CORONAVIRUS: ENTRE O MEDO E A AUDÁCIA

Dom Lourenço Fleichman OSB

Mais uma vez me vejo na obrigação de esclarecer nossa posição católica, diante de crises que se abatem sobre a nossa sociedade. Nosso mundo anda mergulhado no que lhe parece ser um grande sol a iluminá-lo, quando na verdade é apenas uma escravidão consentida e desejada. Sim, os tecnológicos homens desse mundo pós-moderno sabem, percebem sua incapacidade de fugir da compulsão das redes sociais, das massificantes notícias e informações, e sobretudo da sensação que tomou conta de todos, de serem livres como um passarinho a voejar entre galhos de árvores e fios elétricos. 

Poderíamos perguntar a nós mesmos o porquê dessa doença; creio que responderia que o homem busca companhia. Até certo ponto, convenhamos, essa busca é natural, visto a definição mais do que antiga feita pelo Filósofo, segundo a qual o homem é um animal político: vive na companhia dos seus semelhantes. Ora, como o mundo moderno desenhou no pé da mesa do computador (eu sei, eu sei, já não é mais no computador, é deitado na cama ou no sofá com o celular nos dedos, mas não atrapalhem, por favor, a minha história!)… então, retomemos: como o mundo moderno desenhou no pé da cama, ou da mesa, uma bola de ferro virtual, e disse ao ser debruçado na máquina: – veja, caro amigo, esta é uma bola de ferro virtual, nada mais “real” do que o virtual. Portanto, você está preso, velho escravo. Não se mexa, não saia daí.

Como sói acontecer, o homem moderno nem escutou o que o mundo lhe disse, do mesmo modo que não escuta o pai, ou a esposa, a lhe dizer que o jantar está na mesa, ou que o filho caiu do telhado e quebrou a perna. Embasbacado estava diante do altar da nova religião… embasbacado continuou. Essa falta de reação é a prova da aceitação tácita da escravidão. 

Foi ele assim pilhado, surpreendido, acuado pelas alarmantes notícias que chegavam do outro lado do mundo, da China cheia de histórias, de civilizações pagãs, de comunismos modernos. A China do mercado, do chinguilingue, dos automóveis incrivelmente mal fabricados. Diriam as más línguas que o escravo das redes sociais chegou a experimentar certa dose de satisfação por ter sido o primeiro a ler a notícia sobre um estranho vírus coroado que teria ultrapassado as milenares muralhas. Enquanto as notícias, procuradas agora com ânsia em todos os sites, comentadas alegremente com seus parceiros de escravidão, falavam da China ou da Itália, continuava o alegre escravo a comer sua pizza de entrega super rápida, por esses mágicos aplicativos que trazem a gordura do queijo aos beiços famintos do escravo, o qual insiste em se achar a mais livre das criaturas. Nunca o mundo conheceu mais perfeita escravidão. Pobre gente. 

Eis que o improvável aconteceu: o vírus virtual chegou ao Brasil, e o escravo teve medo de ser ele real. Grudado que estava nas ondas virtuais, colou-se ainda mais forte ao que lhe parecia ser a vida. Abraçou seu celular, beijou-o com carinho: “meu Salvador, só vós podeis, nessa hora de angústias, me fazer companhia, me livrar desse bicho mau”!

A desordem instalou-se por toda parte, leis contraditórias, especialistas a explicar o grau de letalidade do vírus coroado, e outros especialistas a explicar que o importante é o mercado não parar. Médicos a pedir que todos fiquem reclusos em suas casas, e médicos a dizer que podem passear, trabalhar, só tendo cuidado com os velhinhos e meia dúzia de outras castas de doentes no grupo de risco. Políticos impondo regras rígidas de controle, e outros políticos querendo que a economia não pare, pois seria ainda pior a situação, se os médicos não tiverem com o que trabalhar, e o trabalhador não tiver com o que comer.

Valha-me Deus, que os homens escravos já eram doentes sem o pânico, agora já não se tolera mais ouvi-los, tamanha a balbúrdia que provocam, a agitação que causam nas almas, o medo que se instala no coração de todos.

