A VERDADEIRA ISRAEL SEGUNDO A FÉ

Israel perde a guerra pelos corações e mentes do mundo ocidental |  Metrópoles

Fonte: Sì Sì No No, Ano XXXIII, n. 18 – Tradução: Dominus Est

É formalmente e explicitamente revelado que existe uma Israel segundo o espírito e outra Israel segundo a descendência carnal.

Com efeito, São Paulo escreve: “Porque nem todos os que descendem de Israel, são verdadeiros israelitas (herdeiros das promessas); nem os que são da linhagem de Abraão (são) todos (seus) filhos” (Rom. IX, 6-7). Isso quer dizer que existe uma Israel carnal: aqueles que descendem de Israel e são “da linhagem de Abraão” por nascimento; e existe uma Israel espiritual: aqueles que têm a fé de Abraão e acreditaram na vinda do Messias, Jesus Cristo. Em suma, a verdadeira descendência de Abraão não é determinada pelo nascimento, mas pela fé em Jesus Cristo: “Se sois de Cristo, sois a descendência de Abraão, os herdeiros segundo a promessa — Si autem vos Christi, ergo semen Abrahae estis, secundum promissionem haeredes” (Gal. III, 29).

Por isso, é formalmente e implicitamente revelado (em “Israel segundo a carne” 1Cor. 10-18) que existe uma falsa Israel. Falsa porque não acolheu o Messias e impediu o seu conhecimento entre os gentios. E há uma verdadeira Israel que, respondendo à sua vocação, acolheu Cristo e pregou-O aos gentios.

Consequentemente, é pelo menos “virtualmente revelado”, ou seja, há ao menos uma “conclusão teológica” de que existe uma nova Israel: o cristianismo ou a Nova Aliança no sangue de Cristo; e uma velha Israel: o mosaísmo ou a Antiga Aliança, que era figura e preparação para Cristo (Rom. X, 4: “finis enim Legis Christus”; “o fim da Lei é Cristo”).

É preciso especificar que a velha Israel não era má, mas apenas imperfeita, uma vez que tendia a Jesus como seu objetivo, enquanto a falsa Israel, o judaísmo incrédulo, é mau, uma vez que nega a Cristo e o cristianismo.

As verdades “formalmente reveladas” (explícita e implicitamente) são o objeto direto da infalibilidade do Magistério eclesial; são testemunhadas pelo próprio Deus (explícita ou implicitamente) e por isso é necessário dar-lhes um assentimento total e irrevogavelmente certo; elas não podem ser falsas e devem ser consideradas como de “fé divina”, mesmo quando não há nenhuma declaração infalível da Igreja que as defina como reveladas (quando são definidas, dizemos que são de “fé divina definida”). Negá-las é no mínimo uma heresia material, se houver uma ignorância invencível; mas, se se sabe que a doutrina católica é diferente daquilo que se defende, há heresia formal com consequente pecado mortal dirigido contra a virtude da fé.

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Os Padres da Igreja interpretaram os versículos de São Paulo no seguinte sentido: a promessa de Deus aos Patriarcas não falhou, mesmo que nem toda a Israel tenha acreditado. Na verdade, não é a Israel carnal, mas a Israel espiritual que conta. Não é a descendência racial de Abraão que salva, mas é apenas o espírito abraâmico, isto é, a fé em Cristo, que nos torna verdadeiros filhos de Abraão segundo a promessa de Deus. A salvação não está ligada a um mero fator biológico, mas à livre cooperação do homem (a qualquer povo ao qual pertença) com o dom de Deus. As promessas de Deus não foram feitas à Israel segundo a carne, mas à espiritual.

