Chama-se Liturgia o culto oficial da Igreja nos seus ritos, nas suas fórmulas, nos seus cânticos. Tem um sentido litúrgico quem compreende este culto e quer tomar parte nele. Importa muitíssimo orientar, bem cedo, as crianças nas formas de devoção seguidas pela Igreja. Numa palavra, é necessário educá-las para a compreensão e participação litúrgica.
Note-se a mãe uma verdade: há na alma infantil um eco para as cerimônias e devoções litúrgicas. Cuide de aproveitá-lo sabiamente. Aqui terá a leitora umas normas largamente traçadas.
A primeira inicação – Um dia o nenêzinho descobre no seu quarto o Crucificado. A mãe lhe disse: É Jesus, filhinho! Ele o repete. Passa depois a lhe dar bom-dia e boa-noite, a lhe atirar beijinhos. Mais tarde o ensina a dizer: perdão, Jesus; não faço mais, quando fez artes, foi manhoso, etc. Vem o sinal da cruz, vem a Mãe do Céu. É bom que a criança veja a mamãe rezando, toda série. Essa seriedade a impressiona, arrasta-a à imitação.
O Natal com o presépio – Não sefala à criança nessa coisa tola e inexpressiva de Papai Noel. Fale-se-lhe singelamente: “Filho, amanhã é aniversário do nascimento do Menino Deus; foi nesse dia que ele veio ao mundo para trazer alegria para todos”. Os presentes sejam motivados por essa alegria. Nós temos o presépio tão instrutivo e atraente para a criança. Para que substituí-lo por uma árvore toda cheia de luzes e presentes, mas sem a poesia dos pastores e carneirinhos, da gruta e de seu boizinho, ao lado da caminha tão pobre do Menino Deus? Como tudo isso enche a alma infantil de poesia e encanto! Aos pés do recém-nascido irá a criança depor seus brinquedos, como presentes ao Menino Deus. Este, por sua vez, mandará a mãe devolvê-los à criança. Já o coração infantil se abriu para o desprendimento.
Enquanto está erguido o presépio, continuam as lições que a mãe dá ao filhinho, contando-lhe a história do nascimento de Jesus, a visita dos pastores, da chegada dos Reis Magos, etc. Depois desarma-se o presépio e eis chegado, dentro de poucas semanas, o
Tempo da Quaresma – A criança vai tomar cinza, já ensinada pela mãe do que se trata. Durante a quaresma ela ouvirá a hstória da paixão de Nosso Senhor, será exercitada em fazer suas pequenas renúncias. Sobretudo a mãe tratará de despertar na alma infantil uma viva compaixão perante os sofrimentos do Salvador. Um domingo – o de ramos – marca o começo de uma semana mais séria, mais quieta, toda cheia de visitas à igreja, de comunhões, de acompanhamento de procissões. Quantos dias cheios de aulas práticas para o coração da criança!
Na igreja, a mãe lhe explica o que significa o altar, a lâmpada, a pia de batismo, o púlpito, o confessionário. Diz-lhe por que o vigário se veste diferente dos outros quando celebra a Santa Missa …
Tempo de Pentecostes e Advento – Vem aí a missão do Espírito Santo, dando ensejo de preparar a criança para o sacramento da crisma. Aparecem as festas de Nossa Senhora, cada uma trazendo o colorido de um fato de sua vida. Passam as festas dos apóstolos – dos chefes da Igreja – favorecendo lições de amor ao sucessor dos apóstolos, ao Papa, em Roma.
Quanta oportunidade para uma mãe esclarecida ir ensinando e formando a alma do filhinho ou do filho já crescido e irriquieto! Quanta razão para dele exigir sacrifícios, pureza e fé!
Os quadros dos santos, as cenas dos Livros Santos são verdadeiros tesouros para a cristã que quer formar um cristão. A criança aprecia tanto as figuras; quer saber de todas as minúcias do quadro e deve receber resposta.
As três chamas do Lar – Pe. Geraldo Pires de Souza