RELIGIÃO? QUE TENHO EU COM ISSO?

Resultado de imagem para indiferenteEntre pessoas cultas, raramente se encontram homens francamente irreligiosos, ateus e ímpios. Ateísmo grosseiro “não fica bem”, não convém à “boa sociedade”. Infelizmente, com maior frequência encontram-se homens que, se não negam a religião, também não a praticam: os indiferentes.

No terceiro canto da “Divina Comédia”, Dante pinta em cores horripilantes, um quadro assustador da multidão desses indiferentes, condenados ao inferno. Sem sossego nem descanso, entre gemidos aflitivos, vagueiam angustiadas as almas que em vida não eram nem boas nem ruins.

Unidos estavam à covarde legião

Dos anjos caldos

Que fiéis não foram, revoltados também não.

Infortunadamente, não só entre os adultos mas também entre os jovens, defrontamos o miserando tipo que por tudo se interessa, menos pela religião. Eu mesmo os conheço. São rapazes bons, amáveis, obsequiosos, mas na alma lhes vejo o roedor verme do indiferentismo religioso, e com receios olho o seu futuro. Para tudo mostram interesse, leem muito, são esforçados esportistas, dançam bem, sua companhia é agradável; e, apesar disso, estou apreensivo por seu porvir, pois são insensíveis e surdos à grande, à máxima questão: a religião.

Por que são assim? E como chegaram a esse estado?

É difícil dar resposta acertada e cabal. Este leu talvez, sem método e sem critério, toda a sorte de livros de filosofia e ciências, e as teorias filosóficas para ele indigestas, ou certos princípios não bem assimilados das ciências naturais, tê-lo-ão desencaminhado.

Aquele outro assustou-se, quem sabe, com a excentricidade de um amigo tido como “religioso” e não quer ser “assim”.

A maior parte porém só pode apresentar o motivo, muito triste aliás, que encontra o indiferentismo religioso tanto na família, como em qualquer meio social. Infelizmente é a plena verdade! O homem moderno corre atrás de tudo, cuida de tudo mas foge com covarde timidez da questão mais importante e decisiva — a questão da fé. “Que me importa isso?” — e encolhe os ombros.

Mas agora, meu amigo, vais responder-me: Que há de mais importante e decisivo do que dar solução cabal à questão da fé? Não é dela que depende toda a existência, a orientação e finalidade da vida? Como decorrerão essencialmente diferentes as vidas de dois homens: um que não espera nada além-túmulo, o materialista; e outro que acredita na continuação perfeita e eterna da vida terrena, depois de uma morte feliz!

Quanto mais depressa e seriamente te ocupares desse magno assunto, tanto mais fácil será o problema de tua mocidade.

— Embora me aplique com o máximo esforço, embora desenvolva o mais perfeitamente possível meus dotes espirituais, se não tiver religião, minha sorte será: obra inacabada, pássaro sem asas, vida sem sentido, um dínamo a que falta corrente elétrica!

Que será minha ciência, meu invejável caráter, se me faltar Deus? Bela moldura sem imagem. De que serve a mais forte lâmpada; se não estiver no circuito da força elétrica? — Quanto vale uma esplêndida carreira, uma vida que parece brilhantíssima, se não estiver ligada a Deus, o centro vital das almas por ele criadas? — “Terra sem sol, noite sem estrelas, corpo sem vida, viajor sem destino, homem sem pátria, criança órfã, coração sem felicidade: eis o que é a alma sem Deus…”

Religião e Juventude – Mons. TihamerToth