É IMPOSSÍVEL CONCILIAR LIBERALISMO E CATOLICISMO

lib

Fonte: Sì Sì No No, ano XXXIV, n. 9 – Tradução: Dominus Est

As três soluções para a questão social

A questão social é “difícil e perigosa”, advertiu Leão XIII. De fato, é difícil marcar os limites precisos entre capital e trabalho, e é perigoso porque os homens turbulentos e sem espírito cristão tentam usar essa questão para chocar o mundo com a revolução (socialistas) ou para acumular o máximo possível de bens econômicos, como se o fim do homem fosse o dinheiro (liberais).

A Igreja, por meio de seu Magistério divinamente assistido, nos oferece a solução correta: a solução cristã do bom senso e do direito natural. Enquanto a solução liberal exagera os direitos do sujeito (individualismo), direitos que para o liberalismo são um absoluto, especialmente os direitos do sujeito mais forte em detrimento do mais fraco; e a solução social-comunista exagera os direitos da coletividade (coletivismo) e, portanto, dos “trabalhadores” em detrimento do empregador; a solução cristã, por outro lado, concilia os direitos e deveres do indivíduo e do capital com os direitos e deveres da coletividade e do trabalho, evitando os extremos unívocos das duas soluções anteriores.

Conforme fica evidente, a Igreja não fica do lado dos pobres ou dos ricos, mas defende os direitos e condena os abusos de ambos.

A solução cristã

A solução cristã leva em consideração todas as causas que deram origem à questão social, ou seja, tanto as causas religiosas e morais quanto as causas políticas, sociais e econômicas.

À irreligião e à imoralidade ela opõe, como remédio, um retorno sincero à fé e aos costumes cristãos. O homem não é apenas corpo, mas também espírito: para satisfazer plenamente o coração humano, é preciso o Bem infinito que é o próprio Deus. Portanto, a questão social, antes de ser de natureza política, social e econômica, é uma questão de natureza religiosa. O Evangelho nos mostra a solução: buscar primeiro a Deus e a Sua vontade, e os bens necessários ao corpo nunca nos faltarão, se fizermos o que está dentro de nossa capacidade e força.

A doutrina social cristã também visa resolver também as causas políticas, sociais e econômicas.

A Igreja evita os extremos opostos do socialismo e do liberalismo: contra o socialismo, ela reconhece que a propriedade privada é legítima; contra o liberalismo, ela argumenta que a propriedade privada também tem uma função social.

Com efeito, é preciso distinguir na riqueza a propriedade legítima e o uso legítimo. A propriedade, de acordo com o uso legítimo, deve ser concebida como comum, no sentido de que o homem – como ensina Santo Tomás (S.Th. II-II q. 66, a.2) – deve comunicar o supérfluo aos outros, ajudando-os em suas necessidades (depois de ter satisfeito suas próprias necessidades e conveniências) em virtude da caridade. De fato, em “sentido estrito”, os bens materiais são propriedade de Deus, que criou o mundo e é seu senhor absoluto. Portanto, o homem – em sentido estrito – não tem a “propriedade” dos bens terrenos, não é seu proprietário ou possuidor absoluto, mas apenas tem “posse, domínio ou usufruto” deles e deve usá-los para o fim para ao qual Deus os criou, o bem de todos, cuidando para que não se tornem um fim, mas instrumentos úteis para o bem-estar de todos aqueles que estão dispostos e são capazes de aproveitá-los.

O uso legítimo da propriedade também inclui o caso de extrema necessidade. Por exemplo, o caso de um caminhante que se encontra nas montanhas em uma nevasca e corre o risco de congelar; em tal necessidade, ele pode entrar em um chalé privado e fechado e se abrigar e até mesmo se refrescar, sem violar o sétimo mandamento.

Vamos agora contemplar o caso de um país onde há grandes propriedades não cultivadas. Em uma situação normal, sem carestia, a propriedade privada do latifundiário não pode ser expropriada pelo Estado, uma vez que o latifundiário não é obrigado por justiça a permitir que os trabalhadores participem do uso de sua propriedade, e assim o título da propriedade do latifundiário permanece intacto, mesmo que os camponeses a façam frutificar para o benefício do proprietário e deles. O proprietário de terras, no entanto, tem o dever de caridade de fazer com que os pobres participem do uso (não da posse) dos seus bens supérfluos (ou seja, aquele que está acima do necessário e conveniente), para que possam se sustentar pelo trabalho e não passem fome.

Por essa obrigação de caridade, o proprietário será chamado a responder não ao Estado, que não tem jurisdição em questões de caridade, mas a Deus, o verdadeiro proprietário de tudo o que recebemos emprestado no decorrer de nossas curtas vidas, e de que em breve seremos chamados a prestar contas no Juízo final. Portanto, se o proprietário, por egoísmo, faltasse com a caridade, estaria cometendo um pecado mortal, como o rico Epulão, mas o Estado não pode forçá-lo a praticar a caridade, que é um ato livre e meritório, e nem pode expropriar a terra não cultivada.

