Quem não conhece a célebre e bíblica mulher do santo e paciente Jô! Amava-o nos tempos de ventura e, ao vê-lo atirado aos horrores da doença, desprezou-o.
– Que ganhaste com tua vida de caridade e de serviço de Deus, marido? Vamos lá: bendize a Deus e morre!
Foi este o ato de amor da famosa esposa. Por isso, também, um comentador dos Livros Santos assegura que dos flagelos, enviados por Deus ao paciente Jô, foi o maior de todos o haver-lhe deixado … a mulher.
Não quadra na nobreza de uma esposa cristã amar o marido quando ele é feliz, tem saúde, tem fortuna, tem amigos, tem colocação e lhe pode dar vestidos, conforto, etc. Não; ela o amará na doença e nos reveses, seja lá qual for a sua posição social e econômica. Para São Paulo é natural que, ao sofrer a cabeça, compadeçam com ela todas as partes do corpo. Na família é o marido o chefe e cabeça, com direitos para chamar a si o amor compassivo de sua esposa. Quando te dói a cabeça, leitora, pensas em arrancá-la, em assentá-la na parede? E porque desejar mal ao marido quando se torna pesado à casa? Porque convidá-lo a … morrer, na amável linguagem da mulher de Jô?
Se o amavas quando era rico e, como pobre, lhe negas afeição, provas que tinhas amor “ao ouro”. É afirmação de Santo Agostinho. Que belo e interesseiro amor esse que se baseava na satisfação de tuas vaidades, de teu conforto! Pobre marido que tem os ouvidos atormentados por recriminações, só porque outra lhe é agora a saúde, a fortuna, a colocação, a sorte, embora lhe seja o mesmo amoroso coração no peito.
Nesse caso, bem se vê que a mão de Deus o prova rudemente. Pois lhe deixou ao lado a esposa que fala “como uma das loucas”.
As três chamas do lar – Pe. Geraldo Pires de Souza