O Arcebispo de Sydney protesta contra um projeto que visa colocar todos os cemitérios de New South Wales (Austrália) sob controle estatal, o que acabaria com o papel que a Igreja tem desempenhado até agora na manutenção dos cemitérios católicos.
Fonte: DICI – Tradução: Dominus Est
“Tal decisão colocaria fim a 150 anos de envolvimento da Igreja em cemitérios, para enterrar os falecidos, apoiar famílias em seu luto e manter as sepulturas”, adverte Mons. Anthony Fisher, Arcebispo de Sydney.
Em 25 de maio de 2021, o governo de New South Wales (NSW) tornou público seu desejo de revisar a Lei de 2013 sobre os Cemitérios, prevendo a criação de órgão estatal único – OneCrown – cuja missão será administrar todos os cemitérios de New South Wales.
A OneCrown seria destinada a substituir as cinco empresas independentes que atualmente cuidam dos cemitérios, incluindo a Catholic Metropolitan Cemetery Trust (CMCT).
Para Melinda Pavey, o projeto governamental se faz necessário por uma gestão deficitária dos cemitérios: “os cinco atuais operadores enfrentam um passivo financeiro de mais de 300 milhões de dólares (AUD) – ou cerca 190 milhões de euros, aproximadamente – e Sydney não tem mais espaço para enterrar os mortos ”, explica a Ministra da Habitação, que – por coincidência ou ironia – é a encarregada do processo.
Uma razão que não convence Andrew Bolt, colunista da Sky News. Segundo o jornalista, das cinco empresas que mantêm os cemitérios presentes em NSW, a CMCT é a única a apresentar uma gestão excedentária.
“Você está neste negócio há gerações, recebe doações, faz um trabalho que é sagrado para você e, de repente, numa sexta-feira lhe é dito que está falido, que o governo está levando seu dinheiro e que o Estado está assumindo o controle”, resume ela no canal privado de notícias.
“O desprezo demonstrado pelos fiéis e suas obras não é um bom presságio para a forma como o governo poderá lidar com os funerais e sepulturas católicas no futuro”, adverte o Arcebispo de Sydney.
De acordo com o prelado, que confiou seus temores nas colunas do The Australian, “alguns membros do governo estão considerando interromper os enterros e realizar apenas cremações“.
Por fim, o plano do governo cria uma série de incertezas, particularmente no que diz respeito às concessões perpétuas: “uma burocracia laica que não conhece o respeito mais elementar pelos falecidos poderia ser tentada a reutilizar as sepulturas para criar mais espaço”, adverte Dom Fischer.
A luta contra a nacionalização das sepulturas em New South Wales está apenas começando.