Em uma situação de extrema necessidade, por outro lado, se, por exemplo, uma fome severa puser em risco a vida dos habitantes pobres da nação rica em latifúndios, então é imposta ao proprietário de terras a obrigação de fazer com que os trabalhadores compartilhem o uso do latifúndio e, se ele não quiser cumprir essa obrigação, o Estado pode e deve obrigá-lo pela força da lei. Expropriar parte ou todo o latifúndio é a extrema ratio à qual o Estado deve recorrer, de acordo com a necessidade geral; ele deve, entretanto, pagar a terra expropriada de acordo com seu valor justo e não a um preço irrisório abaixo do que ela realmente vale.

O princípio que fundamenta esses casos de extrema necessidade e permite que eles sejam resolvidos é que o direito à vida é anterior ao direito à propriedade, de modo que, em casos de extrema necessidade, a concessão da propriedade privada se torna um dever de justiça para o proprietário; enquanto que, fora do caso de extrema necessidade, doar os próprios bens (ou seja, o supérfluo) aos pobres é um dever de caridade, que não pode ser imposto pela força da lei humana, mas pelo qual teremos que prestar contas a Deus, que nos julgará de acordo com o grau de caridade para com Ele e para com o próximo, que teremos no final de nossas vidas e de acordo com o qual iremos para a glória eterna ou para o tormento eterno[1].

Como é evidente, a solução cristã se opõe tanto ao coletivismo socialista quanto ao individualismo liberal. O primeiro, de fato, insiste apenas no direito à vida e o estende para além do caso de extrema necessidade; o segundo insiste apenas no direito à propriedade e nem sequer considera o caso de extrema necessidade. A doutrina social cristã é como uma montanha entre dois precipícios que a cercam à “direita” e à “esquerda”: à direita, o precipício liberal, que leva ao egoísmo individualista; à esquerda, o precipício socialista, que leva à tirania coletivista mais cruel, conforme demonstrou amplamente a URSS.

A errônea solução individualista: o liberalismo

Segundo a doutrina liberal, a liberdade, entendida como a licença para fazer o que quiser[2], até mesmo o mal (já que não existe uma lei natural objetiva, que é imposta ao homem apesar de si mesmo, cf. Leão XIII, Libertas praestantissimum), seria a solução para resolver todos os problemas humanos. Esse falso conceito de liberdade, confundido com libertinagem, é transposto pelo liberalismo:

1) no campo religioso, onde resulta em indiferentismo em matéria de religião (todas as religiões são boas) e amoralismo (aquela “liberdade de consciência” que Santo Agostinho, e mais tarde Pio IX, chamaram de “liberdade de perdição”);

2) no campo intelectual, onde a “liberdade de pensamento” é exaltada, sob a ilusão de que a razão humana, deixada livre e à mercê de si mesma, pode facilmente e sem perigo compreender a verdade;

3) no campo sócio-político, onde toda autoridade é rejeitada e há um deslizamento gradual em direção a uma espécie de “anarquismo”, que vemos em ação hoje na Itália e na escola dos Chicago’s boys de Milton Friedman [nota do blog: o ministro da economia de Jair Bolsonaro, Paulo Guedes, é dessa escola], que defende a liberdade total e absoluta do indivíduo (drogas livres, amor livre, liberdade para duplas homossexuais) até chegar a uma espécie de “anarquismo de direita” (na linha de Indro Montanelli), que reduz o Estado a um ente da razão;

4) no campo econômico, onde leva ao social-comunismo, embora – aparentemente – em contraste aberto com ele.

O grande teórico do liberalismo econômico ou liberalismo foi Adam Smith. De acordo com Smith, o equilíbrio econômico surge espontaneamente do livre comércio e da livre concorrência. Esse automatismo do jogo econômico decorreria da lei da oferta e da demanda: o preço dos bens sobe quando a demanda excede a oferta; cai quando a oferta excede a demanda. O aumento do capital (que são os bens destinados a produzir outros bens), que em si é algo bom, mas que o liberalismo abusa, permite a especialização do trabalho, que produz a abundância de bens; a lei da oferta e da demanda regula essa produção de acordo com as necessidades e os desejos. Tudo, portanto, depende do capital nessa perspectiva.  Portanto, a única ocupação do Estado deveria ser favorecer o capital.

Feito isso, o Estado deveria se limitar a deixar todos livres para buscar seus próprios interesses (abstencionismo estatal em matéria econômica e ética individual e social). Daí o lema “deixar fazer” (laissez-faire), ou seja, liberdade de produção, e “deixar passar” (laissez-passer), ou seja, liberdade de comércio. Daí também a abolição de todos os órgãos intermediários (as corporações de artes e ofícios) que protegem o trabalho e os trabalhadores, ou seja, os indivíduos mais fracos; os capitalistas e os trabalhadores são, assim, colocados diretamente em conflito uns com os outros, que, em reação, se deixam levar pelo socialismo e se afundam no ódio e na revolta de classe.

