NEM MESMO UM SACERDOTE DEGOLADO NA IGREJA POR TERRORISTAS ISLÂMICOS DESPERTA POLÍTICOS E BISPOS DO SONO

Por Riccardo Cascioli, La Nuova Bussola Quotidiana – Tradução: FratresInUnum.com

Como todas as manhãs, uma vez que por razões de idade já não era mais o pároco, padre Jacques Hamel celebrava a missa matutina dos dias de semana, às 9 horas, na “sua” igreja de Saint-Etienne-du-Rouvray, uma paróquia de 20 mil almas da Diocese de Rouen, no coração da Normandia. Com ele, como todas as manhãs, estavam três freiras e dois outros fiéis. Mas ontem alguma coisa não sucedeu exatamente como nas outras manhãs: dois jovens islâmicos armados de facas invadiram a igreja durante a missa e renderam os presentes. Depois obrigaram o sacerdote de 86 anos de idade, Pe. Jacques, a ficar de joelhos.

E enquanto preparavam para cortar sua garganta na frente do altar onde ele estava renovando o sacrifício de Cristo na Cruz, um deles tomou o lugar do padre e se lançou em um sermão em árabe, como testemunhou irmã Danielle, uma das religiosas presentes que conseguiu fugir pouco antes que os criminosos enfiassem a faca na garganta do padre Jacques. “Foi horrível”, disse a irmã Danielle, e juntamente com o sacerdote também um outro fiel foi golpeado e está em estado crítico. A religiosa também disse que os dois terroristas, evidentemente orgulhosos de sua ação, gravaram toda a cena, imagens que definitivamente estão agora nas mãos da polícia que matou os dois, tão logo que eles colocaram suas cabeças para fora da igreja.

Como sempre, quase que por um reflexo, todos os meios de comunicação imediatamente disseram que se tratava de duas pessoas com transtornos mentais, mesmo antes de saberem a identidade, e o engraçado é que eles continuaram a descrevê-los assim, mesmo depois de ter sido conhecido que os dois eram “soldados” do Estado islâmico. Em particular um dos dois, de 19 anos, era um combatente estrangeiro fracassado, porque tinha tentado no ano passado entrar duas vezes na Síria para lutar, mas foi impedido por agentes turcos e enviado de volta para a França. Aqui ele cumpriu um ano ou mais na prisão antes de um juiz conceder-lhe a prisão domiciliar, apesar da opinião contrária do procurador anti-terrorismo de Paris. E eis aí os resultados. Realmente uma boa demonstração de seriedade por parte das instituições francesas – depois da série de ataques que estão golpeando a França por mais de um ano -, dão provas de uma “leviandade” no mínimo desconcertante. Especialmente porque viemos a saber que Saint-Etienne-du-Rouvray é um foco conhecido de extremistas islâmicos, reunidos em torno da mesquita local.

Padre Jacques morreu, assim, por ódio à fé, mas o que aconteceu na diocese de Rouen é um salto claro na qualidade do terrorismo islâmico na Europa: os locais de culto se tornaram um alvo, um cenário que muitas pessoas pensavam que estava relegado apenas ao Oriente Médio. Mas, agora, como muito bem observou uma declaração da Organização Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), o Oriente Médio veio até nós, confirmando uma profecia que não mais de há um ano atrás havia feito o arcebispo de Mosul, Amel Nona, em entrevista ao Corriere della Sera.

É preciso que voltemos a ler aquelas palavras: “Por favor, tentem entender. Os seus princípios liberais e democráticos aqui não valem nada.  É necessário repensar a nossa realidade no Oriente Médio, porque vocês estão acolhendo em seus países um número crescente de muçulmanos. Vocês também estão em risco. Vocês têm que tomar decisões difíceis e arrojadas, com o risco de contradizer seus princípios. Vocês acham que os homens são todos iguais. Mas isso não é verdade. O Islã não diz que todos os homens são iguais. Seus valores não são os valores deles. Se vocês não entenderem isso a tempo, você se tornarão vítimas do inimigo que vocês acolheram em sua casa”.

