Enquanto o Padre Horovitz lança um ataque cibernético contra a Fraternidade na França, alguns sapientes conservadores fazem o mesmo no Brasil…
Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est
Pelo Pe. Jean-Michel Gleize
1. Hoje em dia, está na moda o que é conveniente chamar de “Youtuber”. Esse neologismo designa todos aqueles que se expressam na Internet através de vídeos, meio audiovisual que gera uma boa remuneração.
2. Uma benção, desde que ela não aconteça em detrimento daqueles que se esforçam para iluminar as mentes de acordo com a sã doutrina católica. Eis porque não podemos deixar de lamentar o tipo de ataques têm como alvo, nada melhor, a FSSPX e suas “posições”, em tempos de Traditionis custodese Fiducia supplicans. Um dos últimos veio do Padre Olivier Horovitz, sacerdote católico da paróquia parisiense de Saint-Pierre de Chaillot, que publica regularmente suas opiniões em seu canal no YouTube. Visivelmente, o bom Padre se esforça para motivar o seu rebanho, tanto em termos de dogma como de moral, com o Evangelho em mãos. Não tem medo de falar do inferno eterno (ao qual conduz o pecado da luxúria) e enaltece os méritos de Santo Tomás de Aquino, doutor comum da Igreja. Ele passa muito tempo tentando demonstrar a inanidade da tese sedevacantista.
3. Louvado seja Deus por seus esforços apostólicos.
4. Todavia, será que devemos nos deixar desestabilizarmos pelos seus recentes comentários, que atacam nominalmente a Fraternidade São Pio X e o site “La Porte Latine“? Em causa está a recusa da nova missa de Paulo VI: Padre Horovitz vê nesta recusa um indício de sedevacantismo velado. O vídeo tem duração de 9:37 minutos. Ele dá uma ideia da pobreza do tipo de argumentação que costumamos ouvir na Internet.
5. Até o 4º minuto, o Padre tagarela e faz rodeios sem chegar ao cerne da questão.
6. Depois, durante 5 minutos, limita-se a repetir a afirmação publicada no site La Porte Latine, e que serve de título ao nosso argumento: “62 razões para não assistir à missa de Paulo VI“. Ele a resgata para lhe dar a dimensão de uma afirmação escandalosa, da qual ele acusa o choque, e cujo choque ele utiliza como réplica: assim como é chocante, é forçosamente exagerada e falsa. Ponto final! O Padre Horovitz não examina nenhum destes 62 argumentos, que nem sequer ele cita. No fundo, o seu argumento consiste em dizer que, se se rejeita a missa de Paulo VI, há, a priori, uma prova de sedevacantismo, quaisquer que sejam os argumentos que sustentem esta conclusão.
7. Não há nada sério aqui:
– nem na forma, que assume a aparência de manipulação emocional e retórica.
– nem na substância, uma vez que o nosso orador nega resolutamente qualquer problema e se recusa a considerar a posição e os argumentos do seu oponente – que é o que Santo Tomás sempre começa por fazer. Pretende refutar o que não conhece! Apela simplesmente à obediência cega. Os seus comentários não fazem qualquer distinção, não respondem aos argumentos da Fraternidade, não fazem qualquer inventário da situação (nem que seja, por exemplo, os frutos desta nova missa, que esvaziou as igrejas).
8. O Padre Horovitz reitera constantemente uma fusão simplista: se nos recusamos a assistir à missa de Paulo VI, é porque a consideramos inválida. Mas a ligação entre recusa e invalidade é desnecessária. Todos nós – católicos que somos – recusaríamos assistir a uma missa negra satânica, mesmo que, celebrada por um padre verdadeiro, essa missa sacrílega fosse (infelizmente) válida. Também nos recusamos a assistir a missas celebradas por cismáticos ortodoxos, mesmo que sejam válidas.
9. Outro argumento igualmente simplista: as palavras da consagração são as mesmas na missa de Paulo VI e na Missa de São Pio V e, portanto, as duas Missas são equivalentes. Este tipo de resposta é falso, porque o que está em questão é precisamente um rito, ou seja, um conjunto de palavras e gestos que devem complementar-se mutuamente para manter o seu significado. É por isso que as palavras de consagração do missal de Paulo VI sem o ofertório da Missa de São Pio V não são exatamente as mesmas, do ponto de vista do seu significado preciso, como na Missa de São Pio V. Isto coloca, no entanto, um problema, mesmo que não se chegue a uma conclusão de invalidade de princípio.
10. O Padre Horovitz parte do sofisma do “tudo ou nada” para criticar a Fraternidade por não se autodenominar sedevacantista quando ela recusa o Vaticano II e a missa de Paulo VI. Não é lógico, disse ele, professar uma tal rejeição e, ao mesmo tempo, dizer que o Papa é efetivamente Papa. Pode não ser a lógica pura de uma mente abstrata, mas é a lógica sobrenatural da prudência que nos é exigida por uma situação excecional: por um lado, a necessidade de a Igreja reconhecer uma cabeça visível, o Bispo de Roma; por outro, o fato comprovado da traição dos homens da Igreja que negam a Tradição. Se tivéssemos de ser lógicos até o fim, não deveria Santo Atanásio ter proclamado a deposição do Papa Liberio?
11. O Padre Horovitz termina as suas observações invocando um argumento muito emotivo: como se recusar a celebrar a missa de Paulo VI, quando essa celebração pode salvar 10 pessoas de irem para o Inferno? Qual é a resposta a esta petição de princípio? Se a Missa de Paulo VI é boa e santificante, certamente será salutar celebrá-la. Se não for, então 11 pessoas irão para o Inferno. Seria, portanto, oportuno evitar dúvidas e reservar sua conduta.
12. Um ponto positivo: o Padre ostenta lindos bigodes à moda de antigamente e, sobre a batina (ou clergyman), um “casaco da classe real” que lhe valeu as felicitações dos seus assinantes.