Foi em três de Novembro de 1888.
Um sacerdote de Londres, depois de um dia de muito trabalho, entrava em casa com a intenção de dizer suas orações e ir logo deitar-se. Apenas chegara a seu quarto, porém, batem à porta. Acompanhado de um estudante, o Padre foi ver quem era.
Uma senhora, vestida de preto, vinha pedir-lhe o favor de ir à rua tal, número tal, porque lá havia um jovem que precisava urgentemente de assistência religiosa. O vigário, muito boa pessoa, falou-lhe:
– Pode ir sossegada, minha senhora; dentro de vinte minutos estarei lá.
Escreveu o endereço e saiu em companhia do seminarista. Era noite escura e triste. Chegados ao endereço indicado bateram. Uma velha criada veio abrir-lhe.
– Mora aqui um jovem gravemente enfermo?
– Não, senhor; aqui todos estão bons, graças a Deus. O senhor certamente se enganou no número da casa.
– Não; pois a senhora que foi procurar-me deu-me este endereço.
– Repito-lhe que nesta casa não há ninguém doente. Mora aqui um moço, mas, que eu saiba, não quer morrer tão já.
O Pároco já estava para regressar a casa, quando apareceu o moço que ouvia toda aquela conversa.
– Como vê, senhor Padre, estou bem de saúde. Mas entre, e descanse um pouco. Enquanto ia entrando, o Sacerdote perguntou se o jovem era Católico.
– Sim, respondeu ele, ou, melhor, devia eu sê-lo. Mas nada faço daquilo que os Católicos fazem. Fui batizado, e depois deixei correr tudo.
Mantiveram os dois conversa amigável. O rapaz, de fato, abandonara toda prática da religião. A única coisa, que ainda fazia, era rezar uma Ave-Maria, todas as noites, para cumprir uma promessa que fizera à mãe antes de ela falecer.
O Padre soube falar-lhe tão bem ao coração que o moço chegou ao ponto de dizer-lhe:
– Padre, uma vez que o senhor veio até aqui, não quero que perca o seu tempo. Eu bem poderia confessar-me. E, com efeito, fez excelente confissão.
– Amanhã, disse o sacerdote ao despedir-se, o senhor pode ir à igreja para receber a Santa Comunhão.
Na manhã seguinte o Padre Vigário esperava o rapaz, quando chegou, toda aflita, a velha criada que o recebera na noite anterior. Entre lágrimas e soluços, exclamou:
– Oh! Padre, que desgraça! O rapaz, que o Senhor confessou ontem, morreu esta noite de um ataque.
– Morreu?! Bradou o Pároco impressionadíssimo.
Chamou o estudante e juntos se dirigiram à casa do falecido. No caminho, o Vigário ia dizendo:
– Feliz dele! Confessou-se tão bem! Como Deus é bom! Entraram no quarto e fitaram comovidos aquele rosto que horas antes irradiava saúde. De repente, o olhar do Padre cai sobre um quadro emoldurado na parede. Levou como que um susto.
– Conheceu você esta senhora? Perguntou ao seminarista.
– Sim, senhor; é a mesma senhora que foi chamá-lo ontem à noite.
Perguntou a um dos presentes quem era aquela senhora.
– É a mãe do rapaz, disseram em coro.
– Vive ainda?
– Não, senhor; morreu há três anos.
– O senhor afirma que morreu!! Mas se ele, ela mesma, reconheço-a, foi chamar-me ontem para que eu viesse aqui! Comovidíssimos, todos os assistentes choraram.
Pela Ave-Maria, que ele rezava diariamente, a mãe celestial enviou a mãe terrestre (Já no Céu) chamar o Padre para converter o filho e salva-lo.
Como Maria Santíssima é boa! – Frei Cancio Berri C. F. M.