Um princípio fundamental do liberalismo econômico é também o utilitarismo. De fato, se não existe um valor absoluto moral objetivo, o ato humano não é bom ou ruim em si mesmo, mas tudo depende da utilidade e das consequências práticas dele, ou seja, se o ato produz consequências positivas ou é útil para mim, então é bom para mim; caso contrário, é ruim para mim: “Isso equivale a dizer que o assassinato de uma pessoa inocente…, a blasfêmia, etc., não são semper et pro semper (sempre e em todas as circunstâncias) atos maus, mas podem adquirir uma qualificação moral diferente de tempos em tempos (semper sed non pro semper, ou seja, não são maus em todos os lugares nem em todas as circunstâncias)”[3].

A consequência do liberalismo utilitarista é o chamado “princípio de Caifás[4], segundo o qual é melhor que um só inocente morra para a salvação de todas as pessoas. Não há bem ou mal em si, mas apenas “para mim/nós”.

O utilitarismo implica o hedonismo psicológico[5], ou seja, a busca do prazer e a fuga da dor. De acordo com o londrino Jeremy Bentham (†1832), o prazer coincide com o que é útil para mim. O hedonismo busca o prazer não no futuro ou no devir, mas no presente em ação. Os antigos teóricos do hedonismo foram Aristipo, Epicuro e, em nossos dias, Marcuse. Para Bentham, a “maximização” do prazer e a “minimização” da dor devem ser fundamentadas não na religião, na moralidade ou na metafísica, mas no egoísmo psicológico, pelo qual o homem sempre busca sua própria vantagem, interesse ou utilidade. O bem ou a felicidade, para Bentham, não é o Ato Puro, mas o interesse próprio. Esse é o erro “capital” do liberalismo: fazer com que o Bem Supremo ou o Fim Último coincida com a criatura (liberdade, utilidade, prazer…).

Parece evidente que a ética natural e cristã (veja Aristóteles[6] e S. Tomás[7]) é absolutamente incompatível com a ética subjetivista e relativista do hedonismo e do utilitarismo e, portanto, o liberalismo tem sido repetida e constantemente condenado pelos Romanos Pontífices (Pio IX, Leão XIII, Pio X, Pio XI e Pio XII).

Conflito aparente, convergência substancial: o homem “animal” econômico

Assim como não se pode ser marxista ou coletivista em economia sem ser materialista dialético e histórico em filosofia, também não se pode ser liberal em economia sem ser liberal em filosofia. Na verdade, o liberalismo é uma consequência, no campo econômico, de uma filosofia chamada subjetivismo cartesiano ou sensismo ou empirismo, sendo que este último afirma que o homem – como o animal – tem apenas conhecimento sensível e não intelectual, que, indo além dos fenômenos contingentes, chega à substância das coisas. Essa filosofia se originou na Inglaterra com Hume, Hill, Spencer e se desenvolveu no final do século XVIII e durante o século XIX; ela marcaria o fim da metafísica e nos levou, por meio do pragmatismo americano de James, ao “pensamento fraco” de Popper.

Essa filosofia, assim como o materialismo marxista, também nega a espiritualidade da alma humana, seu poder de conhecer a realidade suprassensível, e torna o homem como um animal, de modo que a consequência lógica na economia é que é preciso trabalhar, produzir e enriquecer. A única grande diferença que pode ser vista entre o liberalismo e o materialismo social-comunista-histórico é que há dois tipos de materialismo: um mais grosseiro para os pobres e um mais radical-chic para os ricos; mas ambas as filosofias são falsas e, consequentemente, suas conclusões econômicas também: o mais não vem do menos. Além disso, enquanto o liberalismo é movido por uma forte propensão à injustiça social, baseando-se no egoísmo individualista, o social-comunismo afirma querer justiça social, mas, na realidade, produz a mais sombria miséria, baseando-se no ódio, na inveja e no ciúme entre as classes sociais. Os dois sistemas têm uma diversidade e oposição relativa (individualismo e coletivismo), mas uma semelhança substancial na primazia da economia e do bem-estar material.

Ainda hoje, embora as condições da classe trabalhadora sejam consideravelmente melhores do que no século XIX, o comunismo social e o liberalismo lutam entre si e compartilham o mundo, embora visem essencialmente quase o mesmo resultado: a ditadura materialista da economia e o Estado absoluto como único proprietário, no lado socialista; e a “república democrática-ditatorial” hedonista da plutocracia liberalista, na qual poucas pessoas têm o monopólio da riqueza e do Estado, que é minimizado pelo liberalismo.

