CRISTIANISMO E ESOTERISMO

Fonte: Sì Sì No No, Ano LI n. 6 — Tradução: Verbum Fidelis

Nota da tradução: Por haver no meio brasileiro católico quem acredite na ideia bocó fábula da “tradição primordial” reservada aos “iniciados”, ou em uma “gnose cristã” (sic), achei por bem traduzir esse artigo do jornal sì sì no no.

Introdução

Alguns ocultistas, entre eles Edouard Schuré, tentaram acreditar na extravagante teoria do “cristianismo esotérico”.

De acordo com sua hipótese, até mesmo Jesus seria um “grande iniciado”, um “mestre do ocultismo” e um “gnóstico” como poucos ao longo da história humana.

Para apoiar sua tese, eles se baseiam em certas frases da Sagrada Escritura, tiradas de seu contexto e explicadas de uma maneira que difere da interpretação unânime dos Padres da Igreja, dos Doutores Escolásticos e dos Exegetas neoescolásticos aprovados pela Igreja.

A doutrina ouvida de forma oculta ou “dito ao ouvido”

Por exemplo, eles citam o Discurso (Jo. XIII) que Jesus deu aos Apóstolos durante a Última Ceia, no qual — entre outras coisas — Ele disse: “o que é dito ao ouvido, pregai-o sobre os telhados” (Mt. X, 27); donde concluem que Cristo tinha um ensinamento exclusivamente oculto ou esotérico, que teria reservado apenas aos Doze Apóstolos e seus discípulos, mas não a todos os fiéis; portanto, o cristianismo também seria essencialmente uma religiosidade elitista e ocultista reservada a uns poucos iniciados, eleitos ou gnósticos; enquanto a massa dos cristãos teria recebido — de Jesus, seus apóstolos e discípulos — apenas uma doutrina secundária, trivial, elementar e inferior. Continuar lendo

O REINADO SOCIAL DE CRISTO NO BRASIL PELA EUCARISTIA

D. José Pereira Alves

Conferência realizada em Buenos Aires

Fonte: Permanencia

O nosso Brasil é uma pátria eucarística. Deus lhe concedeu essa predestinação histórica. A sua vocação cristã não foi apenas assinalada pela cruz erguida na terra virgem. Nas mãos de Frei Henrique de Coimbra, sob a verde umbela da mata rumorosa e selvagem, na primeira Missa da descoberta, a hóstia divina pairou como uma bandeira viva de Cristo proclamando a posse sagrada do território. Nosso Senhor armava na região desconhecida o seu pavilhão eucarístico. Alçava o pendão de sua realeza. O Brasil recebia o seu batismo na pia do altar. Desde aquele instante supremo seria o país do Coração Eucarístico, o Tabor do S. S. Sacramento.

A sua configuração geográfica seria quase a forma de um coração.

Cruzes e corações se encontrariam incrustados nos exemplares de sua flora e nas estrelas do céu. Deus o escolhera para ser o soldado do seu tabernáculo e arauto do Rei de Amor.

O culto da Eucaristia se irradiou por toda a nacionalidade com a aurora profética da primeira Missa.

O Cristo prometia a si mesmo operar uma nova transfiguração.

O Brasil se transfiguraria pela adoração e pelo amor da Hóstia Santa numa apoteose perene ao Cristo, Rei das nações que Ele recebeu em herança. Estão aí presentes em toda a sua visibilidade histórica os documentos desta fé eucarística que produziu, em nossa terra e sociedade, o milagre de uma unidade espiritual que serve de base indestrutível à unidade geográfica, racial e social de todo o nosso imenso país. Continuar lendo

MÊS DE JULHO, DEDICADO AO PRECIOSÍSSIMO SANGUE DE JESUS CRISTO

sangueFoste imolado e resgataste para Deus, ao preço de teu sangue, homens de toda tribo, língua, povo e raça” (Ap 5,9).

Fonte: Hojitas de Fe, 203, Seminário Nossa Senhora Corredentora
Tradução: 
Dominus Est

A Igreja dedica todo o mês de julho ao amor e adoração do Preciosíssimo Sangue de nosso Salvador Jesus. É justo que nós adoremos na santa humanidade de Cristo, com um culto especial, aquelas partes que são mais significativas de algum mistério ou perfeição divina; e assim honramos:

• SEU CORAÇÃO: para prestar culto ao seu amor infinito;

• SUAS CHAGAS: para prestar culto a suas dores e sua paixão;

• SEU SANGUE: para prestar culto ao preço de nossa Redenção.

No entanto, esse culto do Sangue do Salvador assume um caráter festivo no mês de julho e na festa com a qual este mês inicia. Já na Quinta-feira Santa celebramos a instituição da Eucaristia e na Sexta-feira Santa o Sangue de Cristo derramado por nós; mas o acento da celebração centrava-se em sentimentos de dor, de compunção, de contrição. A Igreja volta depois a dar culto à Sagrada Eucaristia na festa de Corpus Christi, e também à Paixão e Sangue do Salvador, mas com maior ênfase nos sentimentos de alegria e triunfo.

Por este culto nós agradecemos a Nosso Senhor a Redenção como uma vitória já obtida, e nos exultamos em tomar parte entre o número dos redimidos, daqueles que foram lavados no Sangue do Cordeiro. E prestamos culto de latria ao Sangue do Redentor, reconhecendo especialmente uma virtude salvadora, como se vê: Continuar lendo

30/06/25 – 37 ANOS DAS SAGRAÇÕES EPISCOPAIS EM ÉCÔNE

Preferimos continuar na Tradição, esperando que essa Tradição reencontre seu lugar em Roma, esperando que ela reassuma seu lugar entre as autoridades romanas, em suas mentes” — Mons. Marcel Lefebvre

CLIQUE AQUI E OUÇA O SERMÃO DO DIA DAS SAGRAÇÕES 

Introdução de Michael J. Matt (editor de Remnant) – Tradução Dominus Est

Em 1976, quando eu tinha dez anos, fui crismado pelo Arcebispo Marcel Lefebvre. Lembro-me de um homem bondoso e santo, de fala suave e verdadeiramente humilde. Mesmo ainda sendo crianças, meus irmãos e eu entendemos que ali estava um verdadeiro soldado de Cristo, que assumira uma posição corajosa e solitária em defesa da sagrada Tradição, em um momento em que não havia nada mais “hip” do que novidade e inovação. Nosso pai estava junto a ele, e esses homens eram “traddies” muito bem antes de “traddy” ser algo legal.

