Para ensinar à criança a mostrar-se íntegra e respeitosa para consigo mesma e para com o próximo, é preciso que a mãe se proíba qualquer expressão indelicada em suas relações de intimidade com o bebê. Como poderá ele, comumente tratado de “molequinho”, “amolantezinho” ou até de algum nome de animal mais ou menos repugnante, aprender a respeitar-se a si mesmo?
Logo que chegar ao período de seu desenvolvimento, que o leva a procurar reproduzir os termos e palavras dos adultos, ele empregará as mesmas expressões, tanto para se designar a si próprio como para qualificar os outros. Isto representa terreno perdido relativamente à formação da delicadeza dos sentimentos.
Embora outras expressões tais como “meu Jesus” ou “meu Tesouro” não tenham caráter algum grosseiro, devem, igualmente, ser banidas da linguagem das mães. Tendem a diminuir, no espírito infantil, o sentimento dos valores morais ou religiosos. Se o bebê é um “Jesus”, não virá ele a considerar o verdadeiro Jesus como um simples companheiro? E se for qualificado de “tesouro”, como não haverá de se revoltar diante das severidades necessárias?
Os educadores terão de zelar para não deixarem escapar palavras e expressões que testemunhariam que eles perderam o próprio controle. Quer as grosserias dos termos dirijam-se diretamente ao filho, quer a terceiros, trazem como consequência provocar na criança o desejo de repeti-las.
Sob pretexto de adaptarem seu vocabulário ao infantil, os adultos têm o hábito de se servirem de palavras deformadas e de expressões incorretas. O mal não é grande do ponto de vista moral. Porém, o mesmo não acontece sob o aspecto da formação dso espírito. A correção do pensamento exige a correção da linguagem. Eis porque, longe de imitar o modo de falar da criança, convém chamar-lhe a atenção, cada vez que ela emprega palavras ou expressões imperfeitas.
Acostumando-se a reprimir sua linguagem e a procurar a justa expressão de seu pensamento, ela aprenderá a respeitar a verdade.
Pequeno Tratado de Pedagogia – Jean Viollet