Esse conflito, aparente e não substancial, prejudica sobretudo o homem comum e os pequenos poupadores, tornando a vida humana uma espécie de emprego permanente em um grande banco, onde o homem não tem mais tempo e nem meios para viver sua vida e para perceber o que ele é: um animal racional, feito para conhecer o Verdadeiro e amar o Bom. O mundo moderno, com efeito, transformou-o em um animal econômico feito para produzir, para acumular dinheiro (para si mesmo ou para o Estado), para “pensar” em pagar impostos ou sonegá-los, para pagar as inúmeras contas que tiram o fôlego do homem e fazem dele uma máquina de calcular (uma espécie de “epilético-agitado” da Bolsa de Valores de Milão ou de Wall Street) ou uma galinha de uma grande granja que, à força de hormônios e luz artificial, produz ovos de ouro. Essa primazia da economia sobre a metafísica está na origem do barbarismo em que mergulhamos nesses anos tão tristes, que embruteceram o homem e tornaram-no incapaz de resolver os problemas fundamentais que sempre agitaram o pensamento humano: a vida após a morte, a existência de Deus e a imortalidade da alma. O escritor Domenico Giuliotti costumava dizer: “O liberalismo nos faz viver como porcos para morrer como desesperados”.

Como podemos sair desse estado de coisas? Voltando a Deus, a uma sociedade mais humana, porque fundada sobre os princípios da filosofia perene ou do senso comum, e recolocando as coisas em seus devidos lugares, devolvendo a primazia à ciência especulativa (conhecer para saber) ou metafísica, subordinando a ela a filosofia prática (conhecer para fazer ou agir) e, finalmente, recolocando a técnica (conhecimento experimental ou empírico) em seu devido lugar, que é o mais baixo, enquanto hoje ocupa abusivamente o mais alto e faz do homem uma máquina de produção, correndo apressada e desesperadamente para um fim que nem ele sabe bem qual é, para um enriquecimento material cada vez maior, que deixa o coração humano insatisfeito, pois é ainda um bem finito e criado (ou melhor, “impresso” ou “cunhado”), enquanto “nossa alma é infeliz enquanto não repousa no Senhor” (S. Agostinho), o único que, sendo o Summum Bonum, pode acalmar as angústias e os problemas do homem, que está aberto ao infinito e não se limita ao problema econômico, visto da “direita” ou da “esquerda”.

O neoliberalismo é uma “terceira via”?

Um dos principais economistas italianos escreve, com razão, que o liberalismo é “na opinião comum, a parte econômica do liberalismo. Para os liberais mais ambiciosos, entretanto, ele é a versão mais integral do liberalismo. O liberalismo reivindica uma dignidade filosófica, enxertando-se no individualismo. O coletivo, para os liberais, nunca transcende os indivíduos. Nada pode substituir o indivíduo, que sanciona a sacralidade de toda vida humana. Há no liberalismo um humanismo particularmente sensível ao empresário.

“O liberalismo, embora próximo do anarquismo individualista, está nitidamente destacado dele: o anarquista parece dar pouco peso à economia, como se a natureza providencial fosse suficiente para satisfazer o homem assim que os danos artificiais do governo fossem removidos; não é o caso do liberal, que vê a natureza como algo a ser conquistado prometeicamente[8]. Ao contrário do anarquismo, o liberalismo não pensa na supressão de toda organização estatal, mas exige um Estado mínimo[9], ou seja, um estado que intervenha o mínimo possível, substituindo a Providência divina.

O professor de economia Alberto Chilosi define o liberalismo como uma “corrente de pensamento que nasceu na Inglaterra e na Holanda, por volta do final do século XVII, como uma antítese radical às características medievais residuais […] contra as quais contrapõe uma noção individualista dos fundamentos da vida civil, e tem como pedra angular o reconhecimento de direitos individuais inalienáveis. O protestantismo […] o racionalismo e o subjetivismo da filosofia cartesiana […] convergem na definição do núcleo original da teoria liberal. A dificuldade com que o sistema econômico atinge o pleno emprego leva John Maynard Keynes a defender uma extensão consistente da intervenção […] do Estado […]. Enquanto outros economistas, tais como Friedrich von Hayek e Milton Friedman, insistiram, nas últimas décadas, em uma defesa rigorosa do sistema de livre mercado […], e uma corrente chamada neoliberal ou anarcocapitalista encontrou inspiração nas obras de Milton Friedman (Free to Choose, 1980)”[10]. Corrente essa que não sai da órbita do liberalismo e que compartilha, como veremos, da filosofia errônea e do liberalismo econômico.

