VISÕES E APARIÇÕES

Aparição de nossa senhora dia 29-01-12.(video).3gp - YouTube

Tradução de Gederson Falcometa

Vivemos em um tempo, em que se fala facilmente de aparições e visões, de comunicações e revelações divinas feitas a almas privilegiadas. Aqui e ali sussurram-se com uma frequência incomum de taumaturgos, profetas e visionários, que se dizem dotados de carismas especiais, que prenunciam da parte de Deus e da Virgem Santíssima, acontecimentos ora felizes e belíssimos, ora funestos e horríveis, que se apresentam com a função de alguma missão celestial extraordinária.

Diante desses fatos, sentimentos e juízos seguem as mais opostas direções. Aqui temos uma credulidade excessiva, precipitada, pouco esclarecida, favorecida pelas circunstâncias dolorosas em que nos encontramos. O cansaço, os medos, as ansiedades, o desejo de alívio e de paz excitam fortemente a alma e aquecem a fantasia. O homem nas suas dores, nas suas necessidades e perigos, invoca apaixonadamente a ajuda e a proteção do Céu, e na expectativa febril, no fervor e no entusiasmo, é levado a transformar o mais pequeno acontecimento, e torna-se facilmente vítima de sugestões e alucinações. Basta um nada para fazê-lo acreditar que vê e ouve o que não existe. Lá se nota, ao invés, uma incerteza meticulosa, temos almas desconfiadas, de temperamento bastante cético, que certamente acreditam no sobrenatural, mas sempre temem comprometer a religião dando fé a alguns desses fatos extraordinários, divulgados entre a multidão, almas que às vezes se deixam levar pela zombaria e ao ridículo fora de lugar. Em outros lugares, encontramos a descrença aberta e sistemática daqueles que, negando a priori qualquer forma de sobrenatural, consideram logicamente todas as visões e revelações divinas como impossíveis e, portanto, chamam de iludidos ou mentirosos aqueles que afirmam serem seus protagonistas. Continuar lendo

OUTRA MEDITAÇÃO PARA O QUARTO DOMINGO DA QUARESMA: TERNA COMPAIXÃO DE JESUS CRISTO PARA COM OS PECADORES

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“PERGUNTE-ME QUALQUER COISA”: INSTAGRAM CONTRA A VIRTUDE DA PRUDÊNCIA

149 Perguntas para fazer no Instagram Stories [2024]

“Porque virá tempo em que (muitos) não suportarão a sã doutrina, mas acumularão mestres em volta de si, ao sabor das suas paixões, (levados) pelo prurido de ouvir” (2Tm 4, 3)

Tem se alastrado nos últimos anos um fenômeno inusitado nos meios católicos — inclusive nos meios conservadores e tradicionais —: usuários católicos de redes sociais (especialmente do Instagram) fazem uso de uma ferramenta própria da rede em que se enviam perguntas (de maneira anônima) para um também fiel católico e candidato a “guru” prover respostas públicas (o que pressupõe não só um conselho a um amigo que perguntou, mas um magistério pessoal à disposição de muitos leitores). Na maior parte dos casos, o guru começa se propondo a responder perguntas específicas sobre um assunto ao qual ele acredita dominar, mas não demora muito para que, embebido por sua própria “sabedoria”, ele comece a pontificar sobre qualquer assunto, como por exemplo: 

– namoro: mesmo que não tenha a experiência superior de um padre, diretor de almas, ou a de um fiel casado, que viveu por muitos anos a experiência diária do casamento e do namoro, e talvez venha a ter a graça de estado para dar um conselho particular a um afilhado, o guru das redes sociais se propõe a pontificar sobre o que quer que lhe perguntem sobre o assunto. Há até muitos gurus solteiros(as) prontos a dar conselhos sobre o assunto. Há absurdos bem piores, que não comentamos aqui para não escandalizar o leitor;

vocação: por incrível que pareça, não é raro os ouvintes pedirem conselhos vocacionais (sacerdócio ou matrimônio) e esses(as) gurus responderem provendo alguma “direção”. Há inclusive seminaristas enviando perguntas, conforme podemos deduzir dos enunciados. O que mais se vê aqui são respostas que parecem ter vindo de um despacho do quinto dos infernos. O silêncio que pouparia a alma do incauto seminarista e do soberbo guru passa ao largo; Continuar lendo

É MAIS FÁCIL FAZER PENITÊNCIA COM A VIRGEM

Por que a Virgem Maria é nossa advogada?

