A FORMAÇÃO DA VONTADE : A ENERGIA DA AÇÃO

Resultado de imagem para pai filho obediênciaÉ sempre fácil começar a ação e meter-se ao caminho?

Eis um ponto que, segundo parece, só um ato positivo e enérgico da vontade poderá realizar.

Será preciso que a vontade se converta numa mola, impulsionada pela indicação do dever e que salte num ímpeto até ao seu pleno desenvolvimento, isto é, até ao cumprimento do que é preciso fazer. Que a vontade seja como que um chefe de serviço bem adestrado, que recebe as ordens e as faz executar sem discussão, sem hesitação, sem demora.

Qual é a virtude que esta energia supõe necessariamente?

É o dominio de si mesmo, isto é, a autoridade própria da inteligência e da vontade sobre as faculdades inferiores, a imaginação, a sensibilidade, a memória e, por elas, sobre os próprios sentidos.

Qual é o primeiro meio de desenvolver esta energia nas crianças?

É o de evitar tudo o que conduz ao sensualismo e à preguiça.

Esta preguiça, a que se liga pouca importância é, contudo cheia de perigos; torna incapaz de todas as virtudes, abre a porta a todos os vícios, rouba todas as energias ao caráter, impede a formação da vontade, deixando a alma sofrer o jogo do corpo, e este mesmo fica sem força e sem vigor.”

(Renovamento da vida cristã)

Tem-se notado que aqueles que foram submetidos a uma disciplina severa mostram uma energia moral mais intensa do que outros que foram tratados com doçura execessiva.
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EDUCAÇÃO DA SINCERIDADE

Imagem relacionadaPodemos considerar a sinceridade:

1º – Nas nossas relações conosco: é a sinceridade propriamente dita, a sinceridade ou a retidão pessoal;

2º – Nas relações com outrem: é a franqueza.

As vantagens da sinceridade

“Em educação, como nas muitas outras coisas, a melhor maneira de ser hábil é ser reto

(F.Kiefer- A autoridade, p.103)

As vantagens:

– A sinceridade embeleza a criança, enobrece o jovem, glorifica o homem maduro.

– A sinceridade constitui a maior honra e o maior prazer dos pais.

– A sinceridade facilita o trabalho da educação. Em certos casos, ela está intimamente ligada à confiança, que é absolutamente necessária aos pais para educarem os seus filhos na pratica da virtude.

– A sinceridade é a pedra de toque das verdadeiras amizades.

A sinceridade obriga a fazer boas confissões, e assegura, por conseqüência, a salvação e a saúde da alma.

Os meios de desenvolver a sinceridade

Que se deve fazer para desenvolver a sinceridade nas crianças?

– Dar o exemplo da sinceridade.

– Inspirar uma profunda estima pela sinceridade.

– Animar todo ato de sinceridade.

Que fará o educador para dar o exemplo da sinceridade?

Seguirá as duas regras seguintes:

– Nunca se deve enganar a criança.

– Nunca se deve mentir diante dela.

É tal a importância de não enganar a criança, que se o educador a não observar, torna-se praticamente professor de mentira. Com efeito, as promessas não efetuadas, as ameaças sem execução, as palavras irrefletidas, por pouco que se repitam, ensinam à criança, desde a mais tenra idade, que as palavras diferem sensivelmente dos atos. A criança a quem se fez tomar algum medicamento, um emético, por exemplo, garantindo-lhe que é excelente, nunca o há de esquecer. E, por seu turno, quando a mentira lhe for útil, quer para chegar aos seus fins, quer para evitar algum castigo, será levada a dissimular.
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A DOCILIDADE EM RELAÇÃO À RAZÃO E AOS CONSELHOS DADOS E A UTILIZAÇÃO DO PODER MORAL DO SENTIMENTO

CONVERSANDO COM DEUS: CINCO CONSELHOS DE UM PAI PARA O SEU FILHO

Quando a inteligência é sinceramente esclarecida, quando se elevou à altura dos princípios, quando se lhe dissiparam as obscuridades numa consulta ponderada, que resta fazer?

Nada mais resta que tomar a decisão e pô-la em prática sem demora.

