da guarda, como se sabe, porque os ministros da Igreja ainda não lhes comunicaram os sacramentos. Logo, não são delegados aos homens anjos da guarda, imediatamente depois do nascimento.

Mas, em contrário, diz Jerônimo, que cada alma, imediatamente depois de nascida, tem um anjo da guarda que lhe é deputado.

Solução. — Como diz Orígenes há, sobre este assunto, dupla opinião. Assim, uns ensinam que o anjo é dado ao homem, como guarda, desde o tempo do batismo. Outros porém, que desde o tempo do nascimento. E esta opinião Jerônimo a aprova, e com razão. Pois, os benefícios dados ao homem por Deus, desde que é cristão, começam do tempo do batismo, como receber a Eucaristia e outros. Ora o que a Providência divina dá ao homem, desde que este tem natureza racional, ele o recebe desde que ao nascer tem tal natureza. E tal benefício é a guarda dos anjos, como resulta claro do que já foi dito. Por onde, desde a sua natividade, o homem tem um anjo da guarda, que lhe é deputado. 

Donde a resposta à primeira objeção. — Os anjos são enviados em ministério eficaz, só quanto àqueles que hão de receber a herança da salvação, se se considerar o efeito último da guarda, que é o recebimento da herança. Contudo, também os outros não são privados desse ministério. Pois embora este não tenha a eficácia de os levar à salvação, é todavia eficaz,pelos livrar de muitos males.

Resposta à segunda. — A função de guardar se ordena à iluminação da doutrina, como ao último e principal efeito. Contudo, tem também muitos outros efeitos, que convêm às crianças, a saber, afastar os demônios e livrar de outros males, tanto corpóreos como espirituais.

Resposta à terceira. — Enquanto no ventre materno, a criança não está totalmente separada da mãe, sendo por uma como ligação ainda algo dela, assim como o fruto pendente é algo da árvore. E por isso pode-se provavelmente, dizer que o anjo que guarda a mãe, guarda a prole existente no ventre materno. Mas, ao separar-se da mãe, pela natividade, é lhe deputado um anjo da guarda, como diz Jerônimo.

(II Sent., dist. XI, part. I, a. 3. corp. et ad 3)

06 DE AGOSTO: TRANSFIGURAÇÃO DE NOSSO SENHOR

Transfiguração de Nosso Senhor Jesus Cristo - Arsenal CatólicoHoje comemoramos a Transfiguração de Nosso Senhor.

Tratando desse assunto, Santo Tomás discorre 4 artigos:

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SANTO TOMÁS DE AQUINO E A PENA DE MORTE – É LÍCITO AOS JUÍZES INFLIGIR PENAS

Resultado de imagem para são tomás de aquinoSuma Contra os Gentios, livro 3, Capítulo 146

1 – Como alguns desprezam as penas infligidas por Deus, pois, estando entregues aos sentidos, cuidam só do que vêem, foi determinado pela providência divina que houvesse homens na terra, os quais, pelas penas sensíveis e atuais, forcem os outros à observância da justiça. Evidentemente eles não pecam ao punirem os maus, pois ninguém peca porque observa a justiça. Ora, pertence aos justos punir os maus, porque pela pena a culpa é punida, como se depreende do supradito (c. 140). Logo, os juízes não pecam ao punirem os maus.

2 – Além disso, na terra, os homens colocados acima dos outros são como executores da providência divina, pois Deus, pela ordenação da sua providência, realiza as coisas inferiores mediante as superiores, como se depreende do que foi dito acima (cc. 77 ss). Ora, ninguém peca seguindo a ordenação da providência divina. Além disso; é próprio da providência divina punir os maus e premiar os bons, como se depreende do que foi dito acima (c. 140). Logo, os homens que governam os outros não pecam ao premiar os bons e castigar os maus.

3 – Além disso, não é o bem que necessita do mal, porém este, daquele. Por isso, o que é necessário para a conservação do bem não pode ser em si mesmo mau. Ora, para a conservação da harmonia entre os homens é necessária a imposição das penas. Logo, punir os maus não é em si mesmo mau.