Verdade seja dita: no âmbito da Tradição muitas vezes reclamamos de Nosso Senhor porque o Seu braço não desce sobre os maus prelados, papas, bispos, sacerdotes desse anti-Concílio Vaticano II, castigando-os pelos 60 anos de modernismo instalado em Roma. Lamentamos que o sopro de sua boca não varra do mundo os bandidos, assassinos, traficantes, tocadores de funk a azucrinar as nossas cabeças noites inteiras numa ante sala do inferno. Mas, enfim, não compreendíamos bem as coisas, achando que o braço vingador cairia certinho nos limites que nós imaginamos para a restauração. Não! Nosso Senhor soltou o braço, o anjo exterminador pode até ter marcado a soleira das nossas portas com o Sangue redentor, mas nada garante que nossas vidas serão preservadas. Muitos estão morrendo e nem todos são maus, nem todos são responsáveis pela destruição da civilização católica. O que importa, pois, é estarmos preparados, pois a morte vem como um ladrão e ninguém sabe o dia nem a hora em que deverá prestar contas ao Bom Deus.

No meio disso tudo há o pânico. Ao longo dessas semanas tenho assistido a várias tendências entre nossos fiéis e leitores; procuro orientar a todos no sentido de largarem a internet e se dedicarem à liberdade verdadeira dos filhos de Deus. Se conseguissem desligar os aparelhos que os escravizam, talvez percebessem o quanto podemos nos adaptar a este tempo de “contração”. Uso esse termo para designar a quarentena porque é o mesmo utilizado por Santo Tomás para explicar um dos efeitos do medo. O medo, explica o Doutor Angélico, provoca efeitos no corpo, tanto físico quanto social. Um deles é a contração, como acontece quando um peso parece que vai cair sobre nossas cabeças: logo nos contraímos, nos encolhemos. Do mesmo modo, quando sentimos medo, o sangue parece descer da cabeça, e ficamos pálidos; as forças parecem nos faltar, e trememos como vara verde. Perdemos a fala, respiramos mal, paralisamos os membros. 

E Santo Tomás dá ainda o exemplo do medo social, explicando que nas ocasiões em que um medo se abate sobre toda uma cidade, os cidadãos têm a tendência de se retrair ao interior, ao local mais protegido, às suas casas. É exatamente isto que está acontecendo hoje.

Os especialistas divergiram e criaram ainda mais confusão na cabeça das pessoas. A internet volta a valer a pena para os escravos que tinham se libertado da bola de ferro virtual. Agora precisam saber, precisam ouvir seu blogueiro predileto, a cuspir no seu jargão de “youtuber” as grandes descobertas que os espertos garotos espalham pelas ondas, provando sem provas que tudo não passa de uma grande mentira para paralisar o Brasil. 

A situação tornou-se pior para o católico, pois até alguns dias atrás ele precisava lidar com o medo do vírus, aprender a controlar o medo pelo uso da razão iluminada pela fé sobrenatural, a confiar na graça de Deus, a preparar sua alma, a obedecer às ordens legítimas dos governantes, como é obrigação de todos os católicos. Agora surge o medo dos que não têm medo! Porque me parece que a reação ao medo dos que pregam a não obediência civil, é também ela uma espécie de medo. Talvez o medo da quebra da economia, ou o medo de se sentir impotente dentro de casa, sem poder trabalhar, sem poder trazer para casa o pão quotidiano. E começam a reagir contra a obediência civil com tanta veemência que só fazem aumentar o medo e a confusão nas almas.

Entre o medo e a audácia

Depois de ter tratado do medo enquanto paixão, ou seja, do ponto de vista natural, filosófico, na Prima Secundae, Santo Tomás aborda a questão do medo enquanto pecado contrário à virtude da Força. E explica que há três modos de se pecar contra esta virtude: pelo medo desordenado, contrário à razão, pela ausência de um medo devido, e pela audácia temerária.

