A IGREJA CONCILIAR E AS 4 NOTAS

Há 61 anos, foi anunciado o Concílio Vaticano II por São João XXIII -  Pontifício Instituto Superior de Direito Canônico

Fonte: SSPX Great Britain – Tradução: Dominus Est

Meus queridos irmãos,

Última iniciativa da Igreja Conciliar

Em sua mais recente entrevista ao FSSPX.News, nosso Superior Geral explicou o processo sinodal, que é a mais recente iniciativa da Igreja Conciliar destinada a “renovar” a Igreja Católica, mas que, ao invés disso, a vira de cabeça para baixo (veja Ite Missa Est, março-abril 2019) e, efetivamente, a coloca a serviço de uma nova ordem mundial, inimiga de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Não se sabe se o Papa, os cardeais ou os outros reformadores realmente entendem que estão levando o Cordeiro ao matadouro uma segunda vez, mas uma coisa é clara: parece haver um senso de urgência – até mesmo desespero – em seus sucessivos projetos para mudar a Igreja Católica. Talvez haja uma mão invisível que os esteja forçando. Vemos isso na esfera da política nacional onde, em vez de estadistas, vemos fantoches egoístas dançando ao som de outra melodia para impor leis ideológicas malignas para as quais não há demanda pública real. Ou talvez os reformadores possam ver que seu tempo é limitado: os fiéis fugiram, as estruturas estão em colapso, a árvore não tem frutos e está murchando, e eles estão se tornando irrelevantes para o mundo pelo qual sacrificaram tudo para agradar.

As ruínas

As aflições da Igreja prontamente lembram as Lamentações de Jeremias: “Os caminhos de Sião choram, porque não há quem venha às solenidades ; todas as suas portas se acham destruídas ; os seus sacerdotes gemendo ; as suas virgens esquálidas, e ela oprimida de amargura. Os seus adversários assenhorearam-se dela, enriqueceram-se os seus inimigos, porque o Senhor falou contra ela, por causa da multidão das suas iniquidades ; os seus filhinhos foram levados para o cativeiro ante a face dos que os atribulavam.”(Lam 1, 4-5)

A Igreja Católica, como Esposa de Cristo, permanece bela e imaculada, mas como instituição visível, está abandonada e manchada pelo escândalo. Como único meio de salvação fundado por Cristo, ela tem marcas visíveis que a identificam; como a instituição regida pela Igreja Conciliar, essas marcas são obscurecidas.

Definição da Igreja Conciliar

O que é essa Igreja Conciliar que tanto mal faz à Igreja Católica? É uma igreja dentro da Igreja? São duas igrejas separadas?

A Igreja Católica é uma sociedade visível conhecida por suas quatro marcas: una, santa, católica e apostólica. É uma sociedade sobrenatural e é uma sociedade perfeita porque possui todos os meios para o seu fim.
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O termo “Igreja Conciliar” foi lido pela primeira vez por D. Lefebvre em uma carta de 25 de junho de 1976, recebida do Arcebispo Benelli, Secretário de Estado substituto de 1967 a 1977. Não é uma igreja separada ou uma igreja dentro de uma igreja, mas “ um estado de espírito que prevalece dentro da Igreja Católica, mesmo em sua hierarquia, e que, onde quer que prevaleça, impede a plena manifestação das notas da Igreja e obscurece sua origem divina”. (Pe. Jean-Michel Gleize, Courrier de Rome, fevereiro de 2013).

Em outras palavras, a Igreja Conciliar é uma sociedade (com “s” minúsculo) frouxa, de homens com ideias modernistas e que existe dentro da sociedade perfeita que é a Igreja Católica. Essa sociedade modernista assumiu o controle dos procedimentos do Concílio Vaticano II e, em seguida, das alavancas do poder dentro da Igreja — até mesmo do próprio papado. Ele busca “reformar” a Igreja de acordo com linhas naturalistas, liberais e sentimentalistas – e, dessa forma, eclipsou as marcas da Igreja.

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Dentro da Igreja

Alguns podem ser tentados a pensar que os membros da Igreja Conciliar, por serem modernistas, se excluem da Igreja Católica. Manter essa visão seria perigoso por dois motivos:

Primeiro, não se pode determinar que uma alma batizada que opera dentro da Igreja se exclua dela, exceto por um ato formal de heresia, cuja existência deve ser declarada pela autoridade da Igreja. As almas em pecado mortal permanecem membros da Igreja (embora membros mortos); as almas em erro material (hereges materiais) também permanecem membros. Apenas as almas que se apegam pertinazmente à heresia em face da admoestação formal da Igreja podem ser reconhecidas como excluindo-se da Igreja.

Em segundo lugar, a Igreja é hierárquica (de fide) e visível (sententia certa). Deve, portanto, ter uma cabeça visível. Se o Papa não fosse mais membro da Igreja Católica por causa de suas evidentes tendências modernistas, então a Igreja não seria mais visível – e este teria sido o caso nos últimos 60 anos.

Segue-se, portanto, que os membros da Igreja Conciliar permanecem dentro da Igreja, apesar dos estragos que causam. Um colega sacerdote sugeriu a analogia de que a igreja conciliar é como um grupo de oficiais bêbados dentro de um exército. Eles permanecem dentro do exército e mantêm as habilidades, a patente e o poder para operar efetivamente, mas seu atual estado de embriaguez traz desordem e vergonha para a instituição.

O futuro da Igreja Conciliar

Uma casa construída sobre a areia não permanecerá de pé. Tudo o que não é de Deus falhará. Uma árvore má produzirá frutos maus. Toda mentira é descoberta. A Igreja Conciliar está destinada ao fracasso por sua própria natureza. É uma casa construída sobre o sentimento religioso e não sobre a fé; sua revelação está subordinada ao entendimento humano; seus dons não são sobrenaturais. Ela propaga a mentira de Lúcifer de que os homens podem ser como Deuses.

Jesus Cristo é o único Deus verdadeiro, e a salvação só é possível por meio Dele. A Igreja Católica foi fundada por Ele para continuar Sua missão de salvar almas e, assim, permanecerá visível no mundo até o fim dos tempos. Ela será sempre conhecida por suas quatro marcas, não importa o quanto seus membros indignos tentem escondê-las.

É possível que agora estejamos testemunhando o mais próximo que a Igreja chegará a um eclipse total, que é o momento mais sombrio antes de um novo amanhecer. A mais recente iniciativa passará para a história em breve e a Igreja Conciliar continuará morrendo lentamente. A Igreja Católica sempre terá muito que sofrer – isso é certo – mas pelo heroísmo de seus santos, suas quatro marcas sempre brilharão como as chagas nas mãos e nos pés de Cristo. Assim ela compensa o que falta no sofrimento de Cristo. E não se pode deixar de sugerir que a efusão da graça será a sua quinta marca, como a ferida de lança no Sagrado Coração.

Pe. Robert Brucciani, FSSPX, Superior do Distrito da Grã-Bretanha, julho de 2023