A DEVOÇÃO A MARIA DÁ VALOR

Resultado de imagem para santíssima virgemMuito tempo faz encontrava-se entre os religiosos trapistas de Sept-Fons, na França, um irmão leigo, muito velho e enfermo, que tinha na mão o seu rosário.

Era o irmão Teodoro, o qual outrora fora um soldado valoroso.

Quando em 1812 o exército francês, vencido voltava da Rússia, a coluna de Teodoro, extenuada de cansaço e de fome, encontrou-se em frente de uma bateria russa que barrava o caminho de fugida.

Um verdadeiro desespero se apoderou de todos: oficiais e soldados atiravam suas armas ao solo. Que fazer? Era no rigor do inverno e haviam caminhado longas horas sobre a neve e o gelo. Que fazer? Voltar era impossível. Ir adiante?

Ali estava a poderosa bateria inimiga. Permanecer naquele posto? Era condenar-se a morrer de frio e de inanição.

De repente adianta-se um oficial:

– Venham comigo os valentes!…

Coisa rara nos anais de nossa guerra: nem uma voz respondeu.

Engano-me. Um só homem, um só, o irmão Teodoro, saiu da fila dizendo:

– Irei sozinho, se o Sr. quiser.

Dizendo isto, tira a mochila e o fuzil e ajoelha-se na neve, persigna-se diante de todos e reza uma dezena do rosário com fervor como nunca. Toma novamente o fuzil e, de cabeça baixa, lança-se a passo de carreira, com tanta confiança como se dez mil homens o seguissem.

Estava para alcançar a bateria inimiga, quando os russos, crendo que os franceses queriam apanhá-los pelas costas, enquanto se ocupassem de um só inimigo, abandonaram sua peça e bagagem e fugiram.

Dono do campo, disse nosso herói com admirável naturalidade:

– Eis aí! para sair de apuros, não há coisa melhor do que rezar o rosário.

O oficial entusiasmado corre para ele, tira sua própria Cruz de Honra e pendura-a ao peito do jovem, exclamando com lágrimas nos olhos:

– Valente soldado, tu a mereces mais do que eu!

– Comandante (respondeu Teodoro), não fiz mais do que meu dever.

Cinquenta anos mais tarde, com seu hábito de trapista, quando, no mais rigoroso inverno, passava a maior parte do dia de joelhos rezando o rosário, gostava de repetir:

– Não faço mais do que o meu dever!

Tesouro de Exemplos – Pe. Francisco Alves