Já em 1927, foi aberto um debate entre os liberais, originado por Benedetto Croce e Luigi Einaudi, sobre a verdadeira natureza do liberalismo e do ‘liberismo’ (E. Colombo-A. Mingardi, Il coraggio della libertà, Soveria Mannelli, Rubbettino, 2002, p. 163) [Nota do tradutor: essa distinção entre liberalismo e liberismo só existe na Itália]. Croce criticou o termo ‘liberismo’ como “utilitarismo estreito e egoísmo a-moral” (Ibid., p. 164). Ele, hegelianamente, exaltou a primazia da política (Ibid., p. 168) e também reavaliou um certo papel do Estado em questões econômicas (v. escola keynesiana). Enquanto Einaudi, seguido por Carlo Antoni (o primeiro membro italiano da Sociedade Mont Pèlerin [Ibidem, p. 163])[11] e hoje pelos liberalistas puros (v. a escola “austríaca” de Mises, Hayek, e também da Sociedade Mont Pèlerin [Ibidem, p. 173], e Milton Friedman), preferem falar da primazia da técnica e da tecnologia, da economia, da revolução industrial, do mercado e do consumo sobre a filosofia e a política. Os liberalistas puros criticam a teoria croceana como sendo perfeccionismo, que iria de Platão a Keynes (Ibidem, p. 25). O perfeccionismo, de acordo com os liberalistas puros (que, referindo-se a Popper, se autodenominam imperfeitistas ou falibilistas), “gostaria de liberar utopicamente os homens das necessidades econômicas […] inspirando-se no Evangelho de S. Mateus (VI, 24-34) [que os perfeccionistas rejeitam radicalmente], para se modelar nas aves do céu e nos lírios do campo” (Ibid., p. 27).

Os liberalistas puros se referem a Antonio Rosmini como “o mais lúcido defensor de uma sociedade sem Estado” (Ibid., p. 33). O modelo da corrente mais moderada, no entanto, é de Robert Nozick, ideólogo do “Estado mínimo” (Ibidem, p. 36), enquanto os liberalistas mais radicais se definem não apenas como liberalistas, mas até mesmo como libertários (Ibidem, p. 38), onde o libertarianismo seria a consequência última e lógica do liberalismo econômico, filho do liberalismo político e neto da libertinagem do século XVIII (Ibidem, p. 40).

Ora, LIBERTARIANISMO é “sinônimo de anarquismo” (N. Zingarelli) e os libertários são, acima de tudo e principalmente, “tanto os expoentes radicais do liberalismo […] quanto os anarquistas de inspiração individualista”[12]. Eles também rejeitam o estado “mínimo” (ou mini-anarquismo) e a “legitimidade de qualquer forma e tipo de Estado”[13]: para os anarco-libertários, o livre mercado substitui o Estado, seja o Estado “mínimo” de Nozick ou o Estado “um pouco mais presente” dos liberais clássicos à lá Croce. O anarquismo, com efeito, significa, acima de tudo, autonomia e liberdade absoluta do indivíduo. A sociedade é fundada na livre associação entre indivíduos e o libertarianismo (ou a primazia da liberdade) e é a razão da ausência do Estado (anarquismo).

Há dois ramos do anarquismo: a) os anarco-comunistas (maioria na Europa), que baseiam a ausência do Estado no coletivismo igualitário; b) os anarco-individualistas (maioria nos EUA), segundo os quais a ausência do Estado é uma consequência do individualismo liberal e libertário e do livre mercado[14]. E é justamente essa segunda corrente que é a mais consistentemente anarquista. Com efeito, o totalitarismo comunista não pode ser conciliado com a ausência do Estado, enquanto o individualismo liberal é perfeitamente compatível com sua total eliminação.

Quanto ao LIBERTINISMO, ele é mais sinônimo de irreligiosidade ou indiferentismo do que de ateísmo militante (que é um tipo de anti-fé). É filho do naturalismo antigo e depois renascentista, do estoicismo e do epicurismo, do ceticismo relativista e tende à transgressão moral[15]. O libertinismo deriva primeiro da “seita dos irmãos do livre espírito” (século XII) de inspiração joaquimita, que se baseava no “panteísmo, no hedonismo total dos instintos (especialmente sexuais), e na prática amoralista”[16]; deriva então do naturalismo (Bernardino Telesio), do hermetismo panteísta (Giordano Bruno), da magia (Girolamo Cardano)”[17] e, finalmente, dos “livres pensadores do século XVII, como um fenômeno de oposição à Contrarreforma”[18]. Ele explodiu na França no século XVIII.

O erro do liberalismo

Para os liberalistas puros, o liberalismo é bom na medida em que concede a liberdade de fazer o que quisermos (Ibid., p. 44). Subjacente ao liberalismo está a falácia filosófica sobre a natureza da liberdade, que é característica do liberalismo. Enquanto para a sã filosofia e a reta razão a liberdade é o domínio da vontade sobre os próprios atos, que são meios para alcançar o fim (o bem), e o ser capaz de fazer o mal é uma consequência defeituosa da liberdade, o liberalismo sustenta que a essência da liberdade é ser capaz de fazer o que quiser, confundindo liberdade com licença. Assim, para o liberalismo, a liberdade moral é ilimitada. O liberal confunde os meios (ser capaz de fazer) com o fim (o bem). Esse é o seu erro “capital”, do qual descende a doutrina liberal-libertária com o abstencionismo do Estado na economia, na ética (social e individual) e na religião. É necessário, para os liberais, “deixar tudo” (laissez-passer) para a iniciativa privada, que deve ser absoluta e não sub lege. De acordo com eles, “a essência da liberdade” é “garantida pela economia de mercado”, que só “visa o lucro e o dinheiro” (Ibid., pp. 44-45).

