QUARTA VELA: O DOM DE CONSELHO (AS SETE VELAS DE MEU BARCO)

boscoVamos falar aqui de um outro pequeno João, um outro grande Santo, que a Igreja chamará SÃO JOÃO BOSCO.

– Atenção! gritou Joãozinho. E, ágil como um esquilo, salta sobre a corda que esticou firmemente entre duas árvores do campo, ao lado da modesta casinha de sua mãe. Sua carinha redonda ri de contente! Os olhos castanhos brilham, cheios de alegria. Os cabelos pretos e crespos esvoaçam ao vento.

Na corda estendida, sobre a qual se equilibra perfeitamente, o menino dá viravoltas, pula, dança. Ao redor dele formou-se um ajuntamento: não só de crianças, mas também de gente grande. Todos têm os olhos fixos no pequeno acrobata de dez anos. Ninguém quer perder um só de seus movimentos!

Agora, João dá cambalhotas na grama, anda de mãos no chão e cabeça para baixo, “planta bananeira”. Depois, lança ovos no ar e apara-os com agilidade, sem deixar cair nenhum. Em seguida, aproxima-se dos espectadores e faz a mágica de tirar uma moeda do nariz de um pequeno! Mas o mais bonito é a dança do chapéu, que Joãozinho faz voltear na ponta de uma varinha. É extraordinário! Equilibra a vara no cotovelo, depois no ombro, no queixo, no nariz, na testa, e o chapéu sempre rodopiando! Toda a gente aplaude:

– Bravo! Joãozinho, bravo! Você é formidável!

Com ar decidido, o menino coloca-se agora bem de frente para seus admiradores. Seu rostinho tornou-se sério, mas continua com uma expressão feliz. Gravemente, ele faz um belo sinal da cruz no peito e começa repetir o sermão do Padre, que ouviu atentamente na Missa dessa manhã. Joãozinho tem uma memória prodigiosa e, se não repete o sermão inteiro, pelo menos não cai em nenhum erro, e repete com fidelidade o que escutou. Quando termina, convida toda aquela gente a rezar um terço com ele: é o preço que cobra pelo espetáculo!

Todas as acrobacias do menino só tinham por fim atrair crianças e adultos, para que ele, pequeno camponês que mal sabia ler, pudesse falar- lhes de Deus e os fizesse rezar a Nossa Senhora.

Desde a idade de nove anos, João sabe que será padre um dia, e que se ocupará especialmente das crianças. Na verdade, sua mãe não possui dinheiro para pagar o seminário. Seu pai morreu… e Joãozinho não sabe como isso se há de realizar. Terá sem dúvida que esperar muito tempo! Mas não é preciso esperar nada para falar de Deus à gente de sua aldeia! É por isso que todos os domingos à tarde ele faz acrobacias de circo.

Mas como é que um menino de dez anos pôde ter sozinho semelhante idéia? Evidentemente, o Espírito Santo é que lhe ditou esse meio maravilhoso para reunir em torno de si seus companheirinhos com os pais.

É justamente pelo dom de Conselho que o Espírito Santo nos mostra, no íntimo de nossa alma, quais os melhores meios para chegarmos ao nosso alvo: isto é, ao Céu. Ainda que a nossa inteligência e a virtude dc prudência não bastem para mostrar-nos o caminho que devemos tomar, o dom de Conselho nos indica o rumo certo, desde que a vela de nosso barco, de nossa alma, esteja bem aberta!

As Sete Velas de meu Barco – M.D. Poinsenet