Mas em que consiste precisamente este temor? Vejam quão surpreendente é a resposta do santo doutor: o temor procede sempre do amor. Nós só tememos as coisas que se opõem ao que nós amamos. Ora, todas as virtudes contêm um amor ordenado, um movimento em busca do bem; e todo vício contém um amor desordenado que provoca um desejo contrário ao bem. Paralelamente, todo pecado contém um medo desordenado, como o avaro teme perder seu dinheiro. E Santo Tomás continua na sua aula sobre as paixões em geral, e sobre o temor ou medo, em particular:

O grau mais forte de temor é o medo que sentimos de perder nossa vida. Ele pode ser bem ordenado, ou seja, seguir os ditames da reta razão, como, por exemplo, quando tratamos de uma doença grave. Mas o medo pode ser exagerado, provocando a fuga em situações em que se deveria enfrentar o mal. Nesse caso ele se chama fraqueza, laxidão, e se opõe à virtude da força. 

Na questão seguinte, Santo Tomás vai tratar da ausência de temor no momento em que seria necessário fugir do mal, ou seja, uma situação inversa da precedente. A justa medida no amor é evocada por Santo Tomás de modo a que o medo seja conforme à razão, presente sempre que necessário, e onde sua ausência causaria um pecado. A ausência total de temor seria impossível, visto que o temor procede do amor, e que não se pode deixar de amar a própria vida, pelo menos não completamente. Mas poderia haver ausência completa de temor, podendo ser pecaminoso, quando o sujeito considera impossível que um mal lhe advenha.

Santo Tomás cita Aristóteles, quando este estabelece os casos de pecado pela ausência total de medo diante de um perigo real:

– o orgulho que provoca a presunção sobre si mesmo e o desprezo dos outros. E cita o livro de Jó falando sobre o Leviatã: Não há poder sobre a terra que se compare, pois foi feito para não ter medo de nada. Olha sobranceiramente tudo o que é elevado, ele é o rei dos mais altivos animais.

– os ignorantes, que são tão rudes que não temem nada. Aristóteles chega a chamar-lhes de fanfarrões, os quais, segundo o Estagirita, agem com uma mistura de audácia e de covardia: nos tempos normais se mostram muito corajosos, mas diante dos perigos reais tornam-se covardes. 

Por isso, no artigo seguinte, Santo Tomás mostra que é um pecado não ter medo na hora em que é necessário sentir este temor, de modo a usar a virtude da força para fugir do mal que não podemos combater.

A paixão Audácia diante do vírus

Numa de minhas consultas a pessoas capacitadas para tratar da questão do vírus, tanto do ponto de vista médico, quanto do ponto de vista político e econômico, ouvi uma explicação que me pareceu bastante plausível: estamos correndo contra dois contadores de tempo. Eles são contraditórios entre si: um é o número de mortos provocado pelo vírus – outro é o drama da economia a perder seus recursos, seus ganhos, seus salários, sua comida. A escolha do caminho a ser tomada é a grande questão. Ambos os caminhos são lícitos, ambos refletem verdadeira preocupação com o Brasil (mesmo sabendo que o PT e demais comunistas torcem para que o Brasil quebre. E nesse ponto merece ser assinalado, mais uma vez, o péssimo PSDB que dá mostras de sua total incapacidade de fazer verdadeira política, indo agora buscar as opiniões de Lula para falar sobre a situação. Gente má!) Mas dizíamos, ambos querem o bem do país, procuram o Bem Comum.

A nossa compreensão e nossos atos deverão ser regulados pela virtude da Força, a qual move nossa vontade na realização de uma obra necessária, usando os meios à disposição, com os quais nós devemos fugir do mal que não podemos extirpar, sem medo desregrado, mas também sem audácias ineficazes e tolas.

Para chegarmos a esta virtude precisamos recorrer, como fizemos em 2017, quando os caminhoneiros pararam o Brasil e alguns católicos pensaram em apoiá-los, à doutrina católica. Deixemos de lado os mundanos, eles não podem servir de parâmetro para o pensamento católico. 

O primeiro ponto que devemos abordar é saber se ter medo do Coronavírus é conforme à razão. A questão deve ser dividida em duas partes, em dois aspectos.