De acordo com a economia de mercado – explica um dos mais consistentes liberais italianos – “o livreiro me dá o livro que eu quero”, mesmo que não goste dele, mesmo que o desaprove, “porque ele só visa o lucro; portanto, não se importa com o que me vende, desde que ganhe dinheiro. Essa é a essência da minha liberdade” (Ibid., p. 45)[19].

Será que o traficante de drogas, que não é livre e mata a verdadeira liberdade de suas vítimas, raciocina de forma diferente?

Como é evidente, essa corrente neoliberal ou neoconservadora, como o liberalismo clássico e o comunismo, é totalmente inconciliável com a reta razão, a lei natural e a Revelação divina.

Um católico-liberal

Adolpho Lindeberg, engenheiro civil em São Paulo, Brasil, embora se diga católico, propõe à Europa não a Doutrina Social da Igreja, mas o modelo econômico americano, qualificado como livre mercado, neoliberal, que, segundo ele não estaria em contradição com as condenações do Magistério eclesiástico ao liberalismo, nem seria a conclusão lógica, em matéria econômica, da filosofia empirista inglesa, assim como o socialismo ou coletivismo econômico é a conclusão lógica do materialismo dialético e histórico da esquerda hegeliana e de Karl Marx.

Lindeberg espera que a Europa tire uma lição do Brasil e veja “com bons olhos a perspectiva de uma possível introdução de um capitalismo de tipo americano…”[20].

Um inimigo, no entanto, está, de acordo com o engenheiro brasileiro, no caminho do triunfo do modelo americano: é o “fundamentalismo islâmico, o inimigo jurado do capitalismo ocidental[21] (na verdade pensávamos que o Islã era o inimigo jurado da Santíssima Trindade e de Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem).

Outro inimigo: “governos [não totalitários, mas autoritários-n.d.r] que deram origem a um preconceito contra os Estados Unidos […] De acordo com a direita nacionalista, os Estados Unidos usaram seu poder econômico inquestionável para impor regimes democráticos em países que antes levavam vidas seguras e felizes sob a proteção de líderes de pulso firme”[22].

Para o direito público eclesiástico, o governo ideal é aquele que se compromete a colaborar, em subordinação, com a Igreja, para o fim de estabelecer o Reinado social de Cristo; governos nacionalistas ou autoritários, portanto, não são o ideal, mas a América também não o é; em todo caso, esses vituperados governos autoritários europeus, embora com mil limitações e falhas, preservaram a Europa (cf. Espanha, Portugal e Itália) desse vírus corruptor de mentes e corações que se chama democracia americanista[23] e do comunismo que tanto mal fez à velha Europa nos últimos cinquenta anos (as leis sobre divórcio, aborto etc. não são fruto da mentalidade democrático-hedonista americanista e do materialismo comunista ateu). É uma democracia liberal-libertária e não tem nada a ver com a terceira forma de governo, da qual falavam Aristóteles e Santo Tomás, que, sim, permite que os cidadãos participem do poder político, mas afirma que o poder não vem do próprio povo (mero canal), mas de Deus. Por fim, os Estados Unidos são uma nova Roma pagã, na qual há liberdade de culto para todas as denominações, desde que sejam pluralistas e tolerantes.

Lindeberg critica depois a “mentalidade nazi-fascista”, sem fazer as necessárias distinções: “Aqueles que estão imbuídos da mentalidade nazi-fascista, escreve, culpam indiscriminadamente os capitalistas, os democratas liberais, os maçons, os judeus… pelo colapso da lei e da ordem”[24]. Até onde sei, depois de 1870, o Papa Pio IX e os jesuítas do periódico Civiltà Cattolica interrogaram-se sobre quem estava na origem de tanta desordem e corrupção; responderam que a causa principal de todas as revoluções anticatólicas era “a judaico-maçonaria”. Até Leão XIII quis que o Civiltà Cattolica se ocupasse, durante cerca de vinte anos, da influência do judaísmo na maçonaria e da maçonaria no Risorgimento[25]. No entanto – com licença do engenheiro – não parece que Pio IX, Leão XIII e o Civiltà Cattolica tivessem uma mentalidade nazi-fascista.

O autor prossegue: “É talvez nos Estados Unidos que o conservadorismo católico [que, segundo ele, seria o ideal -ndr] registou o crescimento mais rápido em número de influências […]. Contrariamente aos tradicionalistas europeus, os conservadores católicos americanos [como Kennedy ou Novak -ndr] não têm reservas quanto à economia de mercado […]. Consideramos o movimento conservador católico americano como a ponta de lança da ortodoxia católica e um dos movimentos mais benéficos da Igreja”[26]. Sinceramente, não vemos no neoconservadorismo a “ponta de lança do conservadorismo da ortodoxia católica”, mas o triunfo daquele liberalismo já condenado nos seus princípios pela Igreja.