Fonte: DICI – Tradução: Dominus Est

A verdade é que, à primeira vista, a penitência nos assusta. Talvez nós simplesmente não queiramos fazê-la, ou talvez pensemos que não podemos? Mas esse modo de pensar produz maus frutos e leva à destruição da vida da graça, porque é o oposto da vida de Cristo.

A penitência, embora amarga, é tão necessária à nós quanto a comida e a bebida são para o corpo. Mas esse alimento amargo no início, carrega uma doçura espiritual muito especial, acima de tudo o que a terra pode oferecer.

Se isso não é suficiente para nos encorajar no caminho da penitência, nosso bom Pai, que está no céu, nos deu uma terna Mãe para nos moldar em sua prática. Como uma criança toma seu remédio amargo? Ele toma o que não gosta graças aos afagos de sua mãe.

É o mesmo na vida espiritual. E Maria nos ensina dessa forma em Lourdes e Fátima: “Penitência, penitência!

A vida de Nossa Senhora era, de fato, uma vida de dor sem comparação. Ora, a penitência é essencialmente a dor pelo pecado, com a firme resolução de repará-lo e não fazê-lo novamente. Pela pena de seus pecados, o homem reconhece seus delitos contra Deus, que é a fonte de toda bondade e amante das almas. Continuar lendo

BOLETIM DO PRIORADO PADRE ANCHIETA (SÃO PAULO/SP) E MENSAGEM DO PRIOR – MARÇO/24

1905 é um ano bem conhecido na FSSPX, por ser o ano do nascimento de seu fundador, Dom Marcel Lefebvre, que ocorreu em 29 de novembro. Quase dois meses antes, em 23 de setembro, um santo padre brasileiro morreu aos 78 anos de idade, exausto por 54 anos de dedicação apostólica.

Quando nasceu, aos 12 de abril de 1827, em Campanha (Estado de Minas Gerais), nada parecia destiná-lo ao sacerdócio: era filho natural de uma escrava! No entanto, isso não era obstáculo à fé e a tenacidade de sua dona, que também era sua madrinha de batismo: Dona Marianna Bárbara Ferreira. Ao perceber os talentos de seu escravo Francisco, ela o alfabetizou e o empregou como aprendiz numa alfaiataria, onde permaneceu por três anos. Seu aprendizado teve um fim trágico. Francisco, tendo confessado candidamente o seu desejo de se tornar sacerdote, foi ridicularizado publicamente por seu patrão, que o expulsou.

Dona Marianna não ficou impressionada e confiou a formação de Francisco a um vigário da paróquia. Determinada a apoiar a vocação de seu protegido, ela recebeu uma ajuda essencial: a de Dom Antônio Ferreira Viçoso (1787-1875), o novo bispo da diocese de Mariana, um português totalmente integrado à vida e às instituições brasileiras, que se compadecia dos escravos, e respeitado por todos por suas eminentes qualidades. Sob sua proteção paterna, Francisco de Paula Victor ingressou no seminário de Mariana, onde sofreu os dissabores de seus confrades. Eles mudaram gradualmente de atitude, percebendo que a pele negra não era de modo algum um obstáculo para as virtudes mais elevadas. Para que ele pudesse ser ordenado, Dona Marianna lhe concedeu a liberdade e as terras necessárias para constituir seu patrimônio eclesiástico. Finalmente, o seminarista Victor foi ordenado sacerdote por Dom Viçoso em 14 de junho de 1851. Muitos fiéis se recusaram a beijar as mãos do jovem padre. Em suas primeiras missas quase ninguém foi comungar. No entanto, ele foi recebido com triunfo em sua cidade natal, e seu antigo patrão veio lhe pedir perdão. Continuar lendo

POR UM JEJUM PUJANTE

A Quaresma é um tempo de jejum: menos alimento para o corpo e mais alimento para a alma. Como diz o Prefácio deste tempo litúrgico: “Vitias compresses, mentem elevas – Meu Deus, vós que, pelo jejum corporal, reprimis os vícios, elevai a alma, concedei força e recompensa”. Menos comida, mais orações, leituras espirituais, meditações…

Fonte: DICI – Tradução: Dominus Est

Todavia, esse desejo só será eficaz se for acompanhado de uma firme resolução, realizada de forma dinâmica: jejum das telas, a abstinência dos meios de comunicação. Em outras palavras, menos tempo perdido na internet, na frente do computador, da televisão ou do rádio.