4 – Além disso, o bem comum é melhor que o bem particular de um só (in I Ethic 1, 1094b; Sententia Ethic., lib. 1 l. 7 n. 2). Por isso, pode-se excluir o bem particular, para a conservação do bem comum. Ora, a vida de alguns homens perniciosos prejudica o bem comum, que consiste na harmonia da sociedade humana. Logo, esses homens devem ser afastados do convívio humano pela morte. Continuar lendo

HOMEM DESDE O MOMENTO DA CONCEPÇÃO

Fonte: FSSPX México – Tradução: Dominus Est

Concebido no ventre de sua mãe, esse pequeno embrião, dê a ele o nome que quiser, já é um homem. Se antigamente poderia duvidar-se que houvesse uma nova vida humana no ventre de uma mãe, desde o momento da concepção da criança – com tudo o que isso implica –, a ciência hoje não nos deixa nenhuma dúvida: interromper a gravidez voluntariamente, ainda que fosse possível fazê-lo no primeiro momento da concepção, seria assassinar um inocente e privá-lo para sempre da visão de Deus. Tal crime não pode ser descriminalizado sem incorrer em terríveis castigos para uma nação inteira.

A alma do embrião na biologia tomista

Este poderia ser o título de um livro inteiro e estamos escrevendo apenas um artigo em uma revista de divulgação, mas diremos algumas coisas. Interessa enormemente ao moralista e ao teólogo definir com precisão o momento em que o homem recebe a alma espiritual, e o instante em que a perde. Porém determinar precisamente o momento da concepção de um organismo vivo, com suas diferentes etapas e também o instante de sua morte, não pertence propriamente ao moralista nem ao que é comumente entendido por um teólogo, senão ao biólogo.

E hoje que a biologia moderna fez progressos tão maravilhosos, parece que a “Suma Teológica” de São Tomás de Aquino já não tem mais nada a nos dizer. Mas, certamente, não é assim.

A ciência moderna perdeu, há muito tempo, a sabedoria, pois desconfiou da inteligência e se apegou à observação e à medida. Daí que seus progressos foram reduzidos à ordem puramente corporal e material, que é sensível e quantificável, perdendo de vista de toda a realidade que se eleve acima deste horizonte, pois já não sabe ver com a mente.

Ela perdeu a capacidade de perceber, então, não só a realidade da alma espiritual, própria do homem, mas também a dos princípios animadores dos organismos vivos – a alma animal e vegetal – que, embora dependam, em sua existência, da organização material – que poderíamos chamar de físico-química – no entanto, não apenas não se reduzem a ela, senão que, precisamente, a organizam e a governam. Essa carência não causa tantos problemas para a física, mas é uma catástrofe na biologia.  Continuar lendo

TEMPO DO ADVENTO: DA NECESSIDADE DA ENCARNAÇÃO QUANTO À SATISFAÇÃO SUFICIENTE PELO PECADO

FRA_ANGELICOI. Uma satisfação pode ser considerada suficiente de duplo modo: Primeiro, perfeitamente; quando é condigna por uma certa adequação, para recompensar a culpa cometida. E, assim, uma suficiente satisfação não podia existir da parte do homem; pois, a natureza humana estava corrupta na sua totalidade pelo pecado; nem o bem de nenhuma pessoa, nem ainda o de muitas, podia, por equiparação, recompensar o detrimento de toda a natureza. Quer também porque o pecado. cometido contra Deus implica uma certa infinidade, relativamente à infinidade da majestade divina; pois, tanto mais grave é a ofensa, quanto maior é aquele contra quem se delinqüiu. Por onde, uma satisfação condigna exigia que o ato do satisfaciente tivesse uma eficácia infinita, como dizendo respeito a Deus e ao homem. 

Noutro sentido, uma satisfação pode ser considerada suficiente, imperfeitamente; isto é, quanto à aceitação de quem com ela se contenta, embora não seja condigna. E, deste modo, a satisfação do puro homem é suficiente. E como tudo o que é imperfeito pressupõe algo de perfeito, em que se funda, daí vem que toda a satisfação de um puro homem, tira a sua eficácia da satisfação de Cristo.

(IIIa., q. 1, a. 2, ad 2)

II. A Encarnação traz a confiança na remissão do pecado:  Assim como o homem é disposto para a bem-aventurança pela virtude, dela é também impedido pelo pecado. Ora, o pecado contrário à virtude é impedimento para a bem-aventurança, não só porque traz uma certa desordem à alma, enquanto a afasta da ordenação para o devido fim, como também ofendendo a Deus, de quem espera o prêmio da bem-aventurança (…) Além disso, tomando o homem consciência dessa ofensa, pelo pecado perde a confiança de se dirigir para Deus, confiança necessária para a aquisição da bem-aventurança.