1º – Que vossos filhos, pais que nos ledes, se habituem a dizer: “Tenho a obrigação de o fazer, faço-o!”

2º – Que acrescentem: “Faço-o imediatamente!”

Que não adotem nunca esta expressão dos covardes: “Eu bem sei, mas…”

Se o fizessem, quando se trata de coisas conscientemente graves, pecariam contra a razão: e isto é terrivelmente perigoso. Se o fizessem quando se trata de coisas naturais, a vontade perderia toda a delicadeza, toda a sensibilidade, toda a prontidão; deformar-se-ia.

É por isso que às pessoas que têm um programa de vida e não o seguem, diremos francamente: “Se não quiserem seguir o seu programa, queimem-no”!

A utilização do poder moral do sentimento

Que é preciso para bem agir?

É preciso acrescentar à luz fria da idéia pura a paixão arrebatadora do sentimento.

Só o sentimento que move o coração dá impulsos que triunfam da apatia, ou desperta essas emoções favoráveis que contrabalançam e substituem as emoções hostis“.

(Payot, Educação da vontade, t. II, cap. III, em J. Guibert, ob)

Quais são os sentimentos que exercem sobre a vontade uma ação mais eficaz e mais duradoura?

São o temor e o amor.

De resto, o temor não é mais que uma forma do amor. Ele é, diz-nos Bossuet, “um amor que, vendo-se ameaçado de perder o que procura, se inquieta com esse perigo“.

(Conhecimento de Deus e de si mesmo, cap. I, p.6)

Foi esse sentido que Joubert escreveu: Continuar lendo

AS CONDIÇÕES DA FORMAÇÃO DA VONTADE

Resultado de imagem para moça catolicaQuais são as condições gerais da formação da vontade?

Para as crianças, as condições gerais da formação da vontade são:

Umas de preparação geral:

1º – A higiene apropriada ao bom funcionamento dos nervos.

2º – A criação dos hábitos.

Outras preparatórias da decisão:

3º – A iluminação da inteligência.

4º – A docilidade para com a inteligência.

Outras preparatórias de execução:

5º – A utilização do poder moral do sentimento.

6º – A energia da ação.

Outras preparatórias da perseverança:

7º – A duração da decisão.

8º – A duração do esforço.

Capítulo I

A higiene apropriada

A higiene tem uma tarefa a desempenhar na formação da vontade?

Sem entrar em particularidades, diremos somente que o sistema nervoso e o sistema muscular ocupam um lugar importante entre as energias que a vontade põe em jogo para passar da aspiração à realização.

Logo, a vontade depende deles do mesmo modo e da mesma medida que o operário depende do seu instrumento de trabalho.
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A FORMAÇÃO DA VONTADE – ALGUMAS NOÇÕES PRELIMINARES

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Capítulo I 

A natureza da vontade

Que é a vontade?

A vontade, sob o ponto de vista moral, pode definir-se: “O poder que tem a alma de se decidir, com consciência e reflexão, a uma determinada ação” (J.Guibert, Formação da vontade, p. 1-3-11), de executar o que resolveu, e de perseverar nas suas idéias e empreendimentos.

Quais são, pois, as condições da vontade?

São três principais:

1º – A decisão, que deve ser pessoal, refletida, conscienciosa;

2º – A execução, que deve ser enérgica, que deve libertar-se do “domínio das forças exteriores” e reger “os impulsos de vida que brotarem do interior” (obra citada).

3º – A perseverança, que “comporta a duração na decisão e no esforço” (obra citada).

Capítulo II 

As vantagens da vontade

Quais são as vantagens da vontade?

São múltiplas:

1º – A vontade evita ou corrige a irresolução.

2º – A vontade contribui para a formação da inteligência.

3º – A vontade dá o domínio de si mesmo.

4º – A vontade assegura a autoridade sobre o mundo exterior.

5º – A vontade conduz o homem ao fim que se propôs e que deve atingir.

Artigo I – A vontade evita ou corrige a irresolução

Que é a irresolução?

