O MODO DE SE VESTIR MANIFESTA O QUE ESTÁ NA ALMA

Um ótimo trecho, traduzido por mim, do livro do Prof. Martín Echavarría, onde ele discorre sobre a importância dos movimentos externos e da ligação deles com a alma. Baseado em  Aristóteles e Santo Tomás de Aquino, é ótimo para saber mais sobre a modéstia.

O caráter expressivo da alma, que atribuímos ao corpo, pode ser visto não somente na ordem entitativa, mas também em nível operativo, que é o que aqui nos ocupa: as palavras, os gestos, os costumes, o modo de se vestir, etc., manifestam o que há na alma, em nível específico (mostrando-nos que se trata de um ser humano), e individual (sexo, caráter, temperamento, profissão, cultura, etc.). De fato, na prática, é através destes indícios que o psicólogo chega pouco a pouco a conhecer o interior da pessoa que está a sua frente: ‘Os movimentos exteriores são certos sinais de disposição interior’, afirma o Aquinate. (…) A tal ponto o ‘homem interior’ se manifesta no ‘homem exterior’ que o modo de mover-se e de vestir-se é objeto também de virtudes e vícios específicos – espécies da modéstia – pois a forma de vestir é parte do caráter de uma pessoa. O vestuário tem uma valência simbólica. De modo tal que não somente expressa a espécie humana, mas o modo individual de realizá-la. Efetivamente, a expressividade da alma se manifesta mais além do corpo ao qual está substancialmente unida, através de seus instrumentos externos. Aristóteles, na enumeração das categorias, distingue uma própria do homem somente: o ‘habitus’. As vestes e instrumentos são prolongamento da corporalidade humana e expressam também sua mente racional.”

(Echavarría, Martín F. La Práxis de la Psicologia e sus niveles epistemológicos según Santo Tomás de Aquino. UCALP: La Plata, Argentina. 2009. pgs. 581, 582)