Lembrem-se que o mundo inteiro estava passando por um revolução na época — sexual, política, litúrgica, cultural — e “não havia nada mais antiquado do que o passado“. A resistência solitária dos primeiros tradicionalistas pôde, então, ser comparada a algo tão absurdo (aos olhos do mundo na época) como um homem na lama em Woodstock que insistisse para que os hippies colocassem suas roupas de volta e parassem de tomar ácido e fumar maconha. Ninguém se importava. Eram zombados, riam deles e, por fim, mandados que saíssem da Igreja.

Os tempos estavam realmente ‘mudando’, e com poucas exceções, o elemento humano da Igreja de Cristo acompanhou a loucura — com efeito, poder-se-ia dizer, liderando o caminho.

Quando nos lembramos do motivo desses homens terem resistido à loucura dos anos 60, lembremo-nos de que eles não foram motivados principalmente pela ideia de salvaguardar suas próprias circunstâncias. O Arcebispo Lefebvre, por exemplo, estava aposentado antes que o mundo descobrisse quem ele era. Ele foi persuadido a sair de sua aposentadoria por seminaristas que, de repente, viram-se cercados por lobos em pele de cordeito, nos próprios seminários. Os modernistas estavam, literalmente, em toda parte. Continuar lendo

BOLETIM DO PRIORADO PADRE ANCHIETA (SÃO PAULO/SP) E MENSAGEM DO PRIOR – JULHO/25

Minha Biblioteca Católica

Caros fiéis,

Se Nosso Senhor não é Deus, então, seus ensinamentos não são obrigatórios e a Igreja que Ele fundou não tem mais autoridade do que qualquer outra religião ou seita. Por outro lado, se Nosso Senhor é Deus, mas a Igreja Católica não foi fundada por Ele ou não lhe foi fiel, ela perde sua legitimidade. Temos aqui dois pontos fundamentais (a divindade de Cristo e a instituição divina da Igreja) que são alvo de ataques recorrentes dos inimigos da Igreja; seja por hostilidade direta a Cristo, seja pela rejeição de uma doutrina e de uma moral às quais eles não querem se submeter. Um evento histórico sintetiza esse confronto essencial: o Concílio de Nicéia.

Em 313, o imperador Constantino concedeu aos cristãos liberdade religiosa no Império Romano, através do edito de tolerância promulgado em Milão. O imperador tornou-se o protetor da Igreja, e o cristianismo pôde viver e se desenvolver mais pacificamente. Mas dentro da Igreja começaram grandes lutas doutrinais, que provocaram distúrbios tão profundos quanto os que ela havia conhecido até então pelas perseguições.

A mais perigosa das heresias primitivas foi o arianismo, assim chamada por causa do seu autor, Ário, sacerdote de Alexandria. Ele defendia que Jesus Cristo não era igual ao Pai, mas simplesmente uma criatura de Deus, e que houve um tempo em que Ele não existia. Ele explicava que o Filho era a primeira criatura que o Pai havia produzido, que superava em muito todas as outras criaturas, e que o Pai havia criado todos os outros seres por meio dele. Tal doutrina atacava todos os principais dogmas do cristianismo: se Jesus Cristo não é Deus, não há mais Trindade divina, a Encarnação não tem mais sentido, a Redenção se dissolve. Essa heresia destruía, portanto, a religião cristã até os seus fundamentos. Continuar lendo

POR QUAL RAZÃO SE CONVOCA UM CONCÍLIO NA IGREJA CATÓLICA?

A intenção original dos primeiros dezenove séculos: Difusão, guarda e defesa da Tradição católica

“Na Igreja Católica é preciso pôr o maior cuidado para manter o que se crê em todas as partes, sempre e por todos.”
São Vicente de Lérins, Comonitório

O chamado “Cânon de São Vicente de Lérins”, que nos serve de epígrafe, assinala três características de reconhecimento da doutrina católica: universalidade, antiguidade e unanimidade.

universalidade, como denota sua palavra, está ligada à nota de catolicidade da Igreja e diz respeito à universalidade na difusão espacial e temporal de sua doutrina. Portanto, não basta que determinada doutrina esteja difundida espacialmente pelo globo, senão também que ela esteja difundida temporalmente desde quando ela foi revelada até o momento presente. A antiguidade diz respeito à rastreabilidade da doutrina em questão a ponto de ela poder ser remetida até à Revelação dada aos Apóstolos e encerrada em São João1. E, por fim, a unanimidade diz respeito à concordância que a Tradição escrita e oral têm naquilo que ensinam e nos veio transmitido pelo Magistério, pelos monumentos da Tradição e pelos Padres da Igreja.

Como podemos atestar ao ler o Comonitório, o cânon leriniano é um todo orgânico que constata a firmeza da Verdade católica ao atribuir os requisitos necessários para se certificar de uma verdade da nossa fé católica. As três notas do cânon, de tão interligadas que são uma com a outra, parecem uma só nota com três aspectos: é como se o dogma católico só aparecesse aos nossos olhos sob esse prisma.2

Isso quer dizer que a comprovação da antiguidade absoluta (ou apostolicidade) da doutrina e de sua adesão por toda a universalidade da Igreja estão na base mesma de seu acordo presente e passado, servindo de raiz vivificante e fundamento estável. Não é à toa que São Vicente de Lérins busca como salvaguarda um status anterior e estável diante de uma situação calamitosa, pois em sua regra ele quis buscar uma segurança em tempos de calamidade. Ademais, é algo que salta ao cânone da razão até mesmo natural que só podemos entender o que é movediço a partir daquilo que é firme.3

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FESTA DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

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Festa do Sagrado Coração de Jesus