Pois, de que serve querer rezar mais, se nunca deixamos de alimentar uma insaciável curiosidade, se ficamos à espreita a tudo o que circula por aí, com o ridículo desejo de “agarrar a espuma” dos dias atuais?

A Quaresma é inútil quando não nos abstemos de embeber nossas mentes com toda essa confusão midiática, imediatamente expulsa pelas notícias do dia seguinte.

Paul Verlaine descreveu perfeitamente a miséria espiritual que hoje se esconde sob uma superabundância de informações: Continuar lendo

A QUARESMA E O SENTIDO DA ESMOLA

O que a Igreja diz sobre a esmola durante a Quaresma – e por que ela é tão importante?

Fonte: SSPX USA – Tradução: Dominus Est

Em um artigo anterior sobre se os católicos poderiam consumir carne artificial nos dias de abstinência, os leitores foram lembrados “da relação histórica entre jejum, abstinência e esmola”, particularmente porque os “períodos e dias penitenciais da Igreja eram considerados tempos em que os cristãos deveriam pegar o dinheiro economizado em comida e distribuí-lo aos pobres”. Este aspecto espiritual da Quaresma, infelizmente, permanece pouco compreendido.

Quando os católicos pensam no tempo da Quaresma, suas cabeças, muitas vezes, se voltam para as práticas de jejum e abstinência. Espera-se também que considerem este período um tempo para orações mais fervorosa, inclusive fazendo esforços extras para participar de serviços (celebrações) da igreja. Nosso Senhor instrui, no entanto, que a esmola está interligada à oração e ao jejum (Mt. 6,1-25). E como a oração e o jejum, a esmola deve ser feita em segredo (Mt. 6,2-4):

“Quando pois dás esmola, não faças tocar a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas praças, para serem honrados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa. Mas, quando dás esmola, não saiba a tua esquerda o que faz a tua direita, para que a tua esmola fique em segredo; e teu Pai, que vê (o que fazes) em segredo, te pagará.” Continuar lendo

AS DEMOCRACIAS ATUAIS DESONRAM OS DIREITOS DE DEUS

As democracias nascidas de 1789 não são as dos antigos gregos.

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

Entre os gregos, o governo da cidade era confiado à massa de cidadãos a fim de garantir o interesse geral. Pelo fato de todos os cidadãos serem considerados iguais, todos eles podiam reivindicar a defesa do bem comum sem que nenhum deles fosse superior. Esse era o regime constitucional comumente chamado hoje de democracia. Regime esse diferente dos outros dois (regime monárquico ou aristocrático), pois todos tinham acesso ao poder e não apenas um ou alguns como nesses citados. Nessas democracias, nenhum cidadão tinha mais poder que outro e ninguém era mais subserviente do que qualquer outro, mas todos tinham a obrigação de subscrever as leis em vigor e governar com justiça.

Essa forma de governo baseava-se, portanto, na igualdade de todos os cidadãos e, consequentemente, também na liberdade política de cada indivíduo. Um pouco quimérico, é verdade, esse regime poderia degenerar-se devido à falta de virtude por parte dos seus cidadãos, e a democracia seria, na verdade, uma corrupção desse regime constitucional. Os pobres aproveitavam-se disso para enriquecer impunemente. Continuar lendo

O HOMEM FERVOROSO E O HOMEM MORNO

O HOMEM FERVOROSO E O HOMEM MORNO | DOMINUS EST

As considerações abaixo foram escritas para religiosos, mas aplicam-se, com algumas adaptações, a qualquer cristão. Elas são, de fato, sintomas de mornidão, sintomas dos quais devemos estar cientes porque, muitas vezes, encontramo-nos afetados sem que sequer saibamos disso.

Fonte: FSSPX Ásia – Tradução: Dominus Est

O homem fervoroso observa sua regra até nas menores coisas. O menor medo de desagradar o divino Mestre é suficiente para compeli-lo a tudo. Ao contrário, um homem morno muitas vezes viola a sua regra, dispensa os exercícios prescritos tanto quanto pode, não gosta da oração, do estudo ou da leitura espiritual, ele é altamente sensível aos julgamentos humanos e desperdiça seu tempo em uma miríade de trivialidades.

Um homem fervoroso geralmente sente prazer em cumprir seu dever de Estado. Se, por vezes, encontra dificuldades, não desanima, seu fervor transforma as dificuldades em felicidade pela unção que espalha em sua alma. Isso leva-o até a acrescentar orações, austeridades e práticas devocionais às obras obrigatórias, todas as quais ele impõe a si mesmo com a permissão do seu confessor ou superior. Portanto, ele está sempre contente e exibe apenas atitudes gentis e graciosas, mesmo com aqueles que podem causar problemas.

Por outro lado, um homem morno considera as práticas do seu estado um fardo insuportável. Ele suporta toda a amargura sem sentir a doçura ou merecer o mérito. Consequentemente, ele é sempre um fardo para si mesmo e não consegue deixar de torná-lo conhecido externamente. Continuar lendo

A QUARESMA – PALAVRAS DE D. LEFEBVRE

Oferecemos aqui uma reflexão de D. Lefebvre sobre a Quaresma.

Fonte: FSSPX Distrito da América Central – Tradução: Dominus Est

Meus queridos irmãos,

De acordo com uma antiga e salutar tradição da Igreja, por ocasião do início da Quaresma, dirijo-me aos senhores para encorajá-los a adentrar plenamente neste tempo penitencial com as disposições desejadas pela Igreja, e para cumprir o propósito para o qual a Igreja as prescreve.

Se eu olhar para os livros da primeira metade deste século, parece-me que indicam três fins para as quais a Igreja recomenda este tempo penitencial:

  • Primeiro, refrear a concupiscência da carne;
  • Segundo, facilitar a elevação de nossas almas às realidades divinas;
  • Finalmente, satisfazer nossos pecados.

Nosso Senhor nos deu o exemplo, durante Sua vida aqui na terra: a oração e a penitência. Entretanto, Nosso Senhor, estando livre da concupiscência e do pecado, fez penitência e, de fato, satisfação por nossos pecados, o que demonstra que nossa penitência pode ser benéfica não apenas para nós mesmos, mas também para os outros.

Rezar e fazer penitência. Fazer penitência para rezar melhor, a fim de se aproximar de Deus Todo-Poderoso. Isso é o que todos os Santos fizeram, e é isso que todas as mensagens de Nossa Senhora nos recordam. Continuar lendo

IMMUTEMUR HABITU

Cantada na imposição das Cinzas..


“Immutemur habitu in cinere et cilicio; jejunemus, et ploremus ante Dominum; quia multum misericors est dimittere peccata nostra Deus noster.”

“Mudemos as  vestes e cubramo-nos de cinza e o cilício. Jejuemos e choremos diante do Senhor, porque o nosso Deus é misericordioso e perdoará os nossos pecados.”

PACIÊNCIA E IMPACIÊNCIA – PARTE 21 – TERCEIRO FRUTO DA PACIÊNCIA: A ALEGRIA

an angel statue next to a stone column

Fonte: Bulletin Hostia (SSPX Great Britain & Ireland) – Tradução: Dominus Est

Como se estivéssemos triste, mas sempre alegres.” (2 Cor 6, 10).

Essa é a descrição que São Paulo faz dos ministros de Cristo, que trabalham pela salvação das almas. O que é verdade para eles é verdade para todos os servos fiéis a Deus. Na superfície, aparente miséria, mas nas profundezas da alma, intensa alegria. Desta alegria diz São Paulo: “Estou cheio de consolação, estou inundado de alegria no meio de todas as nossas tribulações”. (2 Cor 7, 4). O que faz esse encanto funcionar? Paciência. Uma resistência paciente, uma humilde submissão à vontade de Deus, uma resignação à Sua providência.

Como é possível que da tristeza surja a alegria? A razão é que se vivermos para Deus e na dependência Dele, e buscarmos promover a Sua glória, então, embora na ordem natural possamos ser esmagados pela dor e pelo sofrimento, estaremos cheios de alegria por causa da alegria sobrenatural que Deus nos concede. “A vossa alegria”, diz nosso Senhor aos Seus apóstolos, “ninguém vo-la tirará”. (Jo 16, 22). Tenho alguma experiência dessa alegria? Se assim for, agradecerei a Deus por isso; caso contrário, devo esperar pacientemente e ver se não há algum impedimento de minha parte para tal.

