Discurso de Sua Santidade o Papa Pio XII aos párocos e pregadores quaresmais de Roma, proferido na Sala do Consistório no sábado, 13 de março de 1943. Depois de discursar longamente a necessidade da oração, ele concluiu com uma tríplice exortação.
Fonte: FSSPX Ásia – Tradução: Dominus Est
1. Se desejais que os fiéis rezem de boa vontade e com devoção, conduza-os pelo exemplo na igreja, rezando perante seus olhos. Um padre, ajoelhado diante do tabernáculo com uma postura digna e profunda reverência, torna-se um modelo de edificação, uma admoestação silenciosa e um convite convincente para que o povo imite sua conduta de oração.
2. Se os fiéis perguntarem como podem aprender, rápida e seguramente, a rezar bem, diga-lhes que a oração encontra seu apoio mais eficaz na abnegação, na penitência e na misericórdia para com os demais. Essa verdade é tão clara quanto o fato de que as boas ações são um alicerce essencial para uma oração digna e poderosa.
3. Por fim, se perguntarem o que esperar atualmente de nossos párocos, responderemos: suas orações e a oferta de seus sacrifícios a Deus. A humanidade está passando, atualmente, por um de seus momentos mais desafiadores e dolorosos. Estamos navegando por um mar tempestuoso, fustigado por ventos contrários. A Igreja, nascida para a humanidade, permanecerá com a humanidade até o fim, mas sempre terá consigo seu divino Fundador, como Ele prometeu: “Eis que estou convosco todos os dias, até a consumação do mundo” (Mt 28, 20). Nesse oceano, o navio da Igreja avança entre as nações em direção ao porto da eternidade, com seus Apóstolos, sua Cabeça, sua doutrina, seus Sacramentos e sua ação pacífica, cercada pelas ondas, tempestades e calamidades, durante as quais Cristo, Salvador, misteriosamente dorme. O que a Igreja faz, o que os apóstolos fazem em meio ao terror do temido naufrágio? Eles se aproximam de Cristo e O despertam com seu grito e invocação: “Mestre, estamos perecendo” (Lc 8, 24). Essa é a oração e a segurança da Igreja, que sabe que “as portas do inferno não prevalecerão” (Mt 16, 18). A oração, portanto, é a arma mais forte e invencível contra todos os perigos e assaltos do mundo, pois mesmo que Cristo pareça dormir, Seu coração sempre vigia com amor, com fidelidade, com onipotência, e Ele sabe como se levantar e comandar os ventos e tempestades no momento ordenado por Seu conselho divino, em conjunto com nossa invocação. Não tenhamos medo, mas oremos. Clamemos também ao Salvador: “Levanta-te; por que dormes, Senhor? Levanta-te, e não nos rejeites até o fim. Levanta-te, Senhor, ajuda-nos!” (Salmo 43, 24, 27). Unamos à nossa oração os inúmeros sacrifícios desta hora dolorosa e solene, as lágrimas, os sofrimentos, as mortes que afligem a humanidade. Nossa oração será infundida com nossas lágrimas e, com sua súplica sincera, moverá o coração compassivo de Cristo, que, em Seu sono aparente, vela por sua Igreja, por nós, pelo mundo. Como poderia a Igreja falhar em sua missão, que, em tais circunstâncias, sempre foi implorar a graça de Deus e sua misericórdia por meio da oração e da penitência, em união com o Sacrifício Eucarístico do Deus-Homem?