COMPREENSÃO MÚTUA ENTRE OS ESPOSOS

Não basta amarem-se para compreenderem-se! 

No matrimonio, como em qualquer outro relacionamento, é necessário conhecer-se e conhecer também o outro para compreenderem-se e viverem melhor.

Fonte: La Porte Latine – Tradução: Dominus Est

O amor dos esposos implica na compreensão mútua. Mas não basta amarem-se para compreenderem-se! Se temos tanta dificuldade para entender-nos, como podemos esperar que os esposos possam se compreender se não exercitam a observação por muito tempo?

É evidente que o ato de observar os outros pode ser feita por razões completamente opostas. Assim, pode-se observar egoisticamente a fim de transformar o conhecimento adquirido em benefício próprio. É o caso dos homens que se dedicam a conhecer a mulher para seduzi-la, ou das mulheres que procuram descobrir as fraquezas dos homens para submetê-los aos seus caprichos. A intenção é, então, maliciosa, e tem como objetivo um conhecimento interessado. Mas pode-se também buscar um conhecimento desinteressado a fim de ajudar e apoiar. É o caso do educador que se empenha em conhecer melhor a criança para melhor cuidar dela, e dos cônjuges que buscam conhecerem-se melhor para melhor compreenderem-se e melhor ainda viverem.

É esse conhecimento desinteressado que é tão necessário à vida conjugal para fazer o bem um ao outro. E como amar é querer e fazer o bem do outro, a caridade desempenhará um papel essencial nesta observação e nesta compreensão mútua. Sem caridade, não pode haver uma compreensão mútua íntima: permaneceremos na superfície dos corações! E por que isso? Porque é a caridade que nos separa de nós mesmos, nos coloca em condição de entendimento e nos ajuda a penetrar nas verdadeiras necessidades do cônjuge, a adivinhá-las e até a antecipá-las: é melhor prevenir do que remediar! É a caridade que também nos ajuda a encontrar os remédios adequados para as suas dificuldades, dores e sofrimentos. Ela faz com que se ajudem cada vez mais!

Eis porque aqueles que se conhecem e lutam contra seus defeitos para se tornarem melhores, e aqueles que procuram conhecer os outros a fim de fazer-lhes o bem, estarão particularmente preparados para um bom entendimento conjugal. Estarão mais aptos a compreender e ajudar porque sabem como esquecer a si mesmos, ou seja, assim que necessário, sabem renunciar ao seu egoísmo e ir ao encontro do outro a fim de se atrair por ele.

Na vida conjugal, há momentos difíceis em que é muito importante estar atento ao outro. Por exemplo, quando um dos esposos sofre sem que o outro perceba. Esta ignorância, culpável ou não, pode levá-lo a considerar-se vítima da indiferença do cônjuge e causar-lhe amargura que pode chegar à hostilidade: “Decididamente, ele nunca vê nada, ele  me deixa sozinho na minha dor, ele vai pagar por isso!”; “Ela definitivamente não está interessada em mim, ela só pensa nos filhos e na casa… mas eu conto também! Só aqueles que estão acostumados a buscar remédio para o sofrimento alheio poderão descobrir o mal e aliviá-lo. Trata-se aqui de uma caridade atenta que nos faz discernir o sofrimento do outro e levá-lo em conta retificando sua atitude. Além disso, o que os cônjuges ganham culpando e alimentando obstinadamente um ressentimento um do outro? Nada!

Outro exemplo: os momentos após uma discussão. Estas são ocasiões perigosas ao lar porque levam cada um dos cônjuges a fecharem-se em si mesmos e emburrarem-se, ignorarem o outro e desistirem de compreender-se, ao invés de buscarem a reconciliação encontrando luz e apaziguamento com seu cônjuge. Que habituem-se a vencer a si mesmos e então dominarão esta tentação. Assim, procurarão compreender melhor o outro não permitindo que a paixão do egoísmo prevaleça sobre a razão e o amor! Será ainda de uma caridade solícita, que ama o cônjuge sem usá-lo, que sabe compreender as suas queixas e levá-las em conta retificando a nossa atitude. O que os cônjuges ganham enfrentando-se por dias e dias? Nada!

Que os esposos trabalhem de forma harmoniosa para uma melhor compreensão mútua, capaz de dissipar mal-entendidos, de remediar os sofrimentos e as indiferenças, e de trabalhar pela reconciliação através de uma disposição de boa vontade e caridade solícita.

, FSSPX