A RESTAURAÇÃO DA IGREJA

Artigo publicado originalmente em setembro de 1990 no Boletim de Domqueur

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

A Igreja não está em seu melhor momento. Não estamos mais no tempo em que os Bispos, à porta de suas residências, protegidos por uma marquise, sentiam o clima do momento dizendo “está tudo bem”. Apenas alguns deles agora ousam dizer: “nem tudo segue tão mal quanto dizem”. Entre os fiéis, aqueles que são despreocupados, otimistas, incorrigíveis ou preguiçosos falam de um movimento de pêndulo e afirmam que a recuperação será feita por conta própria, por si só! Como se a decadência até aqui tivesse uma recuperação, sem esforço, pelo próprio peso!

A condição prévia para qualquer cura é diagnosticar a doença: prática do culto em declínio, sacramentos negligenciados, vocações escassas, moral distorcida. Devemos admitir tudo isso, é preciso dizê-lo e não temer anunciá-lo. O ópio e o clorofórmio são péssimos remédios.

Depois, impõe-se uma obrigação a todos, qualquer que seja sua posição na Igreja: a de conservar. Continuar a ir à Missa precisamente quando se afastam as chances de poder conversar com aqueles que lhe são próximos. Manter a participação nos sacramentos, conservar o batismo, o catecismo, a comunhão solene, o casamento na igreja, tudo o que for possível, sem desistir tão facilmente.

E não devemos imaginar que receitas milagrosas, reuniões, sínodos, mudanças de linguagem reestabelecerão o fervor cristão em um instante. A recuperação só pode ocorrer gradualmente e através de esforços múltiplos e perseverantes.

Estejamos atentos contra uma solução bem fácil, e falsa, que consiste em aprovar o declínio, a decadência, as degradações, todas as quedas e a decadência cobrindo-as alegremente com palavras clichês como as de amor, solidariedade e ‘unidade’. Bastaria, então, manter a calma para dizer a si mesmo que graças ao Concílio começamos a conhecer um modo diferente de ser cristão. Uma maneira estranha, de fato! Um cristianismo sem dogmas, sem moral, sem respeito a Deus, sem ofícios, sem raízes, sem fiéis, sem padres, sem mistérios… Um cristianismo completamente diferente, aliás, do verdadeiro.

Pe. Philippe Sulmont

Extraído do Bulletin paroissial de Domqueur n° 112