Nasceu S. Dominguinho em Saragoça (Espanha), pelo ano de 1240. Quando sua mãe lhe deu o primeiro abraço, descobriu-lhe no ombro a marca de uma cruz e, sob os cabelos louros, um círculo encarnado, como de uma coroa de espinhos.
O brasão da família, descendente dum cruzado francês, ostentava uma grande cruz sobre fundo encarnado com quatro estrelas nos ângulos.
“Isto significa (dizia-lhe o pai) que nós estamos sempre dispostos a derramar o sangue por Jesus Cristo e procuramos exercitar-nos nas virtudes“.
O menino foi educado no colégio da catedral. Era de ver a piedade com que servia ao altar e a voz angélica com que entoava os cantos sacros. Os mestres elogiavam-lhe mormente a aplicação e docilidade.
Os Judeus de Saragoça resolveram assassinar um menino cristão para regar com seu sangue os pães ázimos da ceia pascal. Encarregado pela sinagoga, um deles sequestrou o inocente Dominguinho, quando regressava da catedral e, à noite, levou-o aos judeus.
– “Dominguinho – disse-lhe o grande Rabino – não te faremos mal algum, se atirares ao chão esse crucifixo que trazes ao pescoço e se o pisares com teus pés”.
– “Ah! não; nunca pisarei em meu Deus!” respondeu o menino.
Condenaram-no, então, à morte e reproduziram com ele toda a paixão de Jesus Cristo.
Açoitaram-no, coroaram-no de espinhos, pregaram-no na parede, quando expirou, atravessaram-lhe o coração com uma enorme faca. Durante toda essa cena bárbara, Dominguinho rezava e perdoava.
Uma vez recolhido o sangue da vítima, para seus ritos, os judeus cortaram-lhe a cabeça e as mãos, arrojando-as numa cisterna e, depois, enterraram o resto do corpo. Eis, porém, que tudo foi descoberto. Luzes miraculosas foram vistas sobre o sítio em que jazia o cadáver. As autoridades foram avisadas. Feitas as devidas pesquisas, encontrou-se o corpinho mutilado e, depois, a cabeça e as mãos do mesmo. Presos os presumíveis culpados, um deles por nome Albaeluz se declarou autor do horrível crime.
Foi condenado, mas, antes de morrer, converteu-se ao cristianismo e foi batizado.
Certamente foi Dominguinho que lhe alcançou essa graça.
Tesouro de Exemplos – Pe. Francisco Alves