O Sagrado Coração de Jesus

O Sagrado Coração de Jesus – pelo Pe. Pe. Patrick de La Rocque, FSSPX

O lugar do Sagrado Coração nas famílias católicas – pelo Pe. Carlos Mestre

As promessas do Sagrado Coração De Jesus

O Sagrado Coração – reservatório de graças

Ladainha do Sagrado Coração de Jesus

Exortação à prática mais pura e mais extensa do culto ao Sagrado Coração de Jesus

Nascimento e desenvolvimento progressivo do culto ao Sagrado Coração de Jesus

Participação ativa e profunda que teve o Sagrado Coração de Jesus na missão salvadora do Redentor

Legitimidade do Culto ao Santíssimo Coração de Jesus segundo a doutrina do Novo Testamento e da Tradição

Fundamentos e prefigurações do culto ao Sagrado Coração de Jesus no Antigo Testamento

Encíclica Miserentissimus Redemptor

PIO XII CONTRA O AMERICANISMO

Fonte: Sì Sì No No, Ano LI, n. 9 – Tradução: Dominus Est

O catolicismo entre o liberalismo e o socialismo

Pio XII[1], ao contrário de Russel Kirk (†1994), Edmund Burke (1797) e os neoconservadores atuais, compreendeu muito bem a oposição irreconciliável entre o espírito liberal/americanista (não uma questão de raça, mas de ideias) e o catolicismo; entre o comunismo (trotskista ou stalinista, essencialmente iguais, acidentalmente diferentes) e o cristianismo.

A excomunhão do comunismo ateu e materialista

De fato, depois de ter excomungado o comunismo apóstata, por ser ateu e materialista, em 1949, e de ter se pronunciado abertamente contra o perigo de uma junta social/comunista em Roma, em 1952, ele expulsou Alcide De Gasperi da Sé por não querer se aliar (tal como De Gasperi havia pedido) à direita contra a esquerda e por ter denunciado Giovanni Guareschi. Por fim, ele também expulsou Monsenhor Montini de Roma por estar muito próximo da mentalidade secularista e democrata-cristã de De Gasperi. Continuar lendo

ESPECIAIS DO BLOG: O ENGANO CONSERVADOR

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Em mais uma Operação Memória de nosso blog, trazemos parte de uma série publicada entre 2008 e 2009 no jornal antimodernista italiano Sì Sì No No por conta da visita de George W. Bush ao Papa Bento XVI em abril de 2008, onde o então Papa destacou a América neoconservadora como modelo a ser seguido. Mas, conforme mostraram os quatro articulistas (e outros mais que postaram ao longo desses 24 meses), não é bem assim.

Por conta de o conservadorismo não ser outra coisa que um ramo do liberalismo, e por ele ser tão sedutor aos católicos tradicionalistas, sempre ronda a tentação de aderir a um desses projetos com a ilusão de que eles podem combater a Revolução, mesmo sendo parte dela.

Mas, como é dito em um dos artigos da série, escolher o conservadorismo para combater a Revolução é como escolher pular do 5º andar do prédio em vez do 6º na esperança de que a queda será mais suave.

(NEO)CONSERVADORISMO – UMA IDEOLOGIA ATEU-REVOLUCIONÁRIA CAPAZ DE SEDUZIR OS CATÓLICOS

AS RAÍZES PURITANAS DO ESPÍRITO AMERICANISTA

PROGRESSISMO E CONSERVADORISMO: HISTÓRIA DA DISSOLUÇÃO DO HOMEM NO MUNDO E NA IGREJA NOS ÚLTIMOS 100 ANOS

É IMPOSSÍVEL CONCILIAR LIBERALISMO E CATOLICISMO

O ZELO PELA PLENA COMUNHÃO

Como o rei Ezequias considerou o retorno à plena comunhão. 

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

Os livros históricos do Antigo Testamento (especialmente Juízes, os livros de Samuel, Reis e Crônicas) contam a história de Israel como uma sucessão de infidelidades e reformas até o último castigo divino que culminou na queda de Jerusalém diante das tropas de Nabucodonosor. O autor sagrado extrai lições desse fato.

A partir do reinado de Roboão (século X a.C.), filho de Salomão, dez tribos se separaram de Judá e Benjamim para formar o reino de Israel, cuja capital era Samaria. Seu primeiro rei, Jeroboão, acreditava que poderia garantir a unidade de seu reino estabelecendo o culto a vários bezerros de ouro dentro das fronteiras do reino para afastar o povo do Templo em Jerusalém. O cisma conduziu à distorção do verdadeiro culto.

O reinado do rei Ezequias de Judá (final do século VIII a.C.) seguiu-se aos desastrosos reinados da usurpadora Atalia e do rei Acaz, descendentes da funesta Jezabel. Os falsos cultos triunfaram no reino, até mesmo no próprio Templo de Jerusalém, profanado sob Acaz, e Ezequias decidiu erradicá-los. Por ocasião da purificação do Templo, ele considerou celebrar solenemente a festa da Páscoa e convidou as tribos separadas a se juntarem — zelo pela plena comunhão! Continuar lendo

A IGREJA DA NOVA LITURGIA

“A questão da inserção da liturgia nascida do Concílio em igrejas edificadas antes do referido Concílio ajuda a compreender seus fundamentos, implicações e resultados.”

Pelo Pe. Gregoire Célier, FSSPX

A reforma litúrgica foi um dos elementos mais importantes das evoluções decorrentes do Concílio Vaticano II, talvez o mais significativo. Uma citação de Paulo VI, em 13 de janeiro de 1965, entre muitas outras possíveis, recorda-o oportunamente: “A nova pedagogia religiosa que quer instaurar a presente renovação litúrgica se insere, para ocupar quase que o lugar de motor central, no grande movimento inscrito nos princípios constitucionais da Igreja de Deus,  tornado mais fácil e mais imperioso pelo progresso da cultura humana.

Logo, é conveniente se voltar a essa reforma litúrgica para compreender melhor os seus fundamentos, implicações e resultados. 

