Os fiéis que desejam que o sacerdote celebrante aplique a missa, ou melhor, o fruto especial da missa, por sua intenção particular, dão a ele uma esmola chamada “espórtula”, que pode variar de acordo com as regiões e suas custas correspondentes. Esta é uma prática fundada na razão e na tradição eclesiástica e aprovada pela Igreja, que substituiu o antigo e piedoso costume dos fiéis oferecerem a matéria da Missa e doações para o sustento digno do clero e dos pobres confiados à Igreja.
Estas ofertas livres e generosas, ao serem suprimidas ao longo do tempo, foram substituídas pelas espórtulas e direitos paroquiais ou direitos de estola, que costumam ser mal interpretados, quase sempre por ignorância ou por informação insuficiente.
Então, é possível dizer que as missas são vendidas? De nenhum modo. O sacerdote não vende a missa e os fiéis não a compram. O sacerdote oferece o fruto comunicável da Missa em benefício dos fiéis que lhe pedem.
AS INTENÇÕES DA MISSA
Os fiéis, ao pedirem uma missa e oferecerem as “espórtulas” correspondentes, indicam ao padre uma ou mais intenções, que ele leva em conta ao celebrar. Essas intenções podem ser por si ou por outra pessoa, por vivos ou falecidos, por assuntos materiais ou espirituais, em ação de graças ou pedindo por elas, etc. É possível rezar por todos os vivos, não se excluindo da intenção de orações nem mesmo os infiéis e acatólicos ou excomungados; no entanto, para estes somente é possível rezar a Missa em particular. Quanto às pessoas privadas de sepultura eclesiástica, tais como os comunistas, maçons, suicidas e duelistas, divorciados, aqueles que viviam maritalmente sem a bênção da Igreja, aqueles que tenham solicitado a cremação e aqueles que cometeram um pecado grave público, também é possível celebrar missas por eles, mas não publicamente, nem uma Missa de Requiem, seja de aniversário de falecimento ou qualquer funeral público.
DIVERSAS CLASSES DE MISSAS
A diversidade de missas vem da maior ou menor solenidade com que são celebradas, do ministro mais ou menos alto que oficia e de outras circunstâncias. Daí a distinção da missa privada ou solene, cantada ou rezada, capitular, conventual, paroquial, papal, abacial, pontifical, votiva, de defuntos, etc.
No entanto, a Missa é essencialmente uma só. Não há diferença essencial entre aquela celebrada pelo papa ou pelo último padre católico, um santo ou não, com toda a solenidade ou de um modo simples. Todas têm o mesmo valor e é sempre o mesmo Jesus Cristo que celebra, através do ministério do sacerdote.
NÚMERO DE MISSAS
Há inúmeras missas que são celebradas todos os dias, já que não há nenhum momento do dia ou da noite em que uma missa não esteja sendo celebrada em algum lugar do mundo. Cada padre não impedido reza uma missa todos os dias. Nos domingos e festas de preceito, onde há poucos padres, estes, com a autorização competente, rezam duas ou três missas para facilitar o cumprimento do preceito dominical. Nesse caso, cada missa é completa e o celebrante consagra e comunga em cada uma delas, como no dia de Natal e de Finados, em que todos os sacerdotes do mundo podem rezar três missas.
MISSAS“GREGORIANAS”
São chamadas missas “gregorianas” a uma série de trinta missas consecutivas e ininterruptas que são aplicadas por uma determinada pessoa falecida. São Gregório Magno começou esta prática sendo abade de Monte Célio, em Roma, de onde as missas tomaram o nome de “gregorianas”. Devem ser trinta missas consecutivas e celebradas sem interrupção de dias. Estas são as duas únicas condições; não sendo necessário que as missas sejam celebradas pelo mesmo sacerdote, nem no mesmo altar, nem na mesma igreja, nem com paramentos negros. O que move os fiéis a esta prática é a esperança – que a Igreja chama de piedosa e razoável – de alcançar a graça para um falecido, através destas trinta missas, de que seja livrado das penas do purgatório. Sua eficácia está na aprovação divina e na aceitação da misericórdia divina, segundo declaração expressa da Igreja. Não há outra ajuda mais valiosa para as benditas almas do purgatório.
PEDIDOS DE MISSAS
Hoje em dia há poucos católicos que pedem missas por si e pelos seus, enquanto vivem. Alguns pedem em seu testamento que sejam rezadas missas por si após sua morte, mas correm o risco de ficar sem elas. As missas pedidas por si mesmo ou pelos demais durante a vida têm três vantagens principais:
a) enquanto as missas pelos defuntos somente têm valor de sufrágio, que se aplicam somente para aqueles que já se salvaram, as missas rezadas pelos vivos ajudam também por sua salvação;
b) enquanto se vive, a missa pode alcançar todos os seus frutos para a pessoa quem se reza, ao passo que, após a morte, ela somente lhe aproveita o fruto de expiação ou sufrágio, e não tem mais nenhum mérito para a vida eterna;
c) enquanto as missas pedidas em vida são pagas com seu próprio dinheiro e, portanto, com um certo desapego e sacrifício e, portanto, com mérito positivo; aquelas deixadas no testamento ou para a boa vontade dos herdeiros são custeadas, por outro lado, com dinheiro de outros e sem o mérito da generosidade. Em suma: é mais útil e seguro celebrar as missas em vida do que deixá-las entregues à caridade dos herdeiros após a morte.