MODÉSTIA NO VESTUÁRIO: OS PENSAMENTOS DE LÚCIA DE FÁTIMA SOBRE MODA

Traduzido e adaptado por Andrea Patrícia*

 Serão introduzidas certas modas que ofenderão muito Nosso Senhor.” (Beata Jacinta de Fátima, 1917)

Por que Deus vestiu Adão e Eva?

Quem dera as roupas que as pessoas usam em nossos dias tivessem um toque de modéstia, o respeito pela dignidade humana, exibido por aqueles usados pelas mulheres da aldeia naqueles dias! Será bom para nos lembrar aqui que a Sagrada Escritura tem a dizer sobre este assunto: “O Senhor Deus fez para Adão e sua mulher umas vestes de peles, e os vestiu.” (Gên. 3,21)

Por que Deus vestiu os dois primeiros seres humanos se, antes disso, eles estavam nus? A própria Escritura nos dá a resposta:

“Deu-lhe este preceito: “Podes comer do fruto de todas as árvores do jardim; mas não comas do fruto da árvore da ciência do bem e do mal; porque no dia em que dele comeres, morrerás indubitavelmente.” (…) A mulher, vendo que o fruto da árvore era bom para comer, de agradável aspecto e mui apropriado para abrir a inteligência, tomou dele, comeu, e o apresentou também ao seu marido, que comeu igualmente. Então os seus olhos abriram-se; e, vendo que estavam nus, tomaram folhas de figueira, ligaram-nas e fizeram cinturas para si.”

Despidos da graça

“O Senhor Deus fez para Adão e sua mulher umas vestes de peles, e os vestiu”. Este texto sagrado nos mostra que Deus cobriu os corpos que se despiram, através do pecado, do vestuário da graça. Por esta razão, todos temos de nos vestir decentemente, modestamente e com dignidade. Aqueles que aparecem vestidos indecentemente são um incentivo ao pecado, e por isso são responsáveis não só por seus próprios pecados, mas também por aqueles que outros podem cometer por causa deles. Refletir esta moda, se é indecente – e vemos que o mundo, infelizmente, segue esta moda como se fosse lei – é um truque do demônio, uma armadilha inteligente com a qual o diabo capturas almas, da mesma forma como caçadores colocam armadilhas nos bosques e campos.

Deus não nos deu a roupa como um adorno para alimentar nossa vaidade humana e frivolidade. Não! Ele deu-nos como uma proteção contra o pecado, como um sinal de penitência pelos pecados cometidos, e um castigo por estes, assim como para nos lembrar das leis de Deus, que todos nós somos obrigados a obedecer.

Comecemos por analisar o modo como isso é um sinal de castigo e penitência pelo pecado cometido, e uma proteção contra a tentação. O texto sagrado nos diz que, depois que eles pecaram, Adão e Eva tentaram se cobrir com folhas de figueira, mas Deus não achou que isso foi suficiente, porque a Sagrada Escritura nos diz que Ele “fez para Adão e sua mulher umas vestes de peles, e os vestiu” (Gên. 3,21)

Depois segue-se uma descrição da punição e da penitência imposta em razão do pecado: “O Senhor Deus expulsou-o do jardim do Éden, para que ele cultivasse a terra donde tinha sido tirado. (Gên. 3, 23). E isso: “até que voltes à terra de que foste tirado; porque és pó, e pó te hás de tornar.” (Gên. 3, 19). Assim, depois de vesti-los, Deus expulsa-los do jardim, mas só depois de impor a pena do trabalho, dizendo-lhes que deverão cultivar a terra, até que voltem ao pó de onde foram tirados, em outras palavras, até que eles morram.

Os seres humanos trouxeram a sentença de morte em si mesmos por pecarem ao desobedecer o mandamento de Deus, que lhes havia dito: “Mas não comas do fruto da árvore da ciência do bem e do mal; porque no dia em que dele comeres, morrerás indubitavelmente.” (Gên. 2, 17). Sim, seu corpo vai morrer, porque você pecou e transgrediu a lei do teu Deus. Mas pior ainda, sua alma estará perdida para sempre a menos que você se arrependa e faça penitência. Você vai morrer, se você não mudar sua vida, se você não voltar a obedecer a lei do teu Deus.

Observe, entretanto, que não é só por estas duas razões – castigo e a penitência pelos nossos pecados – que Deus nos vestiu; isso serviu também para outros fins. Além de ser uma defesa contra o pecado, o vestuário modesto com o qual devemos nos cobrir é uma marca distintiva que nos diferencia no fluxo de imoralidade e nos capacita a ser, para o mundo, verdadeiras testemunhas de Cristo.

As roupas também servem para nos lembrar das leis de Deus e da nossa obrigação séria em obedecê-las. Deus, de fato, pediu a seu povo para usar, sobre suas roupas, sinais concretos que os fariam lembrar de seus mandamentos sagrados: “Dize aos israelitas que façam para eles e seus descendentes borlas nas extremidades de suas vestes, pondo na borla de cada canto um cordão de púrpura violeta. Fareis essas borlas para que, vendo-as, vos recordeis de todos os mandamentos do Senhor, e os pratiqueis, e não vos deixeis levar pelos apetites de vosso coração e de vossos olhos que vos arrastam à infidelidade.” (Num. 15, 38-39)

Vejamos o que Deus está dizendo aqui: As borlas de suas roupas servirão para lembrá-los dos mandamentos do Senhor, para praticá-los, não para vos deixar levar pelos apetites de vosso coração e de vossos olhos que vos arrastam à infidelidade.

Nossas roupas, então, são feitas para ser uma proteção para os olhos e o coração, de modo que não nos permitamos ser capturados pelas tentações da carne, do diabo e do mundo.

As borlas mencionadas no texto, sem dúvida, visam algum tipo de decoração para a nossa roupa, mas a decoração deve ser de acordo com modéstia, com a dignidade da pessoa humana, com a decência, em suma, com a moral, levando-nos a observar os mandamentos da Lei de Deus.

Finalmente, vamos refletir sobre a expressão que Deus usa: “através das vossas gerações”. Isso nos faz pensar que Deus não estava falando para o bem dos israelitas daquele tempo somente. O que Ele disse a eles diz respeito a nós também, hoje, assim como diz respeito àqueles que virão depois de nós – não na forma externa do sinal escolhido, que, naturalmente, muda, mas no significado e finalidade específica, não devemos perder de vista, se estamos respeitando a ordem das coisas como Deus as criou. Porque a Lei nos vem de Deus e não muda, é imutável como Ele mesmo é imutável.

Irmã Lúcia de Fátima

Original aqui

*Trechos do último livro que Irmã Lúcia de Fátima escreveu e que ela terminou no dia 25 de março de 1997. Seu título é “Apelos da Mensagem de Fátima”.
 
Nota da tradutora:
As passagens da Bíblia foram extraídas da Bíblia Ave Maria.