É, pois, necessário ao gênero humano, que transborda de pecados, que lhe seja ministrado um remédio contra os pecados. Ora, esse remédio não pode vir senão de Deus, que pode mover a vontade humana para o bem, repondo-a na devida ordem, e pode perdoar a ofensa que recebeu, porque uma ofensa só é perdoada por quem recebe. 

Mas, para o homem librar-se de uma ofensa passada, é necessário que ele tenha conhecimento do perdão vindo de Deus. No entanto, só pode ficar certo disso, se Deus certificá-lo.

Por isso, foi conveniente e útil ao gênero humano, para que se conseguisse a bem-aventurança, que Deus se fizesse homem. Desse modo conseguiria de Deus perdão dos pecados e, pelo Deus-homem, a certeza desse perdão.

(Contr. 4, 54)

Meditações tiradas da obra de S. Tomás – Pe. D. Mézard

TEMPO DO ADVENTO: DA NECESSIDADE DA ENCARNAÇÃO – PARTE 2

ENCARNAÇÃO DO VERBO DE DEUS – Agência Boa Imprensa – ABIM

Foi necessário que Deus se encarnasse não somente para fazer avançar o homem no bem, mas para removê-lo do mal.

1. Porque assim o homem é instruído para não preferir o diabo a si nem venerá-lo a ele, o autor do pecado. Por isso diz Agostinho: Pois que a natureza humana pode assim unir-se a Deus, de modo a fazer com ele uma só pessoa, aqueles soberbos espíritos malignos não ousem antepor-se ao homem, pois não têm carne
2. Porque isso nos adverte quão grande seja a dignidade da natureza humana, para não a inquinarmos pelo pecado. Por onde, diz Agostinho: Deus nos mostrou quão excelso lugar tem a natureza humana entre as criaturas, por ter se manifestado aos homens como verdadeiro homem. E Leão Papa diz: Reconhece, ó Cristão, a tua dignidade; e, feito consorte da natureza divina, não queiras por uma volta degenerada tornar à antiga vileza
3. Porque, para eliminar a presunção humana, a graça de Deus, sem nenhuns méritos precedentes, se nos inculca no homem Cristo. 
4. Porque a soberba do homem, que é o máximo impedimento para nos unirmos a Deus, pode ser neutralizada e curada pela tão grande humildade de Deus. 
5. Para livrar o homem da servidão do pecado. O que, no dizer de Agostinho, devia realizar-se de modo que o diabo fosse vencido pela justiça do homem Jesus Cristo; e isso se deu por ter Cristo satisfeito por nós. Pois, um puro homem não podia satisfazer por todo o gênero humano; e Deus não devia satisfazer. Por onde era necessário que Jesus Cristo fosse Deus e homem. Por isso diz Leão Papa: A fraqueza é assumida pela força, pela majestade a humildade; de modo que, como convinha ao remédio à nossa salvação, um mesmo mediador entre Deus e os homens pudesse, como homem, nascer, e como Deus, ressurgir. Pois, se não fosse verdadeiro Deus não daria remédio; e se não fosse verdadeiro homem, não daria o exemplo
E há ainda muitas outras utilidades daí resultantes, superiores à compreensão dos sentidos do homem. 

TEMPO DO ADVENTO: DA NECESSIDADE DA ENCARNAÇÃO – PARTE 1

encarDe dois modos pode uma coisa ser considerada necessária para um determinado fim. Primeiro, como aquilo sem o que o fim não pode existir; assim, o alimento é necessário à conservação da vida humana. De outro modo, como o meio pelo qual melhor e mais convenientemente se chega ao fim: assim, o cavalo é necessário para viajar. Do primeiro modo não era necessário, para a reparação da natureza humana, que Deus se encarnasse. Pois, pela sua onipotente virtude, Deus podia reparar por muitos outros modos a natureza humana. Do segundo, modo, era necessário que Deus se encarnasse, para a reparação da natureza humana. por isso, Agostinho diz: mostremos que não faltava a Deus nenhum outro modo possível, a cujo poder todas as coisas estão igualmente sujeitas; mas, não existia nenhum outro modo mais conveniente para obviar à nossa miséria. E isto podemos considerar relativamente à promoção do homem no bem:

  1. Quanto à fé, que mais se certifica por crer na palavra mesma de Deus, Donde o dizer Agostinho: Para que o homem mais confiadamente trilhasse o caminho da verdade, a própria Verdade, o Filho de Deus, assumindo a humanidade, constituiu e fundou, a fé. 
  2. Quanto à esperança, que assim por excelência se exalça. Donde o dizer Agostinho: Nada foi tão necessário para exalçar a nossa esperança, do que a demonstração de quanto Deus nos ama. Pois, que indício mais manifesto desse amor do que ter-se o Filho de Deus dignado entrar em consórcio com a nossa natureza
  3. Quanto à caridade, que assim sobremaneira se excita. Por isso, diz Agostinho: Que maior causa do advento do Senhor do que mostrar Deus o seu amor para conosco? E depois acrescenta: Se nos custava amá-lo, que ao menos não custe corresponder-lhe ao amor. 
  1. Quanto a obrar retamente, do que se nos deu como exemplo. Donde o dizer Agostinho: Não se devia seguir o homem que podia ser visto; devia-se seguir a Deus, que não podia ser visto. Pois, para que se manifestasse ao homem e fosse visto do homem e o seguisse o homem, Deus fez-se homem
  1. Quanto à participação da divindade, que é a Verdadeira beatitude do homem e o fim da vida humana. O que nos foi conferido pela humanidade de Cristo; assim, diz Agostinho: Deus se fez homem para o homem fazer-se Deus.

Meditações tiradas da obra de S. Tomás – Pe. D. Mézard

TEMPO DO ADVENTO: A CONVENIÊNCIA DA ENCARNAÇÃO

angeli19I. – Convenientíssimo parece que as coisas invisíveis de Deus se manifestem elas visíveis; pois, para tal foi feito todo o mundo, segundo as palavras do Apóstolo (Rom 1, 20): “As coisas invisíveis de Deus se vêem consideradas pelas obras que foram feitas“. Ora, como diz Damasceno, pelo mistério da Encarnação se manifesta ao mesmo tempo a bondade, a sabedoria, a justiça e o poder ou virtude de Deus. A bondade, pois não desprezou a fraqueza da sua própria criatura; a justiça porque não deu a outrem senão ao homem o poder de vencer o tirano, nem livrou o homem da morte pela violência; a sabedoria, porque deu a mais cabal solução a um problema dificilimo; o poder enfim ou a virtude infinita, pois nada há de maior ao fato de Deus ter-se feito homem. Logo, foi conveniente Deus ter-se encarnado.

II. – A cada coisa é conveniente o que lhe cabe segundo à essência da sua própria natureza; assim, convém ao homem raciocinar por ser de natureza racional. Ora, a natureza mesma de Deus é a bondade, como está claro em Dionísio. Por onde, tudo o que pertence essencialmente ao bem convém a Deus. Ora pertence essencialmente ao bem o comunicar-se aos outros, como está claro em Dionísio. Por onde, pertence à essência do sumo bem comunicar-se de maneira suma à criatura. O que sobretudo se realiza por ter-se a si mesmo unido a natureza criada, de modo a fazer uma só pessoa dos três, o Verbo, a alma e a carne, como diz Agostinho. Por onde, é manifesto que foi conveniente que Deus se tivesse encarnado.

III. – Ser unida a Deus, na unidade de pessoa, não era conveniente à carne humana, pela condição da sua natureza, porque isso lhe sobrepujava a dignidade dela. Mas, foi conveniente a Deus, pela infinita excelência da sua bondade uní-la a si, para a salvação humana.

Diz Agostinho: “Deus é grande, não como uma mole, mas, pela sua virtude. Por isso, a grandeza da sua virtude não se comprimiu com a exiguidade local. Não é, portanto, incrível ao passo que o verbo transitório do homem, seja total e simultaneamente ouvido por muitos e por cada um, que o Verbo Deus, permanente, esteja total e simultaneamente em toda parte. Por onde, nenhum inconveniente resulta para eus encarnado.