O primeiro é a atitude pessoal, de cada indivíduo. Ter medo ou não ter medo do vírus vai depender da idade, da saúde, de cada um. Os médicos são unânimes em assinalar os riscos que os idosos acima de 60 anos correm; também as pessoas que sofrem de doenças crônicas como hipertensão, diabetes, obesidade e outras semelhantes. Estes devem se resguardar, devem ser mais exigentes no isolamento social, devem se proteger com a máscara caso precisem encontrar pessoas que chegam da rua.

Os jovens saudáveis, apesar de não correrem riscos, pois segundo todas as estatísticas, mesmo o coronavírus seria para eles uma gripe comum; mesmo não devendo ter medo de contrair a doença, devem tomar os cuidados proporcionais segundo a vida de cada um. O convívio com pais idosos, com avós já obrigaria esses jovens a se protegerem mais, pois eles podem ser portadores e transmissores do vírus, apesar de não contraírem a doença.

Assim, pois, do ponto de vista individual, parece haver um consenso sobre as atitudes a serem tomadas, eliminando os exageros, o medo irracional, a paranoia que tomou conta de todos.

O segundo aspecto é a atitude da sociedade, comandada por seus governantes, orientados por seus médicos, pesquisadores, ministros técnicos, que tomam suas decisões para o bem comum.

Teriam razão os que afirmam que este vírus é menos letal, menos perigoso do que outros que matam todos os anos? Apesar de sabermos que existem muitos vírus e outras doenças que matam muito pelo mundo, como H1N1, ou a Dengue, não me parece razoável afirmar que os números indicados pelos governos sejam manipulados a ponto de criarem uma falsidade intencional e cruel. Se assim fosse, homens políticos como um Trump ou outros não teriam mudado seu discurso e suas atitudes. No início, só falava da economia, como Bolsonaro, mas hoje ele sabe que seu país corre graves riscos nos dois sentidos. E tem manifestado suas apreensões e alertado a população sobre gravidade da situação nas próximas semanas. 

Mesmo que os números sejam exagerados, quanto deveríamos diminuir nos 800 mortos diários nos EUA, ou os 900 na Itália?

E o milhão de infectados? Seriam talvez 500 mil, ou 600? Nessa ordem de grandeza, não faz tanta diferença. A realidade está diante de todos, e há um medo real, com bases racionais, da parte dos legítimos governantes em todo o mundo. O que eles têm determinado, como método, como estratégia? Na grande maioria dos casos, a estratégia é a “contração”, como vimos em Santo Tomás. O que parece, é que a razão humana, baseada em dados médicos, entendeu que esta é a melhor solução, mesmo sabendo que ela provoca situações graves. Mas diante do custo – benefício, escolheram retrair a economia para salvar vidas e esperar que o vírus termine seu passeio pelo mundo.

Se a realidade fosse uma guerra, com aviões despejando toneladas de bombas sobre nossas cidades, haveria o caos, haveria milhares de mortos, e haveria também o colapso da economia. O mundo já passou por isso diversas vezes, e a Santa Igreja sempre considerou a guerra como um flagelo permitido por Deus para a conversão dos povos.

Se os católicos compreenderem que esse vírus é um flagelo enviado por Deus para a nossa conversão, levantarão as mãos aos céus agradecendo a Deus pelo pequeno número de mortos entre nossas famílias, pela preservação da nossa juventude, pela “contração social” ter mantido nossos velhinhos amados entre nós, e por termos tido uma santa Quaresma que acendeu em nossos corações o sentimento de perda que era necessário para amarmos mais profundamente a Nosso Senhor, sua santa Missa, sua presença consoladora na Sagrada Eucaristia, que tantas vezes recebemos sem estarmos bem preparados.

Esta Quaresma de orações e penitências deve iluminar nossa razão, a inteligência que vê a realidade, e a vontade que ama profundamente os desígnios de Deus. Então será mais fácil para nós obedecermos ao que ordenam os governantes, concordando ou não com a estratégia que eles estabeleceram para nos tirar dessa situação.

Voltemos ainda um pouco a Santo Tomás, para lembrarmos que há três efeitos do medo bom, do medo que é parte da virtude da Força. O primeiro é físico, atua nas atitudes práticas e corporais, a contração de que falamos acima. 

O segundo efeito causado pelo medo atua na prática da virtude da Prudência, a qual é a rainha das virtudes morais, por estar na nossa inteligência, a nos iluminar com a verdade, de modo a praticarmos as virtudes necessárias em cada passo da vida. Sabemos pelo Catecismo que a Prudência é elevada pelo Dom do Conselho. Aplicando este efeito à situação atual, parece-me importante o fato de que, após eu ter pregado a obediência civil, ou seja, o acatamento da ordem de diminuir a circulação e mesmo de não permitir o culto com aglomeração de pessoas, tive contato com vários padres da Fraternidade São Pio X, e vi que esta tinha sido também a orientação geral de todos, tanto da parte do Superior Geral, o Pe. David Pagliarani, quanto dos Superiores dos diversos distritos espalhados por todos os continentes. Não estamos só nessa atitude geral.

Acontece que ao tratar do pecado da audácia, depois de ter explicado que só é pecado a audácia que contraria a razão, Santo Tomás indica um critério que está ligado ao fato do conselho que tomamos e que consiste em se informar e em ouvir outras pessoas conhecedoras do assunto. Assim ensina o santo Doutor:

A ação pronta é louvável quando ela segue a este ato da razão que se chama Conselho. Mas agir de modo precipitado, antes de tomar conselho, não seria louvável, mas repreensível, seria pecar por precipitação ou imprudência. A audácia que move à rapidez da ação só é boa quando regulada pela razão”.

Finalmente, último efeito do temor descrito por Santo Tomás, este tipo de temor razoável, racional, não cega a vontade, ao contrário, só causa um aumento da força no sentido de buscar o bem. No caso, este bem é a obediência civil, mesmo sabendo que, se a estratégia dos governantes fosse outra, e fosse, ela também, segundo a lei natural, não contrária à lei de Deus, nós as teríamos seguido da mesma maneira.

Eis como a doutrina santa da Igreja serve, mais uma vez, para esclarecer nossa atitude prática diante de uma grave situação.

E pensar que isso tudo aconteceu na Quaresma! Que chance nos foi oferecida por Nosso Senhor, de aprendermos, (finalmente! Antes tarde do que nunca.) a sofrer de verdade. Gustavo Corção dizia que faltava ao Brasil uma guerra, para o brasileiro aprender a sofrer. Ei-la que aparece; diferente, é verdade, surpreendente mesmo, exigindo de todos os aprendizados de vida espiritual muito mais profundos do que ir à missa no domingo e de vez em quando se confessar.

Quaresma formadora de caráter, essa é a verdade. Não joguem isso fora. Enfim as nossas personalidades católicas poderão aparecer na sua plenitude, e nós teremos a oferecer a Nosso Senhor desapegos terríveis, lágrimas de verdade, arrependimentos profundos dos nossos pecados.

Eis a chance dada por Nosso Senhor, Rei do Céu e da Terra, àqueles escravos da bola de ferro virtual. Se eles vissem a realidade, se descobrissem pelo sofrimento pacífico e oferecido na oração, que o mundo virtual da internet é o foco do pior vírus, da pior epidemia que o mundo já conheceu; se aproveitassem da situação para retornarem à realidade da vida, veriam o milagre acontecer: a pesada bola de ferro virtual desapareceria como por encanto do pé da cama onde andavam deitados. De corpo e alma se dariam ao uso da razão, até então embotada e diminuída, descobrindo, enfim, para além da realidade da natureza, a beleza da vida das virtudes, da vida de Deus em nós, do amor de Deus e do amor do próximo.

Não posso negar que os nossos fiéis da Tradição, das Capelas N. Senhora da Conceição, São Miguel, N. Sra da Assunção, Santo Agostinho, N. Sra de Fátima, e São José da Providência, arregaçaram as mangas e puseram-se a rezar como jamais haviam feito numa Quaresma. Continuemos, pois, com o oferecimento diário dessa imensa penitência, de não termos a Santa Missa, de não podermos comungar. Guardemos um bom espírito de obediência, de calma, de prevenção médica, ou seja, um bom temor contra o mal do vírus. E que Nossa Senhora da Dores obtenha de seu Filho o fim deste flagelo.