Antes da conflagração européia de 1914, o escritor francês Henri Lavedan, era também ateu fanático. Ninguém como ele, sabia zombar de Deus e da religião. Todavia, ao romper a guerra, chamado às armas, retratou sua incredulidade, em comovente confissão ao povo francês:
“Escarneci da fé e julguei-me sábio … Iludi-me, a mim e a vós, que lestes os meus livros e cantastes os meus versos. Foi uma miragem, uma embriaguez, um sonho vão. Abandonar a Deus é perecer. Não sei se amanhã estarei vivo. Mas aos amigos devo dizer: Lavedan não ousa morrer como ímpio. Rejubila, minha alma, pois tive a felicidade de viver a hora em que caí de joelhos para dizer: “Creio em Deus, creio, creio!”
Foi apavorante o fim de Voltaire, o patriarca da impiedade. As armas de seu atilado espírito, empregava-as literalmente para espezinhar a fé e a moral cristã. Seu lema era: “Écrasez l’infame!” (Esmagava a infame, isto é, a Igreja Católica). Incalculável o número dos que se tornaram imorais e descrentes por causa da leitura de seus livros. Com razão é chamado “Pai da incredulidade”. Duma feita, contudo, o furioso negador de Deus ficou gravemente doente. Mandou chamar um sacerdote e quis confessar-se. Antes da absolvição retratou publicamente, em escrito ratificado por duas testemunhas, suas calúnias contra a Igreja e a Religião, e exprimiu sua confiança no perdão divino.
Ora, Voltaire não morreu. Restabelecido de sua enfermidade, foi ao teatro. Representava-se uma de suas peças, e lhe haviam preparado pomposa recepção. Seu busto foi levado ao palco e adornado de flores e grinaldas. E no fim de tudo, um dos atores pôs na cabeça do próprio Voltaire, uma coroa de louros. Tão envaidecido ele ficou, que novamente abandonou sua conversão, voltou para a companhia dos ímpios, continuando a ser o que dantes fôra: um incrédulo zombador.
Mas recaiu gravemente doente. Outra vez pede um confessor. Porém, seus amigos incrédulos vigiam seu leito e não o atendem. Voltaire suplica-lhes que tenham compaixão dele… em vão. Então começa a gritar e esbravejar desesperadamente: “Um punho me agarra e me arrasta ao tribunal de Deus… O demônio está aí e quer levar-me… Vejo o inferno, oh! por piedade, escondei-me!” Um dos presentes não aguenta e se precipita para fora: “Não, não é possível ver uma coisa destas!”
No último momento os amigos, afinal, mandam, chamar o sacerdote, mas a agonia chegava ao termo; o doente já entrara em estado de coma e não mais recobrou os sentidos.
Essa foi a morte do “pai da incredulidade”! …
Daí em diante, a Irmã que cuidara de Voltaire, quando chamada para tratar um doente, perguntava primeiro se era religioso. “Pois” dizia “estive com Voltaire moribundo, e não quero ver morrer outro incrédulo.” “Abandonar a Deus é perecer.” O que fizermos sem Deus é vão e efêmero; só o que fizermos com Deus é eficiente, duradouro, eterno.
Religião e Juventude – Mons. Tihamer Toth