PIO X, que a Igreja Católica, pela voz de Sua Santidade o Papa Pio XII, proclamou Santo, é o 78º Papa que a Igreja incluiu no catálogo dos Santos.
Transcorridos os 11 dias de orações, prescritos para sufrágio da alma do Papa Leão XIII, recém-falecido, os cardeais da Santa Igreja (em número de 62, na época) iniciaram o Conclave com o objetivo de eleger o novo Papa. Os primeiros escrutínios indicavam a escolha do Cardeal Rampolla, – que fora colaborador direto de Leão XIII. – Mas no dia 1º de agosto foi comunicado aos cardeais, no Conclave, o veto do Imperador da Áustria, Francisco José. Veto que, segundo uma tradição, poderia ser exercido pelo Imperador austríaco.
Devido a isso, o Cardeal Giuseppe Sarto, de Veneza, passou a ser o preferido. Entretanto, num exercício de autêntica humildade, pedia aos cardeais que nele não votassem. Mas ele era o escolhido também pela Divina Providência. No sétimo turno da votação, o Cardeal Sarto, por insistência de vários de seus pares no Sacro Colégio, acabou aceitando e foi eleito o 259º sucessor de São Pedro, por 50 votos a seu favor, no dia 4 de agosto de 1903.
O Cardeal Sarto, de cabeça baixa, ouviu o resultado do sufrágio. Segundo o costume, aproximou-se dele o Cardeal Decano e perguntou-lhe se aceitaria ou não a eleição à Sede Pontifícia. Com os olhos banhados em lágrimas, e a exemplo de Nosso Senhor Jesus Cristo, respondeu: “Se não for possível afastar de mim esse cálice, que se faça a vontade de Deus. Aceito o Pontificado como uma cruz”. Após cinco dias, teve lugar a grandiosa cerimônia de coroação do sucessor de São Pedro, para a glória da Santa Igreja.
Giuseppe Melchiorre Sarto nasceu em Riese (Treviso), – hoje chamada Riese Pio X, – norte da Itália, em dois de junho de 1835, filho de João Batista Sarto (funcionário da prefeitura) e de Margarida Sanson (costureira), segundo de dez filhos. Tinha 23 anos quando foi ordenado sacerdote, aos 18 de setembro de 1858.
Por 9 anos, foi capelão em Tombolo. Foi também vigário de Salzano, passando ali 9 anos. Por outros 9 anos, foi cônego e diretor espiritual em Treviso. Outros 9 anos, ele os viveu como Bispo de Mântua (16 de novembro de 1884) e outros 9 (15 junho de 1893) como Patriarca de Veneza.
Pio X foi eleito Papa em 1903, sucedendo Leão XIII. Mesmo como o Sumo Pontífice, quis permanecer pobre e manter a simplicidade de vida, e a bondade que herdara de seus pais. Tinha como lema de pontificado “INSTAURARE OMNIA IN CHRISTO”: Restaurar todas as coisas em Cristo.
O conclave que terminou com a sua eleição foi o último no qual um Cardeal usou do direito de veto em nome de uma potência estrangeira, pois, uma vez eleito, Pio X decretou a “excomunhão maior” contra todos que, no futuro “ousassem formular um veto no Conclave ou contribuíssem para fazê-lo.
Reconhecendo que a renovação dos homens dependia da vida santa do Clero, dedicou especial empenho aos Sacerdotes e Seminários, exortando os Ministros do Altar a se distinguirem pela piedade, ciência e obediência. Preocupado ao máximo com a salvação eterna das almas, providenciou que fosse devidamente ensinado às crianças e adultos o Catecismo, elaborando ele mesmo um novo texto; estabeleceu sábias normas para a pregação; introduziu o uso da Comunhão frequente e até quotidiana; estabeleceu que as crianças se aproximassem da Primeira Comunhão desde os mais tenros anos.
Mestre da Verdade, na memorável Encíclica “Pascendi Dominici Gregis” denunciou e reprimiu com o necessário rigor as doutrinas que formavam uma triste síntese de todos os erros: o modernismo.
Trabalhou na codificação do Direito Canônico, reunindo em um só texto as disposições jurídicas da Igreja proclamadas através dos séculos. Procedeu à revisão daVulgata, isto é do texto oficial da Bíblia, confiando o trabalho aos Beneditinos. Reformou a Cúria Romana, modernizando a organização que Sisto V tinha dado aos Dicastérios e aos Tribunais Eclesiásticos. Criou o Instituto Bíblico, reformou o Breviário e orientou a música sacra para formas de expressão mais puras.
Para a defesa da Religião, restaurou a Ação Católica e deu novo desenvolvimento à ação social dos católicos e às associações operárias, e reforçou as Ordens Religiosas com oportunas normas jurídicas.
Em 1º de setembro de 1910, Sua Santidade, através do motu proprio Sacrorum Antistitum, promulgou o famoso Juramento Anti-modernista, a ser proferido obrigatoriamente por todos os padres, bispos, catequistas e seminaristas (juramento este abolido por Paulo VI, em 1967), conforme reproduzimos abaixo:
Muito embora penetrado da consciência da autoridade pontifícia, Pio X levou uma vida de simplicidade extrema. Quis que os membros de sua família e especialmente suas irmãs fizessem o mesmo, e nunca lhes permitiu viverem junto dele, no Vaticano. Brando e afável, soube conquistar o afeto das multidões de fiéis.
Sua morte foi atribuída à dor pela notícia da Primeira Guerra Mundial, cujo impacto o deixou profundamente perturbado. Começou a sentir-se mal aos 15 de agosto desse mesmo ano, vindo a falecer santamente logo depois, no dia 21 de agosto de 1914.
O renome de santidade de Giuseppe Sarto começou a correr logo após o seu falecimento. Não se tardou em falar de milagres devidos à sua intervenção. Em 1923, os Cardeais residentes em Roma se reuniram em comissão a fim de promoverem a sua Beatificação.
O processo registrou rápidos progressos, e a Beatificação se deu aos 3 de julho de 1951. Três anos depois, terminava a causa da Canonização e, finalmente, Sua Santidade Pio XII proclamou Santo da Santa Madre Igreja Católica, Apostólica e Romana. “O Papa do Santíssimo Sacramento”, o Papa da bondade e da doçura: São Pio X.
Oração a São Pio X
Ó Santo Pio X, glória do sacerdócio, esplendor e decoro do povo cristão!
Tu, em quem a humildade pareceu irmanar-se com a grandeza, a austeridade com a mansidão, a simples piedade com a profunda doutrina;
Tu, Pontífice da Eucaristia e do Catecismo, da Fé íntegra e da firmeza impávida,
Volve teu olhar sobre a Santa Igreja que tanto amaste e à qual dedicaste o melhor dos tesouros que com mão pródiga havia depositado a divina Bondade em teu ânimo;
Consegui-lhe a firmeza e a constância no meio das dificuldades e perseguições de nossos tempos; Alivia a esta pobre humanidade cujas dores te afligiram tão profundamente que apagaram as palpitações de teu grande coração;
Faze com que neste agitado mundo triunfe aquela paz que supõe a harmonia entre as nações, o acordo fraterno e a sincera colaboração entre as classes sociais, a Caridade entre os homens.
A fim de que, desse modo, aqueles desejos que consumiram tua vida apostólica cristalizem, graças à tua intercessão, em uma realidade feliz, para a glória de Nosso Senhor Jesus Cristo, que, com o Pai e o Espírito Santo, vive e reina pelos séculos dos séculos. Amém!