Aqui, propomos fazê-lo por meio do “edifício igreja”. A questão da inserção da liturgia nascida do Concílio em igrejas edificadas antes do referido Concílio é, com efeito, particularmente característica para a apreciação da mudança operada pela reforma. Continuar lendo

CARTA DO SUPERIOR GERAL AOS AMIGOS E BENFEITORES N° 94 – O PAPEL DO PAI DE FAMÍLIA NO SURGIMENTO DAS VOCAÇÕES

Prezados fiéis e, em particular, queridos pais de família,

Como sabem, quisemos dedicar este Ano Santo às orações e aos esforços necessários para atrair as vocações. Ora, não se pode falar do nascimento de uma vocação sem falar da família. Mesmo Nosso Senhor, sacerdote por excelência desde o momento de sua encarnação, quis crescer no seio de uma família para santificá-la de um modo particular e exemplar. Evidentemente, o exemplo das virtudes domésticas é, de certa forma, o primeiro seminário e noviciado de toda alma a quem Deus chama ao seu serviço.

Gostaríamos de dedicar essas poucas reflexões ao papel mais específico do pai de família. No mundo moderno, tudo contribui para a destruição de sua autoridade. Contudo, ainda mais hoje, sua responsabilidade e sua missão são cada vez mais distorcidas devido ao que denominam, para simplificar, de “wokismo” contemporâneo. Homens e mulheres, maridos e esposas parecem agora ter papéis idênticos e responsabilidades equivalentes, o que cria uma confusão total e uma atmosfera envenenada. As primeiras vítimas dessa terrível confusão são aquelas que deveriam ser educados para se tornarem adultos e assumirem eles mesmos, um dia, suas próprias responsabilidades. Aqui, novamente, somente o Evangelho pode restaurar a ordem que a modernidade destruiu. Continuar lendo

CONFERÊNCIAS EPISCOPAIS: ECLIPSE DA AUTORIDADE APOSTÓLICA NA IGREJA PÓS-MODERNA

por Daniele Trabucco*

Fonte: Blog Duc in Altum – Tradução: Dominus Est

No plano divino revelado por Cristo, a Igreja é uma sociedade sobrenatural fundada sob princípios inegociáveis ​​de ordem e hierarquia, derivados imediatamente da vontade de seu Fundador. Sua estrutura essencial baseia-se em uma tríplice ordem: Cristo, Cabeça, o Romano Pontífice como seu Vigário visível, e os Bispos, sucessores dos Apóstolos, constituídos pastores das Igrejas particulares “in solidum cum Petro et sub Petro”. Qualquer introdução de estruturas intermediárias que se interponham entre o ofício episcopal e a autoridade suprema do Romano Pontífice, ou que substituam o exercício pessoal e direto do “munus” episcopal, aparece, após cuidadosa reflexão canônica e filosófica, como uma alteração da ordem desejada por Deus e transmitida apostolicamente. As Conferências Episcopais, tal como se desenvolveram especialmente no período pós-guerra — e ainda mais no período pós-conciliar — representam precisamente isso: uma estrutura organizacional e administrativa que, embora carente de fundamento teológico-dogmático e de jurisdição própria (cf. Cânon 455 “Codex iuris canonici” de 1983), adquiriu progressivamente uma proeminência indevida, a ponto de reduzir a responsabilidade pessoal do Bispo em sua própria Diocese. O princípio, em si mesmo admissível, da cooperação entre os bispos para fins pastorais específicos, deu lugar a uma concepção para-sinodal e quase “parlamentar” do episcopado, na qual a deliberação comum é transposta como se fosse dotada de magistério, quando na verdade não faz parte dele, exceto pela unanimidade ou aprovação “ex audientia pontifícia” (cf. a Carta Apostólica em forma de Motu Proprio “Apostolos suos” de 1998 de João Paulo II). A filosofia jurídica da Igreja ensina que a autoridade deriva da natureza e do propósito: “actus sequitur esse”.

Ora, o ser do Bispo é o ser sucessor dos Apóstolos, investido de um “múnus” que deriva não do corpo episcopal como um todo, nem de uma Conferência nacional, mas da atribuição sacramental unida ao mandato canônico. Qualquer realidade que tenda a nivelar essa identidade singular e imediata, em favor de uma “coletividade decisória”, contradiz a ontologia do poder sagrado e introduz um critério de operação que responde mais à lógica das estruturas democrático-funcionais do que à lógica da “potestas sacra”. O que tem valor na Igreja é o que flui da graça e da ordem: não o consenso horizontal, mas a obediência vertical à Tradição, à Sé Apostólica e à Verdade revelada. Continuar lendo

A COVARDIA É UM PECADO E, EM ALGUNS CASOS, MUITO GRAVE.

Aplacar a tempestade | Paiva Netto

Pe. Leonardo Castellani

No quarto domingo depois da Epifania, a Igreja lê, na Missa, a narração da Tempestade no mar, que é contada pelos três Sinópticos, segundo o texto mais breve de todos, que é o de São Mateus: tem apenas quatro versículos, mas a narração é feita com energia tão formidável, que parece um gravado em cobre ou madeira, com quatro traços principais. São Mateus é o mais saboroso e enérgico dos três Sinópticos. A Bíblia de Bover-Cantera diz: “Este Evangelho pertence à literatura escrita; o de Marcos, à oral”. É um erro grave que denota muito atraso em exegese. Com toda certeza, os quatro Evangelhos pertencem ao gênero que hoje lingüistas, etnólogos e psicólogos chamam estilo oral; e foram recitados de memória antes de serem fixados em pergaminho — ao menos os três primeiros — como as rapsódias de Homero, o Vedanta, o Corão, o Poema del Myo Cid e, em realidade, quase todos os monumentos religiosos ou épicos da Antiguidade. Esta noção, que hoje em dia se possui cientificamente, resolve de um golpe a falsa Questão Sinóptica, que preocupou a eruditos durante dois séculos; e que consiste em terem os Evangelhos, por um lado, algumas diferenças entre si e, por outro, uma concordância maciça; como pode se ver neste relato que os três Sinópticos trazem. Isto deu causa a uma confusão enorme na cabeça dos sábios alemães, alguns dois quais chegaram a negar a autenticidade destes três documentos religiosos, até que Marcel Jousse descobriu as admiráveis leis do estilo oral. 

