Caríssimos fiéis,
Após um intervalo de dois anos, este mês poderemos retomar a Peregrinação anual a Aparecida.
Ao contrário da afirmação de uma certa feminista para quem o papel da mulher foi “desprezado, ignorado ou minimizado em todas as religiões”¹ , a Virgem Maria ocupa um lugar acima de todos os homens na terra e durante séculos Ela tem sido a mulher mais popular do planeta. O mês de maio é dedicado a Ela. Vamos nos perguntar o porquê.
Antes de mais nada, deve-se ressaltar que a dedicação de um mês a uma devoção particular é uma forma relativamente recente de piedade popular, que geralmente não era usada até o século XVIII. Assim, dez grandes festas do calendário litúrgico deram uma tonalidade particular a todos os dias do mês em questão, exceto fevereiro e abril: janeiro é o mês do Santo Nome de Jesus desde 1902; março, o mês de São José, desde 1855; junho, o mês do Sagrado Coração desde 1873; julho, o mês do Preciosíssimo Sangue desde 1850; agosto, o mês do Imaculado Coração de Maria; setembro, o mês de Nossa Senhora das Dores desde 1857; outubro, o mês do Rosário desde 1868; novembro, o mês das Almas no Purgatório desde 1888; dezembro, o mês da Imaculada Conceição.
Maio, o mês de Maria, é o mais antigo e mais conhecido dos meses consagrados. Ele surgiu no século XVII como uma reação contra o Jansenismo. Nasceu em Roma, donde se estendeu aos Estados Pontifícios, depois ao resto da Itália e finalmente a todo o catolicismo.
A escolha do mês de maio não foi motivada pelas duas festas marianas que inclui, uma vez que foram instituídas mais tarde. A festa de Nossa Senhora Auxiliadora, em 24 de maio, foi estabelecida pelo Papa Pio VII (1800-1823) em reconhecimento de seu retorno a Roma após seu cativeiro em Fontainebleau. A festa da BemAventurada Virgem Maria Medianeira de Todas as Graças, em 31 de maio, foi concedida por Bento XV (1914- 1922) para pedir a Jesus, nosso Mediador com o Pai, que todos aqueles que imploraram seus benefícios se alegrem em tê-los obtido por meio de Maria, nossa Mãe e Medianeira com seu Filho divino. Além disso, estas festas marianas não são as mais importantes. A origem do mês de Maria pode, portanto, ser encontrada em outro lugar.
No século XIII, o Rei de Castela, Alfonso X o Sábio (1239-1284), já havia associado a beleza de Maria com o mês de maio em uma de suas canções. De fato, na Europa, maio pode ser considerado o mês mais bonito do ano. Neste momento, a terra está coberta de flores que são naturalmente usadas para decorar altares e imagens, especialmente as da Mãe de Deus. No século XIV, o bem-aventurado dominicano Henrique Suso costumava tecer coroas durante a época das flores para oferecê-las à Virgem no primeiro dia de maio. São Felipe Neri (1515- 1595) já havia exortado os jovens a mostrarem um culto especial a Maria durante o mês de maio, quando ele reunia as crianças ao redor do altar da Santíssima Virgem para Lhe oferecer, junto com as flores da primavera, as virtudes que ele havia trazido em suas almas jovens. Os jesuítas, que parecem ter sido os iniciadores do “mês de Maria”, recomendavam que na véspera do primeiro de maio, um altar a Maria, enfeitado com flores e luzes, fosse colocado em cada casa, ante o qual, todos os dias do mês, a família se reunisse para recitar algumas orações em honra da Santíssima Virgem; depois cada um sorteava um bilhete que continha uma virtude, que deveria praticar no dia seguinte. Parece, portanto, que a beleza das flores de maio foi preparada neste mês para ser oferecida à Rainha do Céu. Além de seu esplendor, que as torna uma oferta incomparável, as flores simbolizam virtudes. Muitas vezes uma comparação com as flores tem sido usada para cantar os louvores de Maria; como no cântico seguinte:
“A flor anunciada nasceu-nos de Jessé! / Nenhuma celebrada já foi como esta é! / Brotou num só botão/ Que trouxe ao mundo inteiro / A paz e a salvação. Flor és tu, Maria / Mãe santa de Jesus. / A Luz que ao céu nos guia, A sempiterna Luz! / A paternal mansão / Deleita-se aos encantos / Da Rosa e do Botão.”
Padre Jean-François Mouroux, Prior
(1) Cf carta de 13 de abril de 2015 da “Chefe do Serviço Cultural e de Espetáculos” da cidade de Onex onde está localizado o Priorado da FSSPX na região de Genebra, na Suíça; onde o autor destas linhas exerceu seu apostolado durante 7 anos antes de chegar ao Brasil.
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