Palavras claríssmas e pontualmente confirmadas, mas que ainda estão longe de serem compreendidas. Mesmo após o terrível assassinato em Saint-Etienne-du-Rouvray, a maior preocupação dos políticos, clérigos e intelectuais, é repetir platitudes e mentiras, “não é um choque de civilizações”, “terroristas não representam o islã”, “O islã é uma religião de paz”, e assim por diante. E mesmo aqueles que, finalmente, dizem que “estamos em guerra”, inevitavelmente se esquecem de indicar o que seria o inimigo e, possivelmente, como combatê-lo.

Sejamos francos: esta atitude não é surpreendente por parte dos líderes mundiais que há 15 anos repetem de forma irresponsável que a mudança climática é uma ameaça bem maior do que o terrorismo internacional. E eles continuam a fazer conferências sobre o clima, enquanto as bombas explodem sob os seus assentos. Não só isso. Como há anos sua preocupação fundamental é promover os direitos dos homossexuais e o casamento gay, como eles poderiam lidar com uma trivialidade como os milhares e milhares de muçulmanos – cidadãos e imigrantes que são – que não esperam outra coisa senão o dia de submetê-los todos à sharia ? Pensemos apenas na nossa casa e comparemos a energia e os recursos investidos pelo governo Renzi para aprovar a lei sobre uniões civis com aquelas dedicadas à segurança e ao combate do extremismo islâmico: alguém se lembra de um único ato significativo do governo para colocar sob controle a ameaça terrorista?

E não é que do ponto de vista da Igreja as coisas estejam muito melhores: o “eclesiasticamente correto” não quer que se fale mais de islâmicos quando se refere a terroristas islâmicos, que o Islã sempre foi definido como uma religião de paz, que não se deve discriminar o fato da imigração (antes, que mostremos como devemos acolher os muçulmanos, como devemos fazer uma bela figura). E quando ocorrem fatos como o de ontem, eis que se fala genericamente de ódio e violência no mundo, aos quais não devemos ceder.

Ninguém quer vingança nem responder com ódio àqueles que nos odeiam, e, como disse o arcebispo de Rouen, devemos responder primeiro com a oração. Naturalmente que a oração é a coisa mais importante: rezar pela alma do padre Jacques, pelos feridos (física e espiritualmente) na igreja de Saint-Etienne-du-Rouvray, rezar pela conversão dos muçulmanos, de todos os muçulmanos e não só terroristas, e também rezar pela paz no mundo. Mas não é verdade que a única coisa que podemos fazer é rezar, se com isso pretendemos nos fechar na igreja imaginando que Deus deve fazer sozinho aquilo que nos foi confiado como um dever, como se fosse uma magia. Assim se deixa o campo aberto à barbárie. A oração não é um espiritualismo abstrato; pelo contrário, é uma compreensão mais verdadeira da realidade, e deveria dar-nos a capacidade de compreender todos os fatores envolvidos e a coragem de afirmar e buscar a verdade.

Se o islã nos coloca claramente um desafio, o verdadeiro problema que hoje temos à frente é a nossa civilização, já em estado agonizante e incapaz de dar razão da sua identidade na frente do inimigo que a assalta. O problema real é também uma Igreja que agora está mais preocupada em se ajustar às coisas do mundo do que anunciar Cristo como esperança e destino de cada homem. A grande lição de João Paulo II sobre a identidade da Europa está agora arquivada, bem como o discurso magistral de Bento XVI em Regensburg sobre o desafio que une o Ocidente e o Islã; para não falar dos critérios sobre a  imigração sugeridos há 15 anos pelo então Arcebispo de Bolonha Giacomo Biffi, que – se tivesse sido levado a sério – nos teria poupado de muitos problemas dos quais hoje nós provamos apenas como um aperitivo. Tudo ignorado e esquecido.

Agora estão na moda bispos e formadores de opinião do “diálogo” e do “acolhimento” sem mais e nem porquê, que acham que podem enfrentar problemas complexos com slogans e frases de efeito. Obviamente cortejando radicais islâmicos e achando que esses são superiores até mesmo para os padrões justos do direito internacional, que distinguem claramente entre o direito à imigração e o direito à invasão. Infelizmente, para estes o sangue do padre Jacques não será suficiente para acordá-los.