Coisa incrível: há uma tempestade tal no Mar de Tiberíades, que as ondas invadem a barca dos pescadores; e Jesus Cristo dorme. Fingiria dormir, como dizem alguns, para “provar seus discípulos”? Não, dorme, com a cabeça apoiada em um banco. Essa maneira de experimentar os outros com coisas fingidas é uma palhaçada inventada por algum mal mestre de noviços: a única coisa que prova verdadeiramente é a vida, a verdade, a realidade; não as ficções. Tampouco é verdade que Deus tenha proibido a Eva o Fruto da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal para prová-la; proibiu-o porque, simplesmente, este fruto não lhe convinha, nem a ela nem a ninguém. Deus não faz tolices, mas há gente inclinada a atribuir-Lhe as tolices próprias. Deus fez o homem a sua imagem e semelhança; mas o homem retribuiu; porque, quantas vezes o homem não refez a Deus à sua imagem e semelhança!

Jesus Cristo é notável: dorme de dia, no meio de uma tormenta; e de noite deixa a cama e sobe até uma colina, para rezar até a madrugada. Não o despertam o bramir do vento, o golpe da água, os gritos dos marinheiros mas, à noite, o desperta um gemido ou uma mulher com hemorragia que lhe toca o vestido. Dona Madalena, minha avó, dizia: “Jesus Cristo é bom, não digo nada, mas, quem O pode entender?” Só uma criança ou uma animal podem dormir nestas condições em que os três Evangelistas dizem que Cristo realmente “dormia“; e também um homem que esteja tão cansado como um animal e que tenha uma natureza tão sã como a de um menino. Sabemos que muitos homens de natureza privilegiadamente robusta podiam dormir quando quisessem; como Napoleão I, por exemplo, do qual se conta que podia fazer isto: dormir quando lhe parecia bem, sobretudo nos sermões; e foi preciso despertá-lo na manhã da batalha de Austerlitz. Ao contrário, Napoleão III, seu sobrinho, não pregou os olhos na noite do golpe de Estado de 1851 e se levantou três vezes para ver se tinha dormido a sentinela. Isso porque Napoleão I foi um herói; mas, Napoleão III, uma imitação de herói: um palhaço. Continuar lendo

LEÃO XIV E AS ANDORINHAS

A recente nomeação de um bispo revela as aplicações das aproximações do Vaticano II.

Pe. Jean-Michel Gleize, FSSPX

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

O cardeal Robert Francis Prevost tornou-se o Papa Leão XIV em 8 de maio desse ano de 2025. No dia 22 de maio seguinte, o novo Vigário de Cristo confirmou a eleição do padre Beat Grögli, pároco da catedral da diocese de St. Gallen, na Suíça(1). De acordo com os termos de uma concordata assinada em 1845 entre a Santa Sé e a Igreja Católica no estado suíço, o Bispo de St. Gallen é escolhido pelo Capítulo da catedral com a participação do colégio católico local, uma espécie de parlamento eclesiástico eleito pelos católicos da diocese e também composto por leigos. A Santa Sé pode então confirmar ou invalidar a eleição do bispo, o que, segundo a eclesiologia do Código de 1917, equivale a investir este bispo eleito com seu poder de jurisdição, mesmo antes de receber a sagração episcopal. O mesmo acontece com o bispo de uma igreja particular, seguindo o exemplo do Papa: o bispo recém-eleito, designado como tal para ser investido de seu poder, recebe seu poder diretamente de Cristo pelo próprio fato de aceitar sua eleição, no caso do Papa, e o recebe diretamente do Papa pelo próprio fato de que este último confirma sua eleição, no caso do bispo diocesano de uma igreja particular. Em ambos os casos, a atribuição do poder de jurisdição permanece independente da atribuição do poder de ordem, que ocorre com a consagração episcopal.

Um exemplo histórico atesta esse fato: o cardeal Ottobone Fieschi, sobrinho do Papa Inocêncio IV, foi eleito 186º sucessor de Pedro em 11 de julho de 1276, para substituir o beato Inocêncio V. Ele seria Papa somente até 18 de agosto, data de seu falecimento. E fez isso sem ter recebido a sagração episcopal e nem mesmo a ordenação sacerdotal, permanecendo como um simples diácono durante os 39 dias de seu pontificado. Continuar lendo

BOLETIM DO PRIORADO PADRE ANCHIETA (SÃO PAULO/SP) E MENSAGEM DO PRIOR – JUNHO/25

Sagrado Coração de Jesus « Apostolado da Oração Brasil - MEJ

Caros fiéis,

Há 350 anos, em 13 de junho de 1675, uma das grandes aparições de Cristo ocorreu a uma freira da Visitação de Paray-Le-Monial. Essas aparições haviam começado em 27 de dezembro de 1673. Em 13 de junho, Cristo revelou o seu coração divino à sua serva e queixou se a ela: “Este é o coração que amou tanto os homens, que não poupou nada a ponto de ser exaurido e consumido para mostrar-lhes o seu amor”.

A irmã Margarida-Maria Alacoque foi escolhida para transmitir o desejo do Sagrado Coração de ser honrado com esse título e de reinar sobre as almas e as sociedades por meio de seu coração adorável e misericordioso. A devoção ao Sagrado Coração já existia na Igreja, mas a partir de então se espalhou por todo o mundo, incentivada pelos papas. Em agosto de 1856, Pio IX instituiu a festa do Sagrado Coração para toda Igreja.

Para entender melhor essa devoção, vamos relembrar os diferentes significados da palavra coração, e que nos leva a distinguir em Jesus: o coração de carne, que é o órgão em si; o coração simbólico, o órgão emblemático do amor; o coração metafórico, expressão para designar o amor, que é o amor sem nenhuma ligação com o órgão material. Continuar lendo

JUNHO, MÊS PARA HONRAR O SAGRADO CORAÇÃO E FAZER REPARAÇÕES

Ora, se também por causa também dos nossos pecados futuros, por Ele previstos, a alma de Cristo esteve triste até a morte, sem dúvida, algum consolo Cristo receberia também de nossa reparação futura, que foi prevista quando o anjo do céu Lhe apareceu (Lc 22, 43) para consolar seu Coração oprimido de tristeza e angústias. 

