O CEGO À BEIRA DA ESTRADA

Eustache_Le_Sueur_003Jesus, acompanhado de seus discípulos, após longa caminhada, estava para entrar na cidade de Jericó.

À beira da estrada, não muito longe das habilitações,estava um cego sentado, pedindo esmola. Aquela estrada, uma das mais frequentadas pelos peregrinos, era, certamente, um ponto bem escolhido pelo cego para estender a mão aos transeuntes.

Naquela hora, porém, a esmola que ia receber não era apenas grande, era maior que podia desejar em sua vida.

Ouvindo o tropel de gente que passava, perguntou:

– Que movimento é esse? Quem é que está passando?

– É Jesus de Nazaré, disseram-lhe.

Jesus. Aquele nome não lhe era desconhecido; pelo contrário. Já ouvira falar de muitos milagres operados por ele.

Sabe que Jesus, sempre caridoso e bom, restituirá a luz dos olhos a diversos outros cegos como ele.

Quem sabe se não teria chegado, também a ele, a hora da graça, o momento da cura?

Cheio de esperança, põe-se a clamar:

– Jesus, Filho de David, tem piedade de mim!

Era como se dissesse: Senhor, tu és o Messias prometido; tu és o Filho de Deus feito homem; tu podes curar-me, restituindo-me a vista.
Interiormente, êste cego enxergava muito mais do que os pobres judeus obcecado. Manifesta uma fé viva, uma confiança firme, um grande desassombro.
Apesar de o repreenderem os que vinham à frente, mandando que ele se calasse, suspeitando que quisesse pedir alguma esmola a Jesus, nem por isso deixa de repetir:

– Jesus, Jesus, tem piedade de mim que sou um pobre cego.
Nosso Senhor, quando mais perto, ouve aquela voz lastimosa, para no meio da estrada e diz aos que estão junto ao cego:

– Tomai-o pela mão; trazei-o aqui. Eu quero vê-lo de perto, quero falar-lhe.
Conduziram-lhe o cego e Jesus, embora conhecesse perfeitamente qual o pedido daquele infeliz, para que o mesmo fizesse uma profissão de fé no poder de Deus, perguntou-lhe:

– Que queres que eu te faça? Que é que pedes?

– Senhor, faze que eu veja, pois é tão triste ser cego. Não enxergo, não vejo nada deste mundo; Senhor, faze que eu veja!

E Jesus, diante da fé viva do cego, usa de seu poder e de sua bondade, dizendo simplesmente:

– Vê! A tua fé te salvou.

E no mesmo instante o homem abriu os olhos e admirado, comovido até às lágrimas, começou a ver. E, em vez de correr para casa, a contar aos seus a graça que recebera, permanece ao lado de Jesus e o vai seguindo, agradecendo a Deus e bendizendo o seu Benfeitor.

Foi, então, que também todo povo, que presenciou o milagre, pôs-se a louvar a Deus.

Tesouro de Exemplos – Pe. Francisco Alves