Lindeberg continua: “A condenação do liberalismo religioso pela Igreja […] leva instintivamente muitos católicos a oporem-se ao movimento a favor da liberdade econômica”. Primeiramente, não é verdade que a condenação da Igreja se tenha limitado ao “liberalismo religioso”, abandonando ao liberalismo a questão social, que é também e sobretudo uma questão moral[27]. Não é verdade, ademais, que os católicos antiliberais, que são católicos tout court, sejam hostis à “liberdade econômica”. Eles são hostis a essa escola econômica chamada liberalismo, que tem as suas raízes na filosofia empirista inglesa e no subjetivismo cartesiano, que está em contradição com a filosofia do senso comum e do ser e com a fé católica, sendo nem mais nem menos do que um materialismo sensível, assim como o comunismo ou coletivismo econômico tem as suas raízes numa filosofia chamada marxismo, que está em contradição com a filosofia do senso comum e do ser e com a fé católica, pois não passa de um materialismo dialético e histórico. O engenheiro brasileiro é um sofista que usa silogismos que levam ao equívoco: uma vez emprega o termo médio “economia livre” (com o qual até o católico pode concordar), enquanto outra vez usa, como se fosse um conceito equivalente, o termo médio “liberalismo econômico”, sobre o qual o católico não pode deixar de ter todas as suas reservas. Além disso, o engenheiro faz passar o liberalismo americanista por doutrina católica, quando não parece que o Magistério da Igreja se refira aos liberalistas austro-americanos em que Lindeberg se baseia.

A ameaça de um “totalitarismo de natureza nova”

Augusto Del Noce previu bem que, após o colapso do comunismo soviético, o grande perigo para a humanidade seria o da sociedade liberal-tecnocrática, consumista, libertina e libertária. Falou de “um totalitarismo de natureza nova, muito mais atualizado e mais capaz de dominação absoluta do que foram os modelos do passado, incluindo Stálin e Hitler […]. É o superpartido tecnocrático”.

Para Del Noce, a causa da irreligiosidade do mundo atual encontra-se precisamente no pan-tecnicismo, “no agnosticismo de matriz empirista”[28]. Liberalmente falando, a religião transcendente não compensa, não é útil e, portanto, não interessa. Este é o efeito do liberalismo-libertarianismo e da libertinagem das massas.

Del Noce concentrou-se no enorme perigo do liberalismo, filho da libertinagem do século XVIII, que é ainda mais radicalmente a-religioso do que o ateísmo marxista, uma vez que é eminentemente agnóstico e se tornou um fenômeno de massas no século XX (o “sadismo” da nossa sociedade, que se espanta com certas notícias aparentemente inexplicáveis, mas que na realidade é uma consequência lógica dos princípios libertinos), enquanto no século XVIII era apenas elitista (v. De Sade e os seus companheiros próximos). A ideologia do mundo liberal nega a Transcendência e desemboca na secularização e no niilismo da sociedade opulenta, onde a única ética válida é a da produção e do consumo, que conduz ao relativismo-integral.

Por tudo isto, é evidente a absoluta impossibilidade de conciliação entre o catolicismo e o liberalismo. Por experiência direta e pessoal, posso dizer e confirmar que quando o liberalismo entra pela janela, a fé e a moral têm de sair pela porta “devido à contradição que não consente”. Infelizmente, hoje em dia, as ideias liberais estão corrompendo (via Novak) até o ambiente católico conservador e inclusive o “tradicionalista”. Clarifiquemos as nossas ideias, para não cairmos de um extremo ao outro: do católico-comunismo dos anos 70 ao liberalismo católico dos anos 2000. Infelizmente, esse erro pernicioso também ganhou a causa de Bento XVI, que, com os seus discursos durante e após a sua viagem aos EUA (15-21 de abril de 2008) e com a calorosa recepção a Bush no Vaticano (13 de junho de 2008), parece ter aderido plenamente às ideias dos neoconservadores ou teoconservadores italianos, segundo os quais os EUA (e Israel) são o braço da velha Europa para combater o Islã.

O liberalismo católico é uma forma de modernismo socioeconômico que, de S. Pio X a Pio XII, a Igreja nunca deixou de condenar. É a este respeito que a revista antimodernista Sì Sì No No, que se ocupa do assunto, se preocupou.