Fonte: SSPX USA – Tradução: Dominus Est

Estas palavras, extraídas da Encíclica Miserentissimus Redemptor, escrita em 1928 pelo Papa Pio XI, convidam os fiéis a cultivar um espírito de reparação ao Sagrado Coração de Nosso Senhor. O mês de junho, que a Santa Madre Igreja designou como o mês em que se celebra a Festa do Sagrado Coração, é um tempo para os católicos fazerem visitas regulares ao Santíssimo Sacramento, oferecendo orações e sacrifícios pelos seus pecados e os de toda a humanidade.

Embora honrar o Sagrado Coração tenha raízes que remontam à Igreja primitiva, esta devoção especial ao amor ardente de Cristo pela humanidade está intimamente associada a Santa Margarida Maria Alacoque, uma freira Visitandina do século XVII no convento de Paray-le-Monial. Foi a esta humilde freira que Cristo revelou Seu desejo de que uma festa especial de reparação ao Seu Sagrado Coração fosse estabelecida na sexta-feira após a oitava de Corpus Christi (ou terceira sexta-feira depois de Pentecostes). É a partir das aparições de Nosso Senhor a Santa Margarida que surgiu a Devoção das Primeiras Sextas-feiras, prática que garante que as reparações ao Sagrado Coração sejam feitas ao longo de todos ano litúrgico.

A festa e mês do Sagrado Coração não são apenas um tempo de oração “simples” ou passageira. Pelo contrário, está ligada aos sacrifícios, com a reparação feita pelas ofensas contra Nosso Senhor. Os fiéis católicos devem se preparar para participar plenamente esse mês, com suas ações externas, penitências e horas santas desempenhando um papel vital, conforme desejado por Pio XI. Continuar lendo

A IMPORTÂNCIA DO CATECISMO

Também é hora de voltar às aulas… do catecismo!

Fonte: FSSPX

A Sra. Márcia, uma conselheira municipal de educação, esquerdista obviamente, analisa o último boletim escolar de seu Jonathan, aluno do terceiro ano do ensino médio do Colégio Paulo Freire: ufa! Seu filho mais velho tem uma boa média em matemática, então podemos esperar que opte pelo ramo de exatas e, por que não, que consiga entrar em uma universidade publica de matemática… E sonha com Jonathan assumindo um cargo de prestígio e bem remunerado em uma grande empresa… Que mãe não tem grandes ambições para o filho?

A Sra. Joana, que é mãe e dona de casa, abre o envelope com o boletim escolar de Manoel, aluno do nono ano do Colégio Sagrado Coração de Jesus. À frente das outras matérias, ela lê: “Catecismo: primeiro lugar com 09”. A avaliação da disciplina é muito elogiosa: Manoel tem um espírito muito bom, cuida bem dos pequenos de sua equipe, sabe como ser útil. E a mamãe sonha um pouco: como será o filho dela no futuro? Um pai forte com uma família grande? Um padre, talvez? Que mãe não tem grandes ambições para seu filho?

Sim, toda uma concepção de vida é revelado na maneira como os pais analisam os boletins escolares de seus filhos. O que eles esperam de sua escola? Que seus filhos aprendam equações de segundo grau? É claro, mas “os pagãos não fazem o mesmo”? Eles matricularam seus filhos em escolas tradicionais só porque a disciplina é melhor, os deploráveis métodos modernos não são aplicados e os resultados no vestibular são espetaculares? Essas são razões boas e louváveis, é claro, mas isso não é o principal: “Era necessário praticar estas coisas, mas não omitir aquelas”, sem esquecer que uma escola católica é, antes de tudo, católica! Continuar lendo

“LEÃO”MANIA? NA VERDADE, NÃO É BEM ASSIM. PALAVRA DE UM “VILÃO TRADICIONALISTA”

Leonemania? Non è proprio il caso. Parola di tradizionalista cattivo

O site Radio Spada extraiu do Duc in altum essa intervenção de um “sacerdote anônimo”, cuja visão compartilhamos em grande parte.

Fonte: Radio Spada – Tradução: Dominus Est

Caro Valli,

Sou sacerdote e li, vi e ouvi (artigos, podcasts, blogs, Twitter etc.) expressões de um irreprimível e irrefreável tripúdio pela eleição do novo Papa, qualquer outro Papa que não fosse um Francisco II (melhor dizendo Desmanzelado II), que fosse pelo menos um pouco decente e que, pelo simples fato de ser outro alguém, sancionasse a saída do pesadelo distópico que durou cerca de duas décadas.

A exultação e o desejo de voltar (de voltar a poder dizer “viva o Papa“) transbordaram em projeções entusiasmadas, imaginativas e, por vezes, segundo alguns comentários, até mesmo infantis e grotescas, sobre as expectativas em relação ao Eleito.

Cada gesto seu se torna épico, cada movimento deve forçosamente indicar uma mudança de ritmo, cada palavra um marco na qual a História nunca mais será a mesma. E quando não há nada marcante, se inventa.

Agora, me permita observar que essa maneira de tratar os gestos e as palavras do Santo Padre é parte fundamental de um problema estrutural e grave de um certo catolicismo alterado que faz da Igreja o Corpo Místico não de Cristo, mas do Papa e que, entre outras coisas, contribuiu para aquela síndrome hipodoutrinária de imunodeficiência à heterodoxia que permitiu que o Papa Francisco dissesse e fizesse as mais escabrosas atrocidades em meio aos aplausos constrangidos de um Colégio Episcopal reduzido a uma claque da parterre norte-coreana. Continuar lendo

SE DEUS É A CAUSA DE TUDO, COMO PODEMOS SER LIVRES?

Cidadão ou cristão que transforma – ComunhãoPor Prof. Felix Otten, O.P., e C.F. Pauwels

Nota do editor: este artigo é o segundo de uma série de respostas concisas a perguntas e objeções contrárias à fé católica frequentemente encontradas. As perguntas e respostas foram adaptadas da obra “As Dificuldades Mais Frequentemente Encontadas” (em inglês: “The Most Frequently Encountered Difficulties”), do Prof. Felix Otten, O.P., e C.F. Pauwels, O.P., publicada originalmente em holandês em 1939.

Pergunta: A Igreja Católica ensina que o homem é livre e, ao mesmo tempo, que Deus é a causa de tudo. Se é assim, então não seria Deus a causa de nossa vontade? E, se Deus sabe, de antemão, o que vamos fazer e até mesmo causa o que vamos fazer, então como podemos ser livres?

Resposta: Pessoas que fazem perguntas dessa natureza, normalmente, estão equivocadas quanto ao conceito de “causa”. Um tratamento científico completo dessa pergunta demandaria treinamento filosófico profundo; portanto apenas alguns comentários serão feitos aqui. Continuar lendo

A OCIOSIDADE É INIMIGA DA ALMA

A quem culpar: vós que procurais esmagar uns aos outros?

Por um monge beneditino

Nossa vida espiritual é composta pela graça de Deus e nossa disposição para com sua graça. Tudo é dom de Deus, mas devemos fazer todo o possível para dispor nossa alma para recebê-Lo sem obstáculos em nossos corações. O maior obstáculo que se opõe à livre ação de Deus em nossas almas é uma má atitude, uma disposição que afaste nossos corações de Deus e de Sua vontade. São Bento em sua regra para monges define essa atitude como ociosidade. A ociosidade é uma inimiga para nossa alma porque é o primeiro passo para formar maus hábitos.

Ociosidade ou indolência é um tipo de negligência intencional em relação ao nosso dever de estado. A alma torna-se lenta para realizar a vontade de Deus por causa de uma crescente repugnância pelo esforço de vencer obstáculos que são difíceis de superar. Quando a alma foge do esforço, procura substituir o plano de Deus por uma opção mais fácil, recompensada por uma satisfação imediata. Todos os tipos de desordens e pecados rastejam para dentro da vida do homem indolente. A vida familiar se torna um fardo terrível; todos parecem ser um obstáculo à sua recém-descoberta “liberdade”. Um tipo de aversão geral invade sua a vida e tudo o que antes era considerado sagrado por ele, agora é como uma pedra de moinho que o puxa para baixo. Um tipo problemático de ansiedade apodera-se lentamente de sua personalidade e aqueles que mais o amam se tornam seus piores inimigos. Ele começa a sentir que eles o acusam à luz dos bons exemplos deles. Sua vida de trevas não pode suportar a luz das virtudes. Continuar lendo

“DES”ORDEM SACRAMENTAL

A ordem dos sacramentos entre si é muitas vezes ignorada na prática contemporânea. 

Fonte: Apostol, maio 2025 – Tradução: Dominus Est

Na Páscoa deste ano, novamente, os batismos de adultos e adolescentes aumentaram de forma exponencial. Essa é, sem dúvida, uma boa notícia, mas também reflete (como não é novidade) uma profunda descristianização do país (e, correlativamente, uma queda não menos espetacular no número de batismos de bebês), mas que também mostra que a graça de Jesus Cristo continua a trabalhar nos corações e que a fé católica não disse a sua última palavra, especialmente porque precisamos acrescentar a esses recém-batizados aqueles que, embora já batizados, estão agora chegando à fé e à Igreja porque não foram ensinados por suas famílias e/ou paróquias. A Igreja Católica na França poderia, portanto, encontrar um novo impulso se esses batismos fossem suficientemente bem-preparados e acompanhados.

Mas nada é menos certo: alguns tipos de relatórios (que, reconhecidamente, não têm a precisão e o rigor das estatísticas) mostram que o sacramento do batismo, às vezes, é conferido fora de qualquer lógica sacramental. Por exemplo: o matrimônio católico nem sempre é exigido daqueles que, embora já vivam como casal, solicitam o batismo ou a crisma. Muito frequentemente, a participação na Missa dominical não é condição sine qua non para quem pede o batismo, como se a lei da Igreja – ainda em vigor – não expressasse o vínculo essencial entre o batismo e a Eucaristia, com o batismo encontrando sua realização na comunhão na Missa e a Missa dominical fornecendo o alimento indispensável que permite que o batismo se fortaleça, floresça e dê frutos. Continuar lendo

O ENCONTRO DE DUAS GERAÇÕES

O encontro entre o menino Jesus, com 40 dias de vida, e o velho Simeão no Templo de Jerusalém é, provavelmente, o único encontro no Evangelho que reúne duas idades tão extremas.

Fonte: Apostolo n°192 – Tradução: Dominus Est

A liturgia de 2 de fevereiro, que comemora esse evento, reflete sobre ele da seguinte forma: “O santo velho carregava o Menino, mas o Menino dirigia o ancião”. O velho concentra e resume em si a Lei e os Profetas: é um homem justo, fiel aos mandamentos de Deus; vive na expectativa do Salvador de Israel e, sob a inspiração do Espírito, anuncia o Salvador prometido. Quando Simeão carrega o Menino nos braços, acolhe o Messias, há muito aguardado e esperado, por milhares de anos, por todo um povo. E se o Menino, por sua vez, conduz o ancião, é por meio da Vida de Deus, como uma fonte jorrante, que o Menino Jesus traz consigo.

Embora esse encontro no Templo de Jerusalém represente a passagem da Antiga Aliança para a Nova, ela também representa a transição de uma geração para a seguinte. O ancião acolhe o recém-nascido e carrega-o, nos braços e em seu coração, com vistas ao futuro; a criança, com o frescor e a esperança de uma nova vida que carrega dentro de si, dá uma segunda juventude aos mais velhos. Continuar lendo

A IGREJA É SEMPRE BELA AOS OLHOS DE QUEM A AMA

Como a Igreja é bela e digna de ser amada! A Igreja brota de uma eternidade de glória em Deus para aí retornar e reencontrar uma glória que não tinha e que adquiriu em Jesus Cristo ao morrer em obediência à caridade. 

