Aos 14 ou 16 anos, o sistema nervoso dum jovem assemelha-se a fios carregados de eletricidade, e seu sangue é como lava ardente. Nada mais difícil, pois, do que fazer-lhe compreender a sublime beleza da posse e do domínio de si.
“Como? dir-me-ás. Se um camarada me empurra para fazer-me cair, não lhe hei de dar um murro violento? Se alguém me provoca, não lhe hei de aplicar uma bofetada magistral? Se um amigo zomba de mim, não lhe hei de responder na altura? … Já é terrivelmente difícil. Mas, além disso, aceitar que essa abstenção, longe de ser covardia, seja a mais bela flor da vontade humana, é quase impossível!”.
E, no entanto, nada mais verdadeiro. Exprime-o a célebre palavras de Goethe:
É senhor quem souber se conter. Só a lei nos dará livre ser.
O domínio de si não é nem silêncio indeciso nem resignação passiva; é a manifestação duma vonatde disciplinada, sempre senhora da situação e que sabe sempre medir antecipadamente o peso da palavra que vai pronunciar.
O domínio de si desagrada aos jovens, só porque eles dão sentido errôneo a essa expressão. Domínio de si não justifica, de modo algum, que se devam aturar todas as afrontas com a paciência dum carneiro e aguentar todas as injúrias sem dizer palavra. Um homem de vonatde é perfeitamente livre para responder aos ultrajes que lhe fazem; somente, evita abaixar-se ao nível moral do seu adversário, entregando-se a violentas altercações e trocando socos. Pelo seu proceder invariavelmente digno e pelas suas palavras refletidas, ele fere o rival no ponto mais sensível. Ao contrário, se alguém não sabe dominar-se, é como se não soubesse andar, cambaleia, e vai de encontro às pessoas, a cada momento.
O mais belo exemplo do domínio de si foi-nos dado por Nosso Senhor Jesus Cristo quando, no decurso da Sua Paixão, um soldado o esbofeteou. Ele poderia ter punido esse sacrilégio com a morte, não é verdade? Mas que fez? Respondeu ao seu ofensor com uma calma imperturbável: “Se falei mal, mostra-me em quê; se não, por que me feres?”
O moço de caráter – Mons. Tihamer Toth