Spartaco

Notas

  1. Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica (S. Th.), II-II, q. 66, a. 2 e II-II, q. 32, a. 6.
  2. Cf. R. Spiazzi, Enciclopedia del pensiero sociale cristiano, ESD, Bologna, 1992, pp. 527-562.
  3. G. Samek Lodovici, L’utilità del bene, Jeremy Bentham, L’utilitarismo e il conseguenzialismo, Milano, Vita e Pensiero, 2006 p. 21. Cf. também: G. Abbà, Felicità, vita buona e virtù. Saggio di filosofia morale, Roma, Las, 1995. Id., Quale impostazione per la filosofia morale, Roma, Las, 1996.
  4. G. Samek Lodovici, op. cit., p. 109.
  5. Ibid., p. 6 e 9 e 204. Cf. J. Bentham, Introduction to the Principles of Morals and Legislation, Londres, 1789, pp. 89-90.
  6. Aristóteles, Etica Nicomachea, 1106b 36. / EN. 1099a 6 / EN. II, 1107a 22-23 /EN. X, 1174a2-8.
  7. S. Th., I-II, q. 58, a. 5 /, q. 64. a. 1. / q. 2, a. 6, q. 19, a. 7. ,/ q. 107, a. 1. / q. 4, a. 4 /, q. 19, a. 10. / q. 59, a. 4. / q. 56, a. 2. / q. 62, a. 2. S. C. G., IV, c. 19. / IV, c. 95. In II Ethic., lib. 4, c. 4 / l. 6 / l. 6, c. 6 / 9, c. 9.
  8. Prometeico é aquilo que exprime um desafio contra uma autoridade ou imposição superior. As características de Prometeu são, acima de tudo, a soberba e a coragem indomável que o sustenta contra a divindade (cfr. N. Zingarelli. Dizionario della língua italiana. Ver também Enciclopedia Italiana, vol. XXVIII, col. 322). Nós católicos chamamos isso de luciferino.
  9. Dizionario di economia, Torino, Utet, 2a ed., 1988, verbete Liberismo.
  10. VV. AA., Enciclopedia dell’economia, Garzanti, Milano, 1992, pp. 643-645.
  11. A Sociedade Mont Pèlerin, nascida em 1947 […] graças aos esforços de F. von Hayek (…). A Primeira Reunião da Sociedade contou com a presença de… Milton Friedman,… von Mises,…. Popper,… e von Hayek’ (VV. AA., L’Esperimento americano. Verso un nuovo ordine mondiale, Milão, Ares 2003, La chiave americana al mondo delle idee, editado por A. Mingardi, p. 37). Ela “nasceu dentro de poderosas lojas maçônicas […], sua influência nos arranjos geopolíticos mundiais é enorme (Kissinger, Brezwinsky, Powell, Bush, Luttwak, todos foram membros). […] Foi fundada em 1947 na Suíça, em Mont Pèlerin, por 38 economistas, começou como uma sociedade semi-secreta […]. Seus líderes defendiam a descriminalização completa de todas as substâncias entorpecentes com o objetivo de recuperar e explorar a economia subterrânea [lavagem de dinheiro, exploração da prostituição, comércio de drogas, armas, crianças, em suma a economia paralela […]. Na Itália, seu maior especialista [da economia paralela] é o ministro Antonio Martino, que foi seu presidente de 1988 a 1990 (altremappe.org. março 2003, L’impero invisibile: CFR e MPS). [Nota do tradutor: Um dos ícones do conservadorismo americano, William F. Buckley Jr., também foi membro dessa sociedade liberal.]
  12. R. Esposito-C. Galli (editado por), Enciclopedia del Pensiero Politico, verbete Libertarismo, R. Cubeddu (editado por), Roma-Bari, Laterza, 2000, p. 390.
  13. Ibid.
  14. R. Esposito-C. Galli, op. cit.. verbete Anarchismo, P. Adamo (editado por), pp. 21-22.
  15. 15. R. Esposito-C. Galli, cit., verbete Libertinismo, M. ADINOLFI (editado por), p. 391.
  16. VV. AA., Enciclopedia della filosofia, verbete Libertini, Milano, Garzanti, 1981, pp. 517-518.
  17. Ibid.
  18. Ibid.
  19. 19. Cf. também R. Nozick. Anarchia, Stato e Utopia. I fondamenti filosofici dello “Stato minimo”, Florença, Le Monnier, 1981.
  20. Adolpho Lindeberg, Il libero mercato in una società cristiana, Segno, Udine, 2000, pag. 35.
  21. Ibid., pag. 33.
  22. Ibid., pag. 85.
  23. É preciso distinguir “americanismo” (como erro filosófico e religioso) de “americano” (como habitante dos EUA); com efeito, nem todo americano é necessariamente americanista.
  24. Ibid., pag. 92.
  25. Cf. Taradel-Raggi, La segregazione amichevole, Editori Riuniti, Roma, 2000. G. Miccoli, Santa Sede, questione ebraica e antisemitismo, in Storia d’Italia. Annali II **. Gli ebrei in Italia, Einaudi, Torino, 1997, pp. 1370-1574.
  26. A. Lindeberg, op. cit., pp. 104-105.
  27. Ibidem, p. 126. Cf. R. Spiazzi, Enciclopedia del pensiero sociale cristiano, ESD, Bologna, 1992, pp. 401-405.
  28. A. Del Noce, Cristianità e laicità, Milano, Giuffrè, 1998, pp. 161-169.