Uma visão horrível para a equipe de enfermagem, mas uma prova de que morte cerebral não é a morte em si. Um homem declarado “morto” acorda em uma mesa de cirurgia enquanto os médicos se preparavam para remover seu coração.
Fonte: Médias Presse Info – Tradução: Dominus Est
Um americano, TJ Hoover, prova que a morte cerebral não é morte. Da maneira mais brutal e terrível possível: acordando na mesa de cirurgia no momento em que os médicos se preparavam para remover seu coração.
A história começa em 25 de outubro de 2021, quando Anthony Thomas “TJ” Hoover II, 36 anos, foi admitido no pronto-socorro do Baptist Health Richmond. Ele sofreu uma parada cardíaca e foi classificado como código azul, o que significa que estava em estado crítico e precisava de atenção médica imediata.
“Disseram-nos que TJ não tinha reflexos, nem reações, nem ondas cerebrais, nem atividade cerebral. E isso foi dito nos dias 26, 27, 28, 29 e 30. Tomamos a decisão, como família, de desligar os aparelhos porque, você sabe, declararam ele com morte cerebral.” Devido a essa declaração, eles decidiram honrar os desejos de TJ como doador de órgãos. “Quando ele estava sendo transportado da unidade de terapia intensiva para a sala de cirurgia, seus olhos começaram a abrir, e não apenas a abrir, ele estava olhando ao redor, para ver o que estava acontecendo”, disse Donna Rhorer, sua irmã. “E disseram-nos que eram apenas reflexos, apenas instinto normal, e que ele não estava mais alí.”
Embora tenha sido declarada sua morte cerebral, ele ainda assim chorou: “Pudemos ver que ele estava chorando. Ele estava visivelmente chorando.”
No entanto, quando as enfermeiras levaram o paciente de 36 anos para a sala de cirurgia, Natasha Miller, cuja função era preservar os órgãos doados, disse que algo estava errado e acreditava que o paciente estava vivo, e bem. “Ele se mexia, se debatia um pouco, como se estivesse se mexendo, se debatendo na cama”, disse Miller à NPR. “Pudemos ver que ele estava chorando. Ele estava visivelmente chorando.”
De acordo com a NPR, dois médicos e um cirurgião recusaram-se a participar do procedimento de transplante de órgãos após o suposto incidente, alegando que um deles havia dito que “não queria ter nada a ver com isso”. Natasha Miller descreveu o incidente como “caótico” e “perturbador”. A extração dos órgãos foi então cancelada.
Funcionários da Kentucky Organ Donor Affiliates (Koda) negaram que um membro de sua organização tenha orientado os médicos a realizarem uma cirurgia de extração de órgãos em um paciente vivo. No entanto, Nyckoletta Martin, funcionária da Koda, apoiou as afirmações de Miller, dizendo que havia ficado chocada ao analisar o caso de Hoover, que havia mostrado sinais de vida enquanto os médicos examinavam seu coração para ver se poderiam então prosseguir com o transplante.
Hoover mostrou sinais de vida enquanto os médicos examinavam seu coração para o transplante
A Sra. Martin revelou que, quando o paciente acordou, a equipe médica o anestesiou para que pudessem prosseguir com a remoção de seus órgãos. “O doador havia acordado naquela manhã antes da cateterização. Ele estava lutando na mesa”, diz Nyckoletta Martin. De acordo com os documentos do caso, as pessoas que fizeram o Juramento de Hipócrates simplesmente anestesiaram Hoover, que estava se debatendo quando se levantou, e prosseguiram com o plano de extração de seus órgãos.
Ela afirma que os funcionários de Koda minimizaram o incidente, que a deixou “horrorizada”. “É o pior pesadelo de todo mundo, não é?” Estar vivo durante uma cirurgia e saber que alguém vai te abrir e remover partes do seu corpo? “Dediquei toda a minha vida à doação e transplante de órgãos”, disse ela à NPR. “Assusta-me muito agora que estas coisas possam acontecer e não haja mais medidas para proteger os doadores.” Vários membros da equipe KODA pediram demissão após o incidente. O gabinete do Procurador-geral do estado de Kentucky disse, em comunicado à NPR, que os investigadores estão “examinando” as alegações. A Administração Federal de Recursos e Serviços de Saúde também está investigando as alegações. TJ Hoover sobreviveu e atualmente mora com sua irmã. Ele teve uma recuperação maravilhosa, embora ainda sofra de problemas de memória, locomoção e fala.
“Morte cerebral” e doações de órgãos segundo a doutrina católica
Em artigo de 2004 intitulado “Morte cerebral” e doações de órgãos” publicado no número 48 do Sel de la Terre, dos Dominicanos d’Avrillé, o Pe. Giuseppe Rottoli, sacerdote da FSSPX, nos recorda de várias verdades católicas sobre o assunto e que a experiência horrível de TJ confirma na prática: com “o conceito de “morte cerebral”, desenvolvido desde 1967 para justificar a retirada de órgãos vitais ainda funcionais de pessoas que ele permite que sejam descritas como ‘mortas’ […] passamos da definição tradicional de morte, concebida como a cessação das funções circulatórias e respiratórias, para a de ‘morte cerebral’, entendida como a cessação de todas as funções do encéfalo, incluindo a medula oblonga (bulbo raquídeo).” Entretanto, “os pacientes que atendem aos critérios clínicos atuais para morte cerebral não têm necessariamente uma perda irreversível de todas as funções cerebrais”. E o caso de TJ demonstra isso amplamente.
E o Pe. Rottoli concluiu:
“Estamos testemunhando uma verdadeira guerra dos poderosos contra os fracos, uma guerra que visa eliminar os deficientes, os que incomodam e até mesmo aqueles que são simplesmente pobres e inúteis. Com a cumplicidade dos governos, recursos consideráveis são usados contra pessoas que estão no alvorecer de suas vidas, ou quando suas vidas se tornam vulneráveis por acidentes ou doenças, e quando se aproximam do fim […] Aqueles cuja doença ou acidente os colocará em coma irreversível muitas vezes serão levados à morte para satisfazer a demanda por transplantes de órgãos, ou serão usados para experimentos médicos [“cadáveres quentes”]. […]
Vale lembrar que Pio XII já havia abordado o tema dos transplantes de órgãos em sua época. Mesmo assim, ele proclamou a necessidade da certeza da morte do doador. Ele escreveu Em caso de dúvida insolúvel, pode-se recorrer a presunções de direito e de fato. Em geral, será necessário nos deter na presunção da permanência da vida, porque esse é um direito fundamental recebido do Criador e do qual é necessário demonstrar que ela cessou. […] Considerações gerais nos levam a crer que a vida continua quando as funções vitais – em oposição à simples vida de seus órgãos – se manifestam espontaneamente, mesmo com a ajuda de processos artificiais.
“A nova definição de “morte cerebral”, introduzida para evitar as consequências legais e morais da remoção de órgãos vitais dos moribundos antes de morrerem, baseia-se no conceito de que a perda permanente da capacidade de consciência e de respiração espontânea deve ser suficiente, e que a morte do homem coincide com a morte do seu cérebro. Essa assimilação, bem como a pretensão de identificar a morte de uma parte do corpo, por mais nobre que seja, com a morte de toda a pessoa, não estão absolutamente demonstradas, são arbitrárias e não encontram nenhuma verdadeira justificação científica.”
Lembremos aos médicos o sermão de Hipócrates: “Não matarás”!
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Nota do blog: A visão católica de morte cerebral e transplante de órgãos pode ser entendida através desses dois excelentes textos: