DISCÍPULO — Padre, será possível a repetição de tais exemplos de generosidade?
MESTRE — De certo. Podem e devem ser repetidos por muitas almas generosas, inflamadas de amor por Jesus Cristo.
D — Mas, nem em toda parte se encontram Padres tão zelosos e jovens de tanta virtude.
M — Se não existem vigários e jovens tão entusiastas, pelo menos deveriam existir. A falta de tais jovens numa cidade já é um atestado certo de um castigo e no mais das vezes a prova do abandono de Deus.
Comunismo, socialismo, maçonaria, maus costumes, irreligião, não são sinais evidentes do abandono de Deus e muitas vezes do caminho certo que conduz à perdição eterna?
Apressemo-nos em reparar nossas faltas: o caminho mais seguro para isso é a Comunhão. Assim o assegurou Jesus Cristo pela boca do Papa Pio X, o Papa da Eucaristia.
Ouça a história. Este Papa, em poucos anos, de 1905 a 1910, promulgou cerca de oito decretos com o fito de estimular a todos, até às crianças e aos enfermos para que comungassem com frequência. Pois bem, poucos dias antes de lançar o último decreto, enquanto estava fazendo a ação de graças após a Missa, repentinamente o aposento em que se iluminou de uma luz celestial, e no meio da luz apareceu Jesus Cristo, que congratulando-se com ele lhe disse: — Muito bem, meu bom Vigário. Estou muito contente com a tua obra em prol da comunhão frequente, entre as crianças e adultos.
Em seguida, continuando no mesmo tom, disse: — Mas, ainda não basta. Deves fazer ainda mais, pois que somente a comunhão poderá salvar o mundo nesses dias tão difíceis que estão para vir.
D — Coisa admirável, Padre. E esse fato é fidedigno?
M — Sem nenhuma dúvida, pois foi publicado e verificado pelo Cardeal Merry Del Val, então secretário do estado que teve a felicidade de presenciar a aparição.
Calcule, pois, se após tantos testemunhos, não devemos organizar uma Cruzada em prol da Comunhão frequente. Devemos trabalhar até ao ponto em que os Cristãos convencidos disso, exclamem: — Se esta é a vontade de Deus, se assim o quer o Vigário de Jesus Cristo, nós também o queremos, embora à custa dos maiores sacrifícios.
Do contrário, se formos negligentes em receber frequentemente a Comunhão corremos risco de ouvir no dia do juízo final aquele terrível anátema divino, que equivale a uma condenação eterna — Não vos conheço!
* * *
São João Bosco foi sem dúvida alguma o maior incentivador da Comunhão frequente. Pois bem, um dia apresentou-se-lhe um dos seus alunos mais fervorosos e devotos e contou-lhe o seguinte sonho:
Parecia-lhe haver morrido e se achar na presença de Jesus, a fim de ser julgado. Ficou, porém, assombrado com o rosto divino que tomando aspecto ameaçador lhe perguntou:
— Quem és tu?… Não te conheço.
O jovem, trêmulo e surpreendido respondeu:
— Como, meu Jesus? Não me conheceis, após vos ter amado e servido tanto na terra? Após tantas vezes ter implorado o vosso amor?
— Sim, — respondeu Jesus — Eu sei que muito me amaste e serviste, porém pouquíssimas vezes me recebeste na Santa Comunhão.
E quase ia repetir o horrível “Não te conheço” quando o jovem entre lagrimas o interrompeu com estas palavras:
— Meu Jesus, daqui para a frente não será mais assim.
Acordei — terminou o jovem — suado e impressionado. Imediatamente corri para aqui para que o senhor me tranquilize.
Dom Bosco, olhando-o com suma complacência, disse-lhe:
— Bem, meu filho, agora já sabe qual é a vontade de Jesus Cristo, e o seu desejo mais ardente: Comungue, pois, o mais frequentemente possível e assim não haverá perigo de que Jesus em atitude ameaçadora lhe diga: Não te conheço.
Só assim o jovem ficou satisfeito e tranquilo.
Eis aqui, pois, o meio mais adequado para sermos reconhecidos e amados por Jesus Cristo: Frequentar a Santa Comunhão com a maior generosidade.
D — Padre, agora estou convencidíssimo da necessidade dessa generosidade ampla e desinteressada para com Jesus Cristo, tão bondoso para nós. Porém, será necessário formar em todos os lugares essas almas generosas?
M — É coisa indispensável. Ou se formam essas almas, ou será preciso renunciar ao desejo de possuir almas verdadeiramente cristãs, prodígios de fé e de amor para com Jesus Cristo.
D — Quem não sente o desejo e a necessidade de se unir a Jesus Cristo por meio da comunhão menos ainda sentirá o desejo e a necessidade de viver cristãmente, não é, Padre?
M — Exatamente. E outro requisito necessário para que a Comunhão seja estimada e apreciada é o de cuidar da formação de almas puras e santas, como veremos em seguida.
Confessai-vos Bem – Pe. Luiz Chiavarino