De onde vem essa alegria? Do céu. É por isso que supera todas as alegrias terrenas e torna doces os sofrimentos terrenos. É o primeiro tênue reflexo da luz do Céu em meio às nuvens e à escuridão da Terra; a primeira amostra da alegria com a qual os justos serão acolhidos pelo seu Senhor na porta do Céu. Se uma gota dela na Terra adoça toda amargura e torna leves todos os sofrimentos, qual deve ser a intensidade da alegria que inebriará todos aqueles que aqui suportaram tribulações e sofrimentos por causa de Cristo?

PROGRESSISMO E CONSERVADORISMO: HISTÓRIA DA DISSOLUÇÃO DO HOMEM NO MUNDO E NA IGREJA NOS ÚLTIMOS 100 ANOS

O politicamente correto, esse desconhecido

Fonte: Sì Sì No No, ano XXXV, n. 14 – Tradução: Dominus Est

Esquema introdutório

• Antonio Gramsci (1891-1937) trabalhou na expansão do pensamento revolucionário da década de 1920 até o final da década de 1930. Seu estudo tinha como objetivo fazer com que a filosofia do materialismo dialético marxista fosse aceita intelectualmente por meio de manipulação mental (“entrismo”) e não pela força. Gramsci queria uma “revolução cultural”, ou seja, adquirir a hegemonia, o consenso e a direção da sociedade civil-cultural europeia (penetrando na escola, na imprensa, nas publicações, no judiciário e na mídia de massa). Só então se poderia pensar em ocupar o poder, o governo e o domínio do Estado. Gramsci é o progenitor de todas as correntes revolucionárias (Escola de Frankfurt, Estruturalismo francês) que tentarão, depois dele, trabalhar a revolta dentro do homem individual e não apenas na sociedade.

• Um autor que buscará revolucionar a Europa também religiosamente (e não só culturalmente como Gramsci) é Ernst Bloch (1885-1977), filósofo alemão de origem judaica, que na década de 1960 trabalhou para converter os católicos à dialética social-comunista por meio do diálogo, opondo à religião tradicional ou dogmática (tese) uma religião progressista (antítese), a fim de alcançar um messianismo terreno e imanentista ou “socialismo-cristão” (síntese). Infelizmente, sua estratégia foi bem-sucedida com o Concílio Vaticano II, que se propôs a dialogar com o mundo sem mais querer convertê-lo.

• Dos anos 1920-1930 até os anos 1960, a “Escola de Frankfurt” (Adorno-Marcuse), por meio de drogas, psicanálise, pansexualismo, moda e música pop, tentou revolucionar e aniquilar (a partir da Alemanha e dos EUA) o próprio homem nos aspectos mais profundos de sua alma e personalidade[1] (inclinações, intelecto e vontade) e não mais apenas a sociedade cultural (Gramsci) ou religiosa (Bloch). Continuar lendo

A ACÉDIA

Mas, do que se trata? Por que falar sobre isso?

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

A acédia é uma forma de tristeza avassaladora que produz, no espírito humano, um profundo desânimo, uma verdadeira desolação da alma. É uma “depressão”, na qual qualquer forma de entusiasmo, de desejo genuíno, são transformadas e concentradas em um único desejo: o de não fazer mais nada, de cessar a luta.

Santo Tomás de Aquino define-a como “um torpor do espírito que não consegue empreender o bem”. Em última análise, é uma tendência que mergulha a alma em um grande cansaço, dando-lhe aversão aos exercícios espirituais e ao devido respeito pelas exigências da religião. Portanto, ela afeta, de modo particular, o exercício da nossa vida cristã.

Devemos estar atentos porque esse defeito, porque é efetivamente um defeito, é um mal que pode acarretar sérias consequências se não for combatido. É por isso que é necessário falar sobre isso.

São Gregório afirma: “Ninguém pode permanecer muito tempo sem prazer, em companhia da tristeza”. O mesmo acontece com a natureza humana e vemos que uma pessoa triste terá, obviamente, uma tendência a se afastar daquilo que lhe está causando dor e a se voltar para outras atividades nas quais espera encontrar prazer e alegria. Continuar lendo