Podemos considerar a sinceridade:
1º – Nas nossas relações conosco: é a sinceridade propriamente dita, a sinceridade ou a retidão pessoal;
2º – Nas relações com outrem: é a franqueza.
As vantagens da sinceridade
“Em educação, como nas muitas outras coisas, a melhor maneira de ser hábil é ser reto“
(F.Kiefer- A autoridade, p.103)
As vantagens:
– A sinceridade embeleza a criança, enobrece o jovem, glorifica o homem maduro.
– A sinceridade constitui a maior honra e o maior prazer dos pais.
– A sinceridade facilita o trabalho da educação. Em certos casos, ela está intimamente ligada à confiança, que é absolutamente necessária aos pais para educarem os seus filhos na pratica da virtude.
– A sinceridade é a pedra de toque das verdadeiras amizades.
A sinceridade obriga a fazer boas confissões, e assegura, por conseqüência, a salvação e a saúde da alma.
Os meios de desenvolver a sinceridade
Que se deve fazer para desenvolver a sinceridade nas crianças?
– Dar o exemplo da sinceridade.
– Inspirar uma profunda estima pela sinceridade.
– Animar todo ato de sinceridade.
Que fará o educador para dar o exemplo da sinceridade?
Seguirá as duas regras seguintes:
– Nunca se deve enganar a criança.
– Nunca se deve mentir diante dela.
É tal a importância de não enganar a criança, que se o educador a não observar, torna-se praticamente professor de mentira. Com efeito, as promessas não efetuadas, as ameaças sem execução, as palavras irrefletidas, por pouco que se repitam, ensinam à criança, desde a mais tenra idade, que as palavras diferem sensivelmente dos atos. A criança a quem se fez tomar algum medicamento, um emético, por exemplo, garantindo-lhe que é excelente, nunca o há de esquecer. E, por seu turno, quando a mentira lhe for útil, quer para chegar aos seus fins, quer para evitar algum castigo, será levada a dissimular.
… Tudo o que é inexistente dever ser suprimido ou explicado: por exemplo, sinos da Páscoa que vêm trazer os ovos…o diabo que aparece no espelho das meninas vaidosas, etc… Nunca se deve enganar as crianças. De mais, há a temer que a criança, piedosamente enganada, quando chegar o dia em que conheça enfim a verdade, não envolva na mesma derrocada das suas ilusões ingênuas os mistérios mais graves da nossa fé. Segunda regra – Para dar bom exemplo: nunca mentir diante das crianças.
Como incutir uma alta estima pela sinceridade?
– Falando-lhes dela sempre com elogio e admiração.
– Censurando-lhes severamente toda a palavra e todo o ato mentiroso.
– Afirmando bem que terão orgulho de seus filhos, se praticarem sempre esta generosa virtude.
Como se pode fortalecer a sinceridade das crianças?
– Pela fé.
Pela lembrança e convicção das grandes verdades. Deus vê tudo; sabe sempre a verdade; a mentira é um pecado; o demônio é o pai dos mentirosos, etc.
– Pela discrição.
Se os pais são discretos nunca mortejarão dos escrúolos e da ingenuidade dos filhos. E, com mais razão, nunca os descobrirão; uma só confidência traída pode fechar o coração para sempre.
– Pela atenuação do castigo ou pelo perdão.
A criança deve sempre notar uma diferença sensível entre a maneira como se trata uma falta confessada, e a maneira como se estabelece o castigo duma falta encoberta. Sem o reconhecimento desta prática, a criança julgará que a sua ingenuidade é a causa do seu desgosto, e nunca mais renovará as sua confidências.
Que se há de fazer, se apesar de todas estas precauções, a criança se deixa arrastar a dizer alguma mentira?
Manifestar-se-á uma surpresa contristada por ser tratar com um pequeno mentiroso.
Uma mãe, tendo surpreendido uma mentira nos lábios da sua filhinha de quatro anos de idade, tomou o ar mais consternado, e pronunciou com um gravidade penetrante:
“A minha filhinha mentiu! É a primeira vez que se mente em minha casa! Também a minha filhinha não jantará hoje, por que merece ser castigada, e a mamãe não comerá por causa deste desgosto.” (autêntico)
Que se deve fazer se há reincidência?
Ser-se-á mais severo: poder-se-á, por exemplo, tratar o culpado com desdém durante um certo tempo e não ter com ele mais que as relações necessárias; não acreditar já o que diz. Em seguida, faz-se-lhe-á ver quanto é feia a mentira e como Deus a puniu: os Livros Santos fornecem-nos exemplos fáceis de comentar: a história de Ananias e Safira, por exemplo.
Catecismo da Educação – Abade René de Bethléem