Aqueles que julgam que o instinto materno é bastante forte para resistir as propagandas neomaltusianas e que a mulher não perderá nunca o prazer de se tornar mãe, iludem-se fortemente sobre o poder desse instinto. O que é verdade para o animal, o qual se entrega às exigências da natureza, não o é para o homem, que vive à procura de meios para escapagar às exigências da vida quando elas lhe parecem penosas de suportar. A natureza humana se deixa facilmente corromper por doutrinas que a convidam ao prazer e a se esforçar menos.
Quanto mais se expandirem as doutrinas anticoncepcionais, menor será o número de mulheres bastante corajosas que aceitarão os deveres da maternidade e os sacrifícios consequentes desses deveres. Não se pode servir a dois senhores, disse Jesus; a mulher não pode, de maneira alguma, render-se ao mesmo tempo à vontade de gozar a vida e ao desejo de ser mãe. De resto, os fatos aí estão: quantas mulheres existem, nessa sociedade moderna saturada de doutrinas neomaltusianas, que vivem à espreita, não do momento oportuno para se entregarem à maternidade, mas justamente acata de métodos que a impeçam de ser mãe, somente por egoísmo e por medo dos sofrimentos?
É um verdadeiro escândalo ver-se todos os dias, nos tempos que correm, os propagandistas das doutrinas anti-familiares declararem que as doutrinas que defendem estão de acordo com os preceitos de ordem moral e tem como conseqüência aproximar cada vez mais o esposo de sua esposa, tornando a vida do casal mais franca e mais íntima. A realidade inflinge a esses propagandistas o mais cruel e o mais triste dos desmentidos.
Da mesma maneira que o divórcio multiplica os maus casamentos, a difusão das doutrinas anticoncepcionais multiplicará o deboche. Restringindo, ou melhor, suprimindo as responsabilidades familiares, rebentam-se os diques que retêm a humanidade nas fronteiras da imoralidade e abre-se uma porta aos mais baixos instintos da animalidade. Não foi sem cálculo que encobriram a propaganda neomatusiana com o pretexto dos interesses sanitários e morais da raça, e seu fim natural não será nem mais nem menos do que a difusão da licenciosidade e, por conseqüência, a perversão sexual.
O casamento – Cônego Jean Viollet
Fonte: A Grande Guerra