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

Ela é bela e gloriosa como Maria e digna de ser amada como ela. É por meio dela que somos salvos. Foi sua obediência à caridade que nos abriu as portas da salvação. É a obediência a Maria, ecoando a de Jesus Cristo, é a obediência de toda a Igreja que nos abre as portas da glória. 

Devemos amar a Igreja, sempre bela e gloriosa por trás das desfigurações que a malícia ou a fraqueza de seus filhos lhe infligem. Devemos amá-la com o mesmo amor que nos atrai a Jesus Cristo, pois ela é seu Corpo: sem dúvida, somos comovidos pelos sofrimentos de Jesus Cristo, como a Paixão da Igreja não poderia nos comover? Como a Paixão da Igreja poderia nos distanciar dela? Pelo contrário, devemos amá-la ainda mais porque ela sofre e está desfigurada, porque parece perdida, porque não podemos mais ouvir sua voz eterna, não podemos mais ver seu brilho reconfortante, ela parece adormecida, invadida pela morte, entregue ao príncipe deste mundo. 

Devemos amar e acreditar na Igreja, aprender a ver sua face divina e imutável por trás dos pecadores que a compõem. Creiam na Igreja e façam-na viver, orgulhosos e felizes por serem seus filhos. Continuar lendo

UM PADRE MORREU

Alguns vão chorar… mas, eu invejo esse padre que acaba de celebrar sua última Missa.

Fonte: La Part des Anges – Tradução: Dominus Est

Ao visitar um cemitério antigo, aproxime-se da grande cruz no centro. Olhe ao seu redor. O túmulo mais mal-cuidado, aquele que não tem flores e parece esquecido, é o de um padre. No dia de seu funeral, o número de pessoas presentes era inversamente proporcional ao número de anos que ele havia passado nesta terra.

Ontem, um padre morreu. O Pe. Simoulin morreu (*). Ele foi nosso capelão em Romagne por vários anos, há muito tempo, e o pastor de nossas almas.

Alguns vão chorar… mas eu invejo esse padre que acabou de celebrar sua última Missa. Noli tangere Christos meos… Christos meos, o sacerdote é o ungido de Jesus, ele pertence a Ele, sua vida pertence a Ele. Ele é seu ungido por toda a eternidade.

A grande ideia que explica e domina a vida de um sacerdote é ser para Jesus uma humanidade além para continuar a obra redentora. Para esse homem, a ação sacerdotal foi uma longa morte para si mesmo, e sua morte foi, muito mais do que sua própria vida, uma ação sacerdotal, um sacrifício, a consumação de todos os seus sonhos, a doação total de si mesmo, superior à santidade e ao valor redentor de sua vida. Continuar lendo

NIILISMO ECLESIÁSTICO

As autoridades da Igreja trabalham por sua vida ou pelo seu desaparecimento?

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

O Superior de uma comunidade contemplativa em declínio, convidado para o aniversário do abade de um de seus confrades, vendo quão jovem e numerosa a comunidade era, ironizou: “Nós somos velhos e vocês são jovens; nós somos poucos e vocês são muitos; o que há de errado com vocês?” É verdade que esta comunidade está adotando cada vez mais práticas tradicionais. A comunidade em questão se ofereceu para ajudar a revitalizar uma comunidade que estava prestes a fechar. A resposta: “Prefiro morrer a pedir ajuda a vocês!”

Um Bispo explicou aos seus diocesanos suas diretrizes para organizar a vida paroquial na ausência de um padre. Descrevendo os encontros dominicais entre leigos, ele acrescentou: “E se, por acaso, um padre estiver presente, seria melhor que ele não se manifestasse.

Outro Bispo, ao confiar a um de seus sacerdotes o cuidado de assegurar a missa no rito tradicional em uma capela de sua diocese, acrescentou: “Acima de tudo, garanta que a comunidade não se desenvolva”. Continuar lendo

O QUE DEVE FAZER UM PAPA, SEGUNDO SANTO AFONSO

Curiosidades que você não sabia sobre o Vaticano, a casa do Papa

Fonte: Cordialiter – Tradução: Dominus Est

Nota de Cordialiter: Quando o conclave de 1774 estava prestes a se reunir, o Cardeal Castelli pediu a Monsenhor Afonso Maria de Ligório que escrevesse uma carta sobre as medidas que o novo Papa deveria tomar para reformar a Igreja afligida pelo relaxamento geral. Cito as principais passagens da carta de Afonso.

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Meu amigo e senhor, sobre o sentimento que o senhor deseja de mim em relação aos assuntos atuais da Igreja e à eleição do Papa, qual sentir eu, miserável ignorante e de tão pouco espírito como sou, desejo demonstrar?

Digo apenas que é preciso oração, mas muita oração; considerando que, para tirar a Igreja do estado de relaxamento e confusão em que todas as camadas sociais se encontram universalmente, nem toda ciência e prudência humanas podem remediar, mas o braço todo-poderoso de Deus é necessário.

Entre os bispos, poucos são aqueles que têm verdadeiro zelo pelas almas. Continuar lendo

FESTA DE SÃO JOSÉ OPERÁRIO (SÃO JOSÉ ARTESÃO)

Svatý Josef, patron Čech a ochránce při pokušeních | i60.czEm 1º de maio, a Igreja celebra a festa de São José Artesão, padroeiro dos trabalhadores, coincidindo com o Dia Mundial do Trabalho. Esta celebração litúrgica foi instituída em 1955 pelo Papa Pio XII, diante de um grupo de trabalhadores reunidos na Praça de São Pedro, no Vaticano.

Naquela ocasião, o Santo Padre pediu que “o humilde operário de Nazaré, além de encarnar diante de Deus e da Igreja a dignidade do trabalho manual, seja também o providente guardião de vocês e suas famílias”.

Pio XII desejou que o Santo Custódio da Sagrada Família, “seja para todos os trabalhadores do mundo, especial protetor diante de Deus e escudo para proteger e defender nas penalidades e nos riscos de trabalho”.

Nessa Festa de São José, seguem alguns textos para leitura:

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