O abandono de um costume antigo (o de usar um véu ou uma mantilha) favorece uma liberdade dificilmente conciliável com a verdadeira piedade.
Fonte: L’acampado n°211 – Tradução: Dominus Est
Mulheres e meninas devem usar véu na igreja, e é bom que as mães habituem as filhas a essa disciplina, porque ela favorece o recolhimento individual e geral.
É tão evidente que as freiras usam véus permanentemente.
O cabelo bonito de uma mulher certamente não é pecado, mas em uma igreja devemos favorecer tudo o que promova humildade, o recolhimento e o respeito ao que sempre foi recomendado pela Igreja.
Desde o início do cristianismo, o apóstolo São Paulo, que, no entanto, tinha o sentido das coisas de Deus, pedia que as mulheres cobrissem a cabeça.
Certamente, uma mulher que procura chamar a atenção não cobre a cabeça.
Seria errado, é claro, concluir precipitadamente que todas as mulheres que não usam o véu na igreja estão tentando atrair a atenção.
As mulheres que não estão acostumadas a usar véu certamente terão muita dificuldade em fazê-lo. Elas encontrarão muitos bons motivos para recusar esse constrangimento.
Não é de se admirar que a vida cristã também seja feita de bons hábitos, e os maus sejam um verdadeiro obstáculo ao progresso espiritual.
Não se pode negar que o uso do véu é um desejo muito antigo e constante da Igreja.
Esse desejo da Igreja não é, portanto, uma questão de moda. Ter a cabeça coberta é algo a que devemos nos submeter. Portanto, é mais uma questão de vontade do que de inteligência. É por isso que, sobre este assunto, devemos banir as perguntas e as objecções, e fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para praticar o que nos é pedido, mesmo que um pouco de reflexão seja suficiente para convencer os mais obstinados.
Não devemos ser cúmplices das consequências do espírito conciliar que, mesmo no nosso país, conduziu a um certo desprezo sistemático e quase epidérmico por tudo o que recorda a Tradição.
As mentalidades mudaram e, infelizmente, até as nossas são influenciadas por isso.
O Papa João XXIII, ao abrir as janelas para o mundo para deixar entrar um pouco de ar fresco e novo na Igreja, fez com que muitas coisas voassem para longe, entre elas, os véus e todas as regras clássicas de modéstia.
“Eu vos louvo porque em tudo vos lembrais de mim e guardais os meus preceitos, como vo-los ensinei. Porém quero que saibais que Cristo e a cabeça de todo o homem, e o homem a cabeça da mulher, e Deus a cabeça de Cristo (como homem).
Todo o homem que faz oração ou que profetiza com a cabeça coberta, desonra a sua cabeça.”
Pelo contrário, toda a mulher, que faz oração ou que profetiza, não tendo coberta a cabeça, desonra a sua cabeça, porque é como se estivesse rapada.
Portanto, se a mulher se não cobre, corte o cabelo. E, se e vergonhoso para a mulher cortar ou rapar o cabelo, cubra a sua cabeça.” (I Cor., 11, 2–6)
Aqui, São Paulo pede às mulheres cristãs que cubram suas cabeças durante o culto divino.
Ele apresenta duas razões para seu decreto, uma teológica e outra moral.
Razão teológica
A verdadeira glória e honra de todo ser é manter o lugar que Deus lhe designou.
Ora, o próprio Deus estabeleceu uma diferença entre os sexos. Devemos, portanto, manifestar essa diferenciação em todos os momentos da nossa vida, particularmente nos nossos atos religiosos públicos dirigidos a Ele.
O homem foi criado primeiro. A mulher foi criada dependente do homem. Cobrir a cabeça era o sinal que evidenciava essa dependência.
Em primeiro lugar, tanto homens quanto mulheres foram criados por Deus e para Deus.
Suas respectivas almas imortais são igualmente preciosas para Ele. Mas secundariamente, as mulheres foram criadas como companheiras do homem, ou seja, a mulher foi criada para o homem e não o homem para a mulher.
A razão moral
A razão moral pela qual as mulheres cristãs devem cobrir a cabeça durante o culto divino tem algo a ver com modéstia.
Nas comunidades cristãs, S. Paulo tinha encontrado mulheres um tanto frívolas que iam ao templo com a cabeça descoberta. Elas não escondiam sua beleza, determinadas a expor seus atributos, seus atrativos.
São Paulo não aceitava tal coisa, muito menos no templo cristão. Então ele escreve
“Por isso a mulher deve trazer sobre a cabeça um sinal de submissão, por causa dos anjos.” (I Cor 11, 10)
São Paulo refere-se ao véu e menciona os anjos, aqueles espíritos puros, para inculcar o fato de que somente considerações espirituais devem prevalecer em nosso culto a Deus e nenhuma vaidade sensual.
O cabelo de uma mulher pode se tornar um objeto de vaidade, já que é uma de suas glórias físicas mais óbvias e ostentosas, e ela sabe disso.
É também por isso que ela cuida bem do cabelo e o usa com elegância.
Na igreja, portanto, ela deve humildemente esconder e velar a glória que é sua, enquanto está na presença do Altíssimo, que nos observa do tabernáculo.
Cada um de nós deve ir ao templo concentrando sua atenção em Deus, de modo a não causar distrações ao próximo, roubando assim a atenção devida a Deus.
Por que essa atenção a Nosso Senhor? Para elevar nossas almas a Ele, para adorá-Lo, para dar-Lhe toda a glória possível.
Foi o Papa São Lino, sucessor de São Pedro, que decretou que as mulheres sempre tivessem a cabeça coberta na igreja.
O Cânon 1262, § 2 diz:
“Os homens, na igreja, ou fora dela (como no caso de procissões públicas na rua), quando assistem as funções sagradas, terão a cabeça descoberta (…) quanto às mulheres, a cabeça coberta.”
O que São Paulo pede?
O que São Lino estabeleceu?
O que São Pio X codificou?
O que prescreve o Direito Canônico?
O que a prática secular da Igreja canoniza?
Que as mulheres, independentemente da idade e condição, devem ter a cabeça coberta na igreja.
Fiéis filhas da Igreja Católica, boas mulheres cristãs, ao longo dos séculos, sempre obedeceram a esta humilde prática, que certamente as elevou.
Então, por que eles abandonaram esse costume de cobrir a cabeça nas últimas décadas?
Foi somente o modernismo demolidor que atacou a Igreja com suas múltiplas facetas subversivas que gradualmente alterou essa tradição sagrada.
Quanto a nós, devemos manter as tradições da Igreja Romana, não apenas a Missa tradicional, mas também a fé tradicional e todas as práticas e disposições tradicionais.
É por isso que a Fraternidade Sacerdotal São Pio X foi fundada e é por isso que nós, padres, estamos aqui para cuidar das almas.
Se nós, sacerdotes, encarregados de zelar pelos direitos de Deus e da Igreja, não declararmos, aconselharmos ou exortarmos, por um lado seremos julgados mais severamente do que os leigos; por outro lado, se não cumprirmos com nossos deveres para com os fiéis, não os ajudaremos a cumprir seus deveres para com Nosso Senhor.
Quando pensamos em Madame Elisabeth, cujo último pedido, no cadafalso, foi manter a cabeça coberta para ir até Deus, há muito para aprender.
Pe. Pierre Barrère, FSSPX