COMO EDUCAR O FILHO QUE NÃO QUER ESTUDAR

criancaUm momento delicado

Aos 7 anos, a criança deixa o círculo limitado e conhecido da família, e penetra no mundo inteiramente novo da escola. Não são mais os irmãos e os primos: são várias crianças, estranhas e heterogêneas. Não são somente os amiguinhos do edifício ou do quarteirão: são desconhecidos agora os seus companheiros: – nunca se viram, não sabe quem são, nem como se chamam, onde moram, de quem são filhos. Pela primeira vez, ela é uma desconhecida no meio de desconhecidos. A própria professora ela não sabe quem é: sabe-lhe apenas o nome.

Esse novo mundo em que vai viver é muito diferente da família. Em casa eram os outros que procuravam adaptar-se-lhe: ali é ela que deve adaptar-se a tudo. O seu novo mundo tem horários rígidos, marcados pela sirene estridente; tem programas que lhe são impostos; tem lugares certos que lhe são designados. Grande parte de sua liberdade acabou-se. Agora ela deve fazer tudo com os outros e como os outros. Um novo regime de vida. Obrigações, tarefas, exercícios, com prazo determinado, sem aquela ajuda pessoal a que está habituada. Poderá integrar-se com facilidade no ambiente novo; mas poderá encontrar elementos que lhe rompam o equilíbrio eemocional.

Dos colegas e da própria professora receberá talvez impressões que a traumatizarão, criando-lhe dificuldades. Se isto lhe acontecer, e se não encontrar compreensão e amparo em casa, a vida escolar lhe será difícil, com perspectivas até de fracasso.

Como ajudar os filhos

Tanto indireta como diretamente podem os pais ajudar os filhos que vão à escolaI. A ajuda indireta, certamente a mais eficaz, pode ser realizada de vários modos:

– Boa integração social

Habituada a conviver bem com os irmãos e amiguinhos, a respeitar as pessoas mais velhas, a obedecer aos pais, a criança encontrará facilmente para o trato com os colegas e o respeito e obediência à professora.

– Disciplina

Se em casa contraiu os hábitos sadios de

. pôr cada coisa em seu lugar,

. atender com presteza aos horários,

. saber escutar quando outros falam,

. receber e executar ordens,

. prestar atenção ao que se lhe diz,

– a vida escolar não lhe será grande novidade, a criança não estorvará as aulas com conversas, e saberá ouvir e aprender o que diz a professora.

 Auto-suficiência

A criança que, desde cedo, aprende a

. usar do banheiro,

. vestir-se sozinha,

. atar o cadarço dos sapatos,

. servi-se à mesa,

. realizar seus trabalhos sem maior dependência dos adultos,

– sentir-se-á bem na escola, e quase não estranhará o seus regime.

– Curiosidade

Sem em casa

. sempre lhe satisfizeram as justas curiosidades,

. se lhe alimentaram o espírito com interessantes e úteis conhecimentos,

. se lhe responderam devidamente às naturais perguntas,

. se a familiarizaram com livros ilustrados,

. se a levaram a visitar parques e museus, etc.

– ela experimentará natural desejo de aprender, e provará alegria com os conhecimentos que a escola lhe for ministrando.

– Expressão

Se, desde o começo

. lhe ensinam a falar com correção e propriedade,

. se lhe vão aumentando o vocabulário conforme as necessidades,

. se lhe deixam participar (educadamente) das conversas da família, aprendendo assim (insensivelmente) a expressar-se com espontaneidade e desembaraço.

–  grande facilidade encontrará na escola.

– Disposição

. Se lhe falam da escola com simpatia, como de uma atividade agradável e um lugar feliz, e da mestra como pessoa encarregada de ajudar a instruí-la e prepará-la para a vida,

. se nunca a ameaçaram nem amedrontaram com o estudo e a professora,

– ela verá aproxima-se a vida escolar com alegria ou, pelo menos, com calma e segurança.

Esta preparação indireta é a mais vantajosa, porque realiza a integração da criança nas suas atividades estudantis.

Há também a ajuda direta, dada mais propriamente aos estudos. Entre deixar o filho entregue a si mesmo e fazer-lhe os exercícios, há o justo proceder dos pais. Quais será?

– Ajuda nos estudos

Local e horário para os estudos em casa, a fim de estabelecer disciplina e hábito. O tempo de estudo não deve ser tanto que gere enfado, nem tão pouco que não baste às lições e exercícios.

– Ambiente de trabalho

Sem excessivos rigores (contraproducentes), o estudo deve ser levado a sério, não somente para ser eficiente, como também pra educar na seriedade do trabalho. No tempo destinado ao estudo, não se permitam brincadeiras nem conversas, interrupções indébitas, telefonemas proteláveis, etc., a fim de formar nas crianças o senso do dever.

– Verificar os trabalhos

Evitem os pais seguir muito de perto o trabalho da criança, para não torná-la demasiado dependente. Podem ver se os cálculos estão certos, as operações bem feitas; e, se não, devem apontar os erros e mandar corrigí-los. Podem também explicar as dificuldades que ela encontrar nos livros ou nas ordens dos professores; mas não discordem do que lá estiver escrito, para não criar-se confusão na mente do aluno. Ao fim do trabalho, “tomem a lição“, para verificar o que ela fez.

Na prática, esses cuidados caberão antes à mãe que ao pai. Este, porém, não pode desinteressar-se dos estudos dos filhos: informe-se freqüentemente como vão; veja-lhes os cadernos, experimente-os, de quando em quando, verifique-lhes a caderneta de notas ao menos semanalmente, estimule-os com seus conselhos, aplausos e reprimendas.

Corrija seu filho – Pe. Álvaro Negromonte