É o defeito dos que não sabem decidir-se; dos que depois de terem tomado uma decisão, se deixam impressionar pelas razões que militam a favor da decisão contrária; dos que voltam á primeira resolução, para passarem a uma outra, sem que nunca se possa ter a certeza de que não voltarão à primeira, ou não se ligarão a uma terceira“. (Para a descrição do tipo, ver E.Legouvê, As nossas filhas e os nossos filhos, p. 319) Continuar lendo

O OBJETO DO RESPEITO

Imagem relacionadaQuem pode e deve beneficiar deste respeito?

1º – Os educadores, isto é, os pais e os professores, têm direito ao respeito;

2º – Devem fazer-se respeitar;

3º – Devem inspirar o respeito por tudo aquilo que o merece.

Artigo I – Os educadores têm direito ao respeito

Por que é que os pais têm um direito especial ao respeito de seus filhos?

Porque são, mais que qualquer outra pessoa, os representantes de Deus na obra da formação de seus filhos.

Este direito é sancionado por Deus?

Sim, e da maneira mais formal.

“Aquele que ofende seu pai ou sua mãe deve ser condenado à morte.” (Ex. XXI, 15)

“Aquele que maldiz seu pai e sua mãe será punido de morte.” (Ex. XXI, 17)

“Que o olho que ofende seu pai… seja arrancado pelos corvos das torrentes.” (Prov. XXX, 17)

Por que merecem os padres um respeito particular?

Porque o papel que desempenham na educação é sempre necessariamente ungido do caráter sagrado com o qual prouve Deus marcá-lo no dia da sua ordenação.

“Honrareis a Deus de toda a vossa alma, e reverenciareis os padres.” (Ecl. VII, 81)

Este mesmo homem que vai agora subir à cátedra da sua sala de trabalho ou da sua aula, subiu esta manhã como sacrificador ao altar do vosso Deus, e aqueles lábios, que vos ensinam os rudimentos das letras, pronunciaram palavras às quais o mesmo Deus obedeceu, dignando-se descer entre as suas mãos.” (Mgr. Baunard, Deus na escola, t. I, p. 86-87)
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O RESPEITO

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É ímpio perante Deus aquele que é irreverente para com seu pai” (Tertuliano)

Como se divide esta segunda seção relativa ao respeito?

Em três capítulos:

1º – A natureza do respeito;

2º – A importância do respeito;

3º – O objeto do respeito.

Capítulo I – A natureza do respeito

Que é o respeito?

1º – “O respeito é alguma coisa mais que a estima, a deferência, a polidez e as atenções. Têm-se atenções para os iguais, deferência para os amigos, estima pelo mérito, delicadeza com toda a gente; o respeito ascende muito mais, e leva consigo a estima, a deferência, as atenções mais delicadas e, mais ainda, a consideração e a honra, a até alguma coisa superior.

2º – O respeito é a lembrança refletida e o religioso sentimento do que há de divino em si e nos outros. Não, o respeito por si e pelos outros não é outra coisa senão a consideração atenta daquilo que há de mais alto na dignidade humana, isto é, da imagem de Deus, da coisa divina em nós, e, além disso, o sentimento grave e íntimo o sentimento religioso, que esta recordação e esta luz inspiram.”  (Mgr. Dupanloup, Da Educação, t. II, p. 487.)

Que é, por exemplo, o respeito de si mesmo, “senão um olhar de admiração sobre si e de religiosa estima por uma dignidade interior e oculta“?(Mgr. Dupanloup)
Que é o respeito das leis, senão a consideração prática do que há de majestoso e de divino na expressão da vontade dos legisladores, para se tirar uma conclusão de religiosa docilidade?

3º – “Se se quisesse definir o respeito, seria preciso denominá-lo: o sentimento dos valores; e, por conseguinte, o respeito é uma virtude intelectual que anda ligada ao juízo e o bom senso.” (F.Kieffer, ob. cit., p.340.)
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OS MEIOS IMEDIATOS DA AUTORIDADE

Resultado de imagem para autoridade dos paisQuais são os meios imediatos de adquirir e de conservar a autoridade?

São seis os princípios:

1º – É preciso falar pouco.

2º – É preciso usar de autoridade com discrição.

3º – É preciso ser claro.

