Lendo as páginas de um romance, a sonhadora armou um palco na imaginação, e dentro dele pôs-se a realizar complicados heroísmos, como esposa dedicada. Nisso a mãezinha, lá de dentro de casa, chamou a filha para ajudá-la. E a “heróica” senhorita levantou-se resmungando, mal humorada, e foi fazer o serviço com rosto de parca.
Um quadrinho singelo, mas frequente na vida das jovens. Amanhã ou depois, a leitora terá de escolher um véu: da virgem, de noiva, de irmã. Cada véu traz uma lista de exigências morais, cita uma ladainha de prendas que o coração, que as mães devem apontar, que o caráter deve lembrar.
Erro seria supor a leitora que tudo isso virá dentro da corbeille de noiva, nos tecidos do hábito religioso, nos fios de véu de virgem… Nada de improviso, senhorita. É uma das piores ilusões da mocidade feminina, esse cálculo errado. Já vimos a primeira vocação da mulher: é o devotamento, mesmo a custo do seu sangue. Foi feita a mulher mais para tornar a outros felizes, do que para ser ela mesma feliz.
Não se preparar para isso é trair a própria missão dada pelo Criador, reclamada pelo coração e por todas as forças vivas do próprio ser.
Ora, quem em casa é uma comodista, uma egoísta por convicção e feição, uma que sempre deixa o serviço para a irmã, etc., que traz o coração vazio de ideais, pobre em generosidade; que anda com as mãos sem as provas da seda de seus agrados e sacrifícios – terá tudo isso amanhã como esposa, como virgem, como religiosa. Árvore sem frutos, com pouca sombra, mera inutilidade sobre o lugar que ocupa. Serás isso?
Audi Filia!, pelo Pe. Geraldo Pires de Souza