IIIa., q. 1, a. 1

Meditações tiradas da obra de S. Tomás – Pe. D. Mézard

TEMPO DO ADVENTO: A IMENSIDÃO DO AMOR DE DEUS

tomasPorque Deus amou de tal modo o mundo, que lhe deu seu filho Unigênito, para que todo o que crê nele, não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16)

A causa de todos nosso bens é o Senhor e o amor divino. Amar, propriamente, é querer o bem a alguém. Portanto, por ser a vontade de Deus causa das coisas, e porque Ele nos ama, sobrevem-nos o bem. 

O amor de Deus é causa do bem da natureza. Também o é do bem da graça: “Eu amei-te com amor eterno; por isso te atrai” (Jr 31), isto é, pela graça.

Mas, que seja também o que dá o bem da graça, resulta de grande caridade. Demonstra-se aqui ser máxima esta caridade de Deus, por quatro motivos:

  1. Pela pessoa que ama, pois é Deus quem ama e o faz imensamente. Por isso diz: Porque Deus amou.
       
  2. Pela condição de quem é amado, pois é ao homem que se ama, mundano, carnal, isto é, vivendo em pecado. “sendo nós inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu filho” (Rom 5, 10). Por isso diz: mundo
     
  3. Pela grandeza do dom, pois o amor prova-se pelo que se dá. Como diz Gregório, a prova do amor é a revelação da obra. Ora, de Deus recebemos o maior dos dons, pois deu seu filho Unigênito. Seu filho, isto é, natural, consubstancial a si, não adotivo. Unigênito, para demonstrar que Deus não dirigiu seu divino amor a múltiplos filhos, mas dirigiu-o todo ao Filho que nos deu como prova de seu imenso amor.
  1. Pela grandeza do fruto, pois por ele temos a vida eterna. Por isso diz: Para que todo o que crê nele, não pereça, mas tenha a vida eterna, que conquistou para nós morrendo na cruz.

Diz-se de alguém que pereceu porque foi impedido de alcançar o fim ao qual estava ordenado. O homem está ordenado a vida eterna e, quando peca, desvia-se deste mesmo fim. Enquanto vive, não perece de todo, pois pode restaurar; quando morre em pecado, então perece de todo.

Com estas palavras, “tenha a vida eterna”, verifica-se a imensidão do amor divino; pois, ao dar a vida eterna, da-se a si mesmo. Ora, a vida eterna nada mais é do que o gozo de Deus. Dar-se a si mesmo é indício de grande amor.

(In Joan. 3)

Meditações tiradas da obra de S. Tomás – Pe. D. Mézard

ESPECIAIS DO BLOG: A AVE MARIA

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Em mais uma “Operação Memória” de nosso blog, trazemos novamente os links para as explicações da Ave Maria, segundo Santo Tomás de Aquino:

OBS: Como é perceptível, há apenas a primeira parte da Ave Maria. Lembramos que a segunda parte da Oração foi acrescentada apenas nos séculos XV e XVI.

ESPECIAIS DO BLOG: O PAI NOSSO

Resultado de imagem para jesus ensinando pai nossoEm mais uma “Operação Memória” de nosso blog, trazemos novamente os links para as explicações do Pai Nosso, segundo Santo Tomás de Aquino:

06 DE AGOSTO: TRANSFIGURAÇÃO DE NOSSO SENHOR

Transfiguração de Nosso Senhor Jesus Cristo - Arsenal Católico
Hoje comemoramos a Transfiguração de Nosso Senhor.

Tratando desse assunto, Santo Tomás discorre 4 artigos:

Uma Meditação de Santo Afonso de Ligório em relação ao tema pode ser lida clicando aqui.

PANGE LINGUA GLORIOSI

Canta, minha língua
Este mistério do corpo glorioso,
E do sangue precioso,
Que, do fruto de um ventre generoso
O rei das nações derramou
Como preço da redenção do mundo.

Dado a nós, por nós nascido
De uma intacta virgem,
E no mundo vivendo,
Espalhando a semente da palavra,
O tempo certo da sua permanência
Encerrou no rito admirável.

Na ceia da última noite
Reclinando-se com seus irmãos
Tendo observado plenamente
A lei da festa prescrita,
Deu a si mesmo com as suas mãos
Somo alimento ao grupo de doze

O verbo encarnado, o pão real
Com sua palavra muda em carne:
O vinho torna-se o sangue de cristo,
E como os sentidos falham,
Para firmar um coração sincero
Apenas a fé é eficaz.

O sacramento tão grande
Veneremos curvados:
E a antiga lei
Dê lugar ao novo rito:
A fé venha suprir
A fraqueza dos sentidos.

Ao pai e ao filho
Saudemos com brados de alegria,
Louvando-os, honrando-os, dando-lhes
Graças e bendizendo-os:
Ao espírito que procede de ambos
Demos os mesmos louvores.

Amém. Continuar lendo

A AMIZADE

Resultado de imagem para sentados banco amigosUma das características mais notáveis da ciência moral que Santo Tomás de Aquino, seguindo aqui a Aristóteles, prescreve dever ser ensinada aos que se preparam para a contemplação, está no fato de que ela não se esgota com a aquisição das virtudes. Ao contrário, o Comentário ao VIII e IX da Ética afirma que mais ainda do que as virtudes, pertence à ciência moral mostrar o que seja a verdadeira amizade entre os homens.

Há várias razões, diz o Comentário à Ética, pelas quais a amizade pertence ao âmbito da ciência moral que deve formar o aluno para a contemplação.

Primeiro, porque pertence à ciência moral tratar das virtudes; ora, a amizade não é uma virtude, mas a verdadeira amizade tem a virtude como sua causa (149).

Em segundo lugar, pertence à ciência moral a consideração de todas as coisas que são necessárias à vida humana, entre as quais é maximamente necessária a amizade, pois ninguém corretamente disposto pelas virtudes escolheria viver possuindo todos os demais bens exteriores sem os amigos (150).

Em terceiro lugar, a amizade concorre para o bem civil, ao qual se ordena a ciência moral, pois as cidades parecem se conservar pela amizade, e por isso mesmo é que os bons legisladores preocupam-se em conservar a amizade entre as cidades mais até do que a justiça, acerca da qual, às vezes, deixam de aplicar as penas para não dar origem a discórdias (151). Continuar lendo

TRADIÇÃO CATÓLICA SEMPRE ENTENDEU QUE É JUSTO COMBATER A FALSA PAZ QUE O SENHOR “NÃO VEIO TRAZER À TERRA”

Os que fazem guerras justas procuram a paz. Consequentemente não se opõem à paz, a não ser à paz má que o Senhor “não veio trazer à terra”, segundo o Evangelho de Mateus (10, 34)

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Batalha de Lepanto. Convocada pelo Papa S. Pio V que, a duros esforços, coordenou os interesses das potências católicas e levou-as à vitória de Lepanto, em 7 de outubro de 1571. A importância desta vitória, para a defesa de uma Europa cristã, obtida em circunstâncias militares muito difíceis, levaram o Papa Pio V a instituir naquela data o dia de Nossa Senhora da Vitória, bem como a divulgar, em toda a cristandade a prática da oração do Rosário, cuja origem é tradicionalmente atribuida à aparição da Santa Virgem ao fundador da Ordem dos Pregadores, São Domingos de Gusmão

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Parece que guerrear é sempre um pecado, pois:

  1. Não se aplica uma pena a não ser para um pecado. Ora, no Evangelho de Mateus (26, 52) o Senhor notifica com uma pena os que fazem a guerra: “Todos os que tomam a espada, pela espada perecerão”. Logo, a guerra é sempre ilícita.
  2. Tudo o que é contrário a um preceito divino é pecado. Ora, guerrear é contrário a um preceito divino, pois no Evangelho de Mateus (5, 39) se diz: “Eu vos digo: não resistais ao homem mau”, e na Carta aos Romanos (12, 19): “Não vos defendais, meus amados; mas daí lugar à ira”. Logo, é sempre um pecado fazer a guerra.
  3. Somente o pecado se opõe a um ato de virtude. Ora, a guerra se opõe à paz. Logo, é sempre pecado.

No entanto, Agostinho escreve: “Se a moral cristã julgasse que a guerra é sempre culpável, quando no Evangelho soldados pedem um conselho para a sua salvação, dever-se-ia responder-lhes que jogassem fora as armas e abandonassem completamente o exército. Ora, se lhes diz: ‘Não molesteis a ninguém, contentai-vos com vosso soldo’. Prescrever-lhes que se contentem com seu soldo não os proíbe combater”. Continuar lendo