4º – É preciso tomar a sério o que se diz.

5º – É preciso exigir uma obediência imediata.

6º – É preciso manter a firmeza até ao fim.

1º – É preciso falar pouco

Qual o sentido desta fórmula: é preciso falar pouco?

É preciso intervir raramente.

Seria, com efeito, desastroso, não permitir e não deixar passar nada. Alguns pais falam sem descanso, tanto para mandar, como para proibir ou para aconselhar:

– Pedro, tem cuidado, não caias.

– Olha bem.

– Olha para a frente.

– Não vás tão depressa.

– Aí vem um carro.

Etc…

A criança acaba por não prestar atenção às recomendações que se lhe fazem. Os próprios pais não ligam importância ao que dizem, e, quando querem fazer valer a sua autoridade, compreendem que esta está irremediavelmente perdida.
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A AUTORIDADE É UMA CIÊNCIA

Imagem relacionadaPor que se pode dizer que a autoridade é uma ciência?

Porque o exercício do direito e o cumprimento do dever da autoridade exigem o conhecimento (a ciência) e o respeito dum certo número de princípios. Uns são remotos, outros imediatos: examiná-lo-emos sucessivamente.

Os princípios remotos

Quais são os princípios remotos a que está ligada a autoridade?

São cinco:

1º – É preciso começar a exercê-la muito cedo.

2º – É preciso que os pais sejam os primeiros a respeitar a fonte de toda a autoridade: Deus.

3º – É preciso que os pais apoiem a sua autoridade em Deus.

4º – É preciso que os pais mostrem em tudo um procedimento digno e nobre.

5º – É preciso que os pais evitem tudo que os possa colocar no mesmo pé de igualdade os filhos.

1º – É preciso começar muito cedo

Curva a cabeça de teu filho na sua mocidade” (Eccli)

Por que é preciso que os pais afirmem muito cedo a sua autoridade?

Por que a experiência ensina que “se a criança não for dominada dos três aos quatro anos, é quase certo que nunca o será.”

(F. Nicolay, As crianças mal educadas, p. 140)

Que sucederá se os pais se descuidarem na afirmação da sua autoridade logo nos primeiros anos dos filhos?

A criança cresce: a sua independência desenvolve-se com ela; as insubmissões são frequentes; tornam-se escandalosas; a sua arrogância é uma vergonha; os pais abrem enfim os olhos; decidem-se a reagir. Continuar lendo

A AUTORIDADE É UM DIREITO

Resultado de imagem para autoridade dos pais“O princípio da autoridade é a base de toda a sociedade bem organizada.” (Imbert de Saint-Amand, A côrte de Luiz XIV (Mame) p.58.)

Qual é a origem deste direito?

Procuremo-la na própria etimologia da palavra autoridade.

Autoridade (em latim: auctoritas) vem do substantivo (em laim: auctor).

A autoridade é, portanto, uma prerrogativa de autor.

Há alguma autoridade legítima que possa ter outra origem?

Não, porque a uma outra autoridade que não fosse a do autor poderiam dizer:

“Quem é o senhor? Não o conheço; não lhe devo nada; devo tudo Aquele que me fez; mas nada devo senão a Ele e àqueles que O representam.” (Mgr. Dupanloup, Da educação, t. II, p.14)

Pelo contrário, ao seu autor responde naturalmente:

“És Vós? Aqui estou eu. Vós fizeste-me aquilo que eu sou; acaba a Vossa obra; ordena; eu obedeço.” (Ibid.)

Quais são os benefícios deste direito?

1º – Deus em primeiro lugar. Ele é o autor necessário e universal; tem, portanto, uma autoridade plena e pessoal sobre todas as coisas.

É por isso que todas as criaturas se voltam para Deus para Lhe dizer: “Aqui estamos. Adsumus” (Job, XXXVIII,35). O próprio homem, o rei da criação, se aproxima do Criador e diz-Lhe: “Tuus sum ego; eu sou vosso” (Ps. CXVIII,94). – “Deus meus es tu: in manibus tuis sortes mece. Vós sois o meu Deus; os meus destinos estão nas Vossas mãos“. (Ps.XXX,15).
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