Moisés e a sarça ardente. Sébastien Bourdon, c. 1642-45.
Fonte: Boletim Permanencia
Às vésperas do Sínodo, o Papa Francisco vem externando sua angústia com a devastação da Amazônia, real ou suposta. “Problema mundial”, disse. Para debelá-lo, conclama para a “conversão ecológica” a fim de salvar o “pulmão vital” do mundo, nossa “casa comum”.
Quanto a nós, conclamamos Sua Santidade a voltar os olhos para outro incêndio, bem mais angustiante, que há meio século queima a única Videira mais vital que todas as florestas, e devasta a casa comum dos filhos de Deus, que é a Santa Igreja.
Bem sabemos, pela Fé, que essa Videira arderá sem se consumir. É a nova sarça ardente. Na fúria do incêndio conciliar, os olhos da nossa Fé hão de enxergar a mão de Deus, como Moisés viu na chama da sarça a presença do Senhor. Num impulso, talvez, cobriremos o rosto como ele cobriu, não ousando olhar para a ira de Deus por detrás da chama. Mas é Ele que permite o fogo devorador. É Ele que preserva a Videira. E sempre preservará: Non praevalebunt.
As labaredas não destroem a Videira, isto é certo. Mas quanto estrago fazem, quantos ramos secam! Na sua profundeza interior ainda corre, discreta mas eficaz, a seiva da graça. Mas é pura devastação o casco, o tronco, os ramos, tudo o que a vista alcança. Eis o verdadeiro problema mundial.
Essa chama nefasta, só há um homem na terra com o poder de debelar. Só um, capaz de dissipar a fumaça de Satanás que sufoca a vida sobrenatural, que envolve as almas na treva mais espessa. Só um Vigário pode reanimar o verdadeiro pulmão espiritual do mundo, e oxigenar as almas desacordadas com o sopro vivificante da sã doutrina e da lei natural ― a Lei Natural promulgada na pedra, no alto do Monte Horebe, o monte da sarça ardente.
Mas para isso, é preciso que também esse homem seja pedra. Não fumaça, mas pedra. Como as pedras da Lei, que hoje um confuso Pedro despedaça, depois de ter renegado três vezes a pedra da Fé, em Assis, para abraçar a fumaça ecumênica. Seguindo o exemplo do Divino Sacerdote, rezemos por sua conversão. Não a conversão ecológica, mas esta: “Roguei por ti, para que tua Fé não desfaleça; e tu, Pedro, uma vez convertido, confirma os teus irmãos”.
A oração já está feita, e é infalível. A nós, cumpre nos associarmos ao mesmo pedido, na confiança de que, um dia, no dia da Providência, Pedro chorará amargamente os seus dias de incendiário.
Sim, Pedro, volta à Fé, apaga o incêndio. Esquece a floresta, socorre a Videira. Confirma-nos, a nós, teus irmãos, teus filhos. Sobe o Horebe, vê as tábuas, tábuas de pedra. Pedro, vê as pedras!
Passarão o céu e a terra, Amazônia incluída. Mas essas palavras não passarão. Não passará a Santa Igreja. Estejamos seguros: hoje ou amanhã, Pedro há de ver a pedra, há de apagar o incêndio, salvar a Casa, reanimar o pulmão vital das almas.
Apesar do Sínodo.