Fonte: FSSPX EUA – Tradução: Dominus Est
Circula na Cúria Romana um dossiê de sete páginas em que prelados do Vaticano expressam profunda insatisfação com o motu proprio mais recente de Francisco sobre a nulidade.
O jornal alemão Die Zeit alega ter obtido uma cópia do dossiê.
Edward Pentin do National Catholic Register, respeitado jornalista vaticanista e autor de The Rigging of the Vatican Synod? Observa em reportagem recente: “os curiais ‘dissecaram’ juridicamente o motu proprio em que o papa trata da reforma do processo de nulidade e acusaram-no de ter abandonado um importante dogma, além de afirmarem que ele introduziu o ‘divórcio católico’ de facto”.
Os curiais também demonstraram outras preocupações:
– “apesar da gravidade do assunto, nenhum dicastério, incluindo a Congregação para a Doutrina da Fé e as conferências dos bispos, foi consultado antes de a decisão ser tomada”;
– “A maneira pela qual Francisco lançou o documento vai contra os pedidos dele mesmo por sinodalidade e colegialidade, e traz à memória um Fuhrerprinzip eclesial que delega ordens de cima para baixo, por decreto, sem qualquer consulta ou análise”;
– Acusações de que tudo se “desenvolveu de maneira perturbante” e que Francisco “ludibriou” o processo regulatório pelo qual tem de se passar quando se quer mudar a legislação da Igreja universal. O dossiê alega que a comissão papal convocada para escrever o motu proprio recebeu ordens para manter-se em silêncio sobre o assunto por medo de que outros na cúria, incluindo a Congregação para a Doutrina da Fé, tentassem impedir a publicação do decreto ou, pelo menos, insistissem em mudanças significativas que manteriam o processo mais próximo da sua versão tradicional.
– O medo de que a suavização no processo venha a “trazer uma enxurrada de anulações” que facilitarão para os católicos saírem dos seus casamentos sem maiores problemas.
– As mudanças controversas no processo de anulação, que estavam agendadas para discussão no Sínodo (conforme as seções 114 e 115 do documento Instrumentum Laboris) foram transformadas em “legislação” por Francisco antes do evento, impedindo assim quaisquer objeções dos bispos conservadores que se opõem ao novo processo.
Pentin escreve:
Embora a necessidade de simplificar os processos de nulidade tenham obtido um consenso de dois terços no sínodo do ano passado, o relatório também mostra que os padres sinodais protestaram em alto e bom som contra a ideia de um processo acelerado de determinação da nulidade de um casamento sob a supervisão do bispo local. Agora é lei da Igreja, mesmo antes que o sínodo possa discutir isso.
De acordo com Pentin, o relatório afirma que “Um número de monsenhores que estão oficialmente incumbidos de direcionar os assuntos eclesiais estão fora de si”. Esses curiais “estão também preocupados com a vagueza do motu proprio, especialmente no que diz respeito às razões para um julgamento mais rápido, tais como a ‘falta de fé’ ou outros motivos que não estão claramente definidos”.
O acesso dos católicos à Eucaristia continua na pauta sinodal para discussão. O próprio Kasper confirmou em entrevista recente que a discussão provavelmente acontecerá. Não é de se surpreender, dado que essa proposta está nas seções 122 e 123 do documento sinodal.
Conclusão da SSPX.org:
A preparação do Sínodo mostrou mais claramente as incríveis consequências morais do abandono da doutrina revelada da Santa Madre Igreja. São Paulo nos avisou: ad fabulas convertentur (2Tim 4,4). O próximo Sínodo da Família em outubro pode ser conhecido futuramente como o sínodo que destruiu as famílias.
Para todos nós, orações e sacrifícios são as primeiras respostas necessárias diante dos escândalos no seio da Igreja, especialmente quando eles vêm das mais altas autoridades. Perguntemo-nos: o que diremos ao Senhor quando no dia do nosso julgamento ele nos perguntar como nos preparamos para o Sínodo?