Na revolução francesa de 1793, a igreja de São Pedro de Besançon foi entregue a um padre cismático. Os padres católicos, porém, fiéis às leis da Igreja, eram presos e assassinados pelos revolucionários.
Um destes padres, chamado João, ficara entre seus paroquianos disposto a sofrer tudo por Deus e pela Igreja. Andava disfarçado: botas largas, blusa de carroceiro, lenço grande ao pescoço e chicote em punho, lá ia pelas ruas visitando as casas de seus paroquianos. Levava pendurada ao cinturão uma caixinha em que se achava o necessário para administrar os sacramentos, bem como uma píxide de prata onde guardava o Santíssimo.
Passaram-se muitos meses sem que a polícia suspeitasse que naquele carroceiro se ocultava um sacerdote, que desempenhava seus ministérios. Afinal, um dia, foi descoberto e imediatamente conduzido ao tribunal revolucionário.
– Cidadão, que és tu?
– Sou o Padre João, ministro de Jesus Cristo.
– A lei não te proíbe exercer teu ministério?
– Sim; mas Deus mo ordena.
– Parece que tens nessa caixinha cartas de correspondência com o estrangeiro?
– Não, isso nunca o fiz.
– Mas, que é que levas nessa caixa?
Temendo alguma profanação, e julgando que aqueles homens não compreenderiam a sua resposta, disse:
– São hóstias.
– Estão consagradas? Perguntou o Presidente.
– Sim, estão.
Passou-se então um fato nunca visto em tais tribunais. O presidente que, sem dúvida, quando menino recebera instrução religiosa e no catecismo aprendera o dogma da presença real, gritou em voz imperiosa:
– Cidadãos, estão consagradas: de joelhos todos!
Além disso, chamando os guardas, ordenaram-lhes que acompanhassem o Pe. João até a igreja do padre cismático para repor o Santíssimo.
No dia seguinte, após um juízo sumário, mandaram-lhe cortar a cabeça por ter violado as leis vigentes.
Tesouro de Exemplos – Pe. Francisco Alves