ENTRE MANIFESTAÇÕES E CONSAGRAÇÕES

Fonte: Boletim Permanencia

A semana foi agitada pelo chamado às ruas dos apoiadores de Jair Bolsonaro e pelo anúncio de que o bispo Dom Fernando Rifan levou ao Presidente um texto de Consagração do Brasil ao Imaculado Coração de Maria, o que será feito hoje. Como não é de espantar, muitos católicos se perguntam como deveriam se posicionar em relação a esses dois eventos.

Em relação às ruas, às manifestações, já deixei claro como nos posicionamos, mas é sempre bom lembrar. Os católicos não devem se juntar em manifestações com outros grupos, com outras religiões, com instituições contrárias à fé católica, ou que reduzem as questões aos chamados denominadores comuns, de modo a deixar de lado os princípios católicos que deveriam sempre nortear o pensamento nesses pontos. Isso é um ensinamento constante dos papas anteriores ao Concílio Vaticano II, e aparece de modo muito forte na encíclica Mortalium Animos, de Pio XI, de 1938.

Por outro lado, isso não significa que um pai, vendo que uma manifestação movida por intenções retas acontece perto de sua casa, não possa descer à rua com sua família, de modo privado e discreto. Saibamos agir prudencialmente, e respeitar essa proibição da Igreja com inteligência e bom senso. A vida privada é algo prático, que depende do juízo prudencial de cada um.

Mas que fique claro que isso só pode ser feito de modo privado, o que exclui agrupamentos católicos, combinações de grupos de whatsapp e coisas do gênero.

Em relação à consagração do país a Nossa Senhora, vamos tentar analisar essa questão pensando nas pessoas envolvidas no caso.

Em primeiro lugar, o aparecimento de Dom Fernando Rifan no contexto da política nacional. A figura não nos traz confiança, tendo sido um traidor de sua formação junto a Dom Antônio de Castro Mayer, a quem renegou por um anel de ametista e uma mitra. Os interesses desse bispo passam sempre na frente de suas convicções, e estas vão mudando de acordo com as exigências dos inimigos da Igreja, a quem hoje ele serve. Isso a ponto de exigir de seus padres e seminaristas que aprendam e celebrem a missa nova, tão claramente condenada pelo grande confessor da fé que foi Dom Antônio.

O segundo personagem a entrar em cena é o presidente da República, que não esconde seu envolvimento com a seita protestante. Agora mesmo ele acaba de criar novos vínculos com os hereges. A própria manifestação do dia 26 está virando um evento “evangélico”. Podemos muito bem assistir ao presidente fazendo a consagração, e no dia seguinte, estar num culto protestante, para agradar a sua esposa, ou para conseguir algum proveito político. Eu gostaria muito que o católico Jair Bolsonaro compreendesse o seu papel de chefe de uma nação católica, mas não é o que percebemos em suas ações.

A terceira personagem a entrar em cena é a Virgem Maria. E devemos nos perguntar se Nossa Senhora gostaria de estar metida num movimento ecumênico, ou na duplicidade de seu papel de intercessora junto a seu Filho, para salvar o Brasil do caos. Sim, claro, vamos pedir a ela hoje, e amanhã vamos ser cúmplices dos que renegam a santidade da Mãe de Deus ou a desprezam publicamente.

Em quarto lugar, há a Pátria brasileira, que sofre pela incapacidade do governo Bolsonaro de canalizar as forças ainda sadias do país, permitindo que as brigas intestinas entre aqueles que deveriam se apoiar mutuamente, levem o país ao desastre. É claro que, para o Brasil, uma consagração a Nossa Senhora, ao seu Imaculado Coração, seria de grande importância. Porém, o que aparece nessa análise é que estamos diante de uma consagração mais política do que religiosa. Nesse caso, preferimos que não aconteça, e que esses senhores deixem em paz a Virgem Maria.

Nossas orações, nossas missas, nossos sacrifícios, valem muito mais do que essa farsa que estão montando no Brasil.