Santo Tomás de Aquino, no seu Comentário à Epístola aos Romanos, escreve: “Nem todos os nascidos de Israel, ou seja, de Jacó, segundo a carne, são verdadeiros israelitas, aos quais pertencem as promessas de Deus, mas apenas aqueles que são retos e ordenados a Deus pela fé… Por isso o Senhor disse também a Natanael: ‘Eis um verdadeiro Israelita, em quem não há dolo’ (Jo. I, 47) […]. Em segundo lugar, o Apóstolo demonstra a mesma coisa comparando com Abraão, dizendo que nem todos aqueles que são descendentes carnais de Abraão são filhos espirituais de Abraão […], mas apenas aqueles que imitam a sua fé e as suas obras. Ademais, diz São João: ‘Se sois filhos de Abraão, fazei as obras de Abraão’ (Jo. VIII, 39)”.

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Na Epístola aos Filipenses (III, 2-3), São Paulo acrescenta: “Guardai-vos desses cães, guardai-vos desses maus operários, guardai-vos desses mutilados [os circuncidados]. Em realidade, nós é que somos os verdadeiros circuncidados, nós que servimos a Deus em espírito, nos gloriamos em Jesus Cristo e não confiamos na carne”.

Os judaizantes ou judaico-cristãos, que ensinavam a necessidade da circuncisão para se salvar, mesmo depois do advento de Cristo, são chamados pelo Apóstolo de “cães”, termo com o qual os judeus designavam os infiéis, os pagãos idólatras (ver no Evangelho o episódio cananeu), porque são raivosos dilaceradores do Evangelho e infiéis ao Messias prometido por Moisés e pelos Profetas. A circuncisão (como o antigo cerimonial) depois de Cristo é apenas uma inútil mutilação da carne (termo com o qual os judeus indicavam as mutilações sangrentas dos cultos idólatras pagãos), sem qualquer valor para o espírito. A verdadeira circuncisão é a espiritual que elimina o vício e a idolatria, adorando a Deus com a pureza espiritual da fé em Cristo. Portanto, a verdadeira Israel, a Israel segundo o espírito, são os cristãos (judeus ou gentios: já não há mais diferença), que não depositam a sua fé e a sua esperança na descendência carnal ou biológica de Abraão, mas apenas na fé e na caridade em Nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, está formalmente (e explicitamente) revelado que existe o verdadeiro circuncidado (e implicitamente) o falso circuncidado (ou infiel); a verdadeira Israel (explicitamente) segundo o espírito, e (implicitamente) a falsa Israel segundo a carne.

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O Apocalipse chama de sinagoga de Satanás a falsa Israel e os judeus incrédulos: “és caluniado por aqueles que se dizem judeus, e não o são, [mas] antes são uma sinagoga de Satanás” (Ap. II, 9). Mons. Pier Carlo Landucci, em seu Comentário ao Apocalipse, escreve: “tendo rejeitado o Messias, […] eles [os judeus] perderam todas as promessas [do Antigo Testamento], e sua herança passou para a ‘Israel de Deus’ (Gal. VI, 16), ou seja, ao verdadeiro povo de Deus, que é o cristianismo […], e tornaram-se assim ‘filhos do diabo’ (Jo. VIII, 44), para constituir a ‘sinagoga de Satanás’. O contraste parece claro entre a ‘sinagoga’, como expressão do judaísmo enquanto inimigo de Cristo, e a ‘Igreja’, como expressão do cristianismo […]. A ‘Igreja’, ou seja, o povo de Deus que é o cristianismo, contrasta com a ‘sinagoga de Satanás’” (Milano, Fabbri, 1967, p. 26).

Conclusão

Como podemos ver, é a em Nosso Senhor Jesus Cristo e não a raça que separa a Igreja da sinagoga atual. Pelo menos o é para nós, cristãos [ndt: isto é, nós católicos, os verdadeiros e únicos cristãos]. E tal é assim uma vez que, em vez disso, o judaísmo de hoje se concebe (principalmente) como um povo, que tem (secundariamente) a sua própria história e (acidentalmente) práticas “religiosas”. Portanto, se não é legítimo falar de racismo cristão (o antissemitismo biológico é uma ideologia neopagã e materialista), devemos falar que há um racismo por parte dos judeus: o povo “escolhido”, que tem a sua história e pode (ou não pode) praticar ritos “sagrados” [Nota do blog: ver o artigo O judaísmo